E na semi final, aquela que é provavelmente a melhor selecção da história do jogo.
É menos poderosa, porém, que o que havia demonstrado nos últimos quatro anos a selecção espanhola. E uma das grandes diferenças para a selecção que se sagraria campeã mundial é precisamente a ausência de Villa.
Com Fabregas o ataque espanhol tem perdido profundidade. Ganha na qualidade da posse, na qualidade dos apoios, mas desmarcações de ruptura do dez são habitualmente frontais e passiveis de melhor serem controladas pelas defensivas adversárias, pelo recuar momentâneo da linha defensiva. Villa era diferente. Tinha mil e um movimentos, e as suas entradas sem bola de fora para dentro retiravam-o do controlo ocular dos adversários. Tinha a capacidade para explorar a profundidade de forma bem menos inesperada.
Llorente poderia dar uma qualidade extra naquela zona. É muito forte nos vários momentos e situações. Entre linhas ou a explorar as costas. Todavia, não tem sido opção. Torres parece desligado da equipa. É quem perde mais bolas por não entender a linguagem corporal dos colegas. Dá no espaço quando pedem no pé, mas será sempre, pela sua movimentação um jogador bem perigoso de controlar, se fizer parte das opções de Espanha.
Não são muitas as jogadas perigosas que a Espanha vai criando, todavia a sua posse serena vai conferindo sempre uma sensação de superioridade, de quem confia que o erro adversário chegará. E quando tal sucede, costuma ser fatal.
É seguro que, e infelizmente, Portugal não conseguirá sair pelo chão em organização. Não só Espanha não o permite, como os portugueses não têm arriscado mesmo perante adversários de menor valia e menos dispostos a condicionar logo a primeira fase de construção do ataque luso. Se tal se confirmar, seria importante condicionar o local de queda da primeira bola e determinar quem se aproximará e de que forma se pode sair a jogar, depois de ganha a primeira bola. Previsivelmente a procura de Ronaldo no corredor lateral (no meio, Almeida lutaria com Piqué). Se assim for, mais que ter Hugo Almeida a movimentar-se para as costas de Cristiano, há que estabelecer uma rede de apoios para quem em dois, três passes por trás a bola chegue rápido a Nani. Na profundidade se Alba estiver demasiado aberto quando a bola entrar no corredor central, ou no pé se o espaço tiver fechado.
Ronaldo estará, previsivelmente, com muita oposição por perto. Contenção, cobertura e ainda o apoio de um dos médios, a retirar-lhe a opção de conduzir para o meio. Cristiano tem de saber jogar com isso. Temporizar, atrair o máximo de adversários possíveis e sair a jogar por outros espaços. Como é forte de igual forma com os dois pés, não seria descabido tê-lo no corredor direito para rodando o jogo fazer a bola chegar a Nani no esquerdo com o apoio de Coentrão, que é incrivelmente mais forte que João Pereira no processo ofensivo.
Defensivamente é importante reconhecer as referências que a Espanha usa para “penetrar”. O portador sem oposição, ou o jogador que vai receber no pé, entre sectores no corredor central. Daí surge geralmente a procura da profundidade pelas entradas de Iniesta, Silva, Jordi, ou Fabregas quando não é ele o jogador chamado para tabelar. Mais um enorme jogo de Pepe no reconhecer do potencial perigoso de cada situação de jogo é o que se pede para que a aventura prossiga.
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