Foto de ©Filipa Gonçalves |
Saiba você que há quem represente a selecção portuguesa de forma despreocupada. Que o faça pelo simples prazer e paixão desmedida por trazer ao peito as quinas de Portugal, em qualquer relvado deste ou de outro país. E que ostente no sorriso um orgulho enorme por o fazer.
Há não muitos anos, muitos ficámos impressionados pela paixão imposta no momento do hino com que a selecção de rugby nos brindou. É sempre assim. Quando há menos dinheiro envolvido, parece que a paixão é maior e a alegria por servir o país mais contagiante.
Um pouco de notoriedade para quem se esforça diariamente, para quem treina a horas quase impróprias, para quem luta e faz por merecer tudo o que de bom tem direito não me parece excessivo. Mesmo que não seja a notoriedade que os atletas amadores procurem. Mesmo que tudo o que façam, o façam pelo prazer. Mesmo que no dia seguinte a ser-lhes negada a possibilidade de representar a sua selecção, o prazer e empenho com que se apresentem no relvado para treinar ou jogar seja igual ao de sempre.
Hoje, uma internacional portuguesa foi impedida, por motivos profissionais (recorde que o futebol feminino em Portugal é amador) de representar a nossa selecção.
Não sei se há algo que se possa fazer. Ou que se deva fazer. Muito provavelmente o mais acertado é ignorar. A vida profissional está e tem de estar cada vez mais no topo das prioridades. É, porém, verdadeiramente lamentável que não haja um qualquer mecanismo, uma qualquer hipótese de reverter a situação.
Também pela selecção, que seguramente sentirá a sua ausência. Mas sobretudo pela atleta que se vê impedida de mais uma vez cumprir um sonho. Ser feliz, desfrutar e permitir-nos desfrutar do seu futebol.
Nos últimos dias a atenção dos media parece ter disparado sobre o futebol feminino. O episódio de hoje permitiu apenas recordar que o caminho continua a ser longo e tortuoso. Mas, será percorrido.
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