Representar a selecção nacional

white corner field line on artificial green grass of soccer field

Foto de ©Filipa Gonçalves
Saiba você que há quem represente a selecção portuguesa de forma despreocupada. Que o faça pelo simples prazer e paixão desmedida por trazer ao peito as quinas de Portugal, em qualquer relvado deste ou de outro país. E que ostente no sorriso um orgulho enorme por o fazer.
Há não muitos anos, muitos ficámos impressionados pela paixão imposta no momento do hino com que a selecção de rugby nos brindou. É sempre assim. Quando há menos dinheiro envolvido, parece que a paixão é maior e a alegria por servir o país mais contagiante.
Um pouco de notoriedade para quem se esforça diariamente, para quem treina a horas quase impróprias, para quem luta e faz por merecer tudo o que de bom tem direito não me parece excessivo. Mesmo que não seja a notoriedade que os atletas amadores procurem. Mesmo que tudo o que façam, o façam pelo prazer. Mesmo que no dia seguinte a ser-lhes negada a possibilidade de representar a sua selecção, o prazer e empenho com que se apresentem no relvado para treinar ou jogar seja igual ao de sempre.
Hoje, uma internacional portuguesa foi impedida, por motivos profissionais (recorde que o futebol feminino em Portugal é amador) de representar a nossa selecção. 
Não sei se há algo que se possa fazer. Ou que se deva fazer. Muito provavelmente o mais acertado é ignorar. A vida profissional está e tem de estar cada vez mais no topo das prioridades. É, porém, verdadeiramente lamentável que não haja um qualquer mecanismo, uma qualquer hipótese de reverter a situação.
Também pela selecção, que seguramente sentirá a sua ausência. Mas sobretudo pela atleta que se vê impedida de mais uma vez cumprir um sonho. Ser feliz, desfrutar e permitir-nos desfrutar do seu futebol.
Nos últimos dias a atenção dos media parece ter disparado sobre o futebol feminino. O episódio de hoje permitiu apenas recordar que o caminho continua a ser longo e tortuoso. Mas, será percorrido.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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