
Haverá algumas probabilidades, se o jogo se tornar fácil, até boas probabilidades, de um bom cruzamento de Sulejmani terminar com golo de cabeça de Cardozo ao segundo poste. Ao segundo porque o paraguaio não tendo agressividade na zona de finalização, acaba invariavelmente por, porque é bastante inteligente se esconder nas costas do último defesa, esperando que a bola caia aí para finalizar.
Sulejmani tem bons traços individuais. Conduz bem, cruza bem e até finaliza bem. E tal permite com que o sérvio a qualquer instante possa aparecer na ficha de jogo, ou em alguns momentos com maior notoriedade. Cardozo é Cardozo. Se alguma bola parar redondinha no seu pé esquerdo é seguro que 2/3 do caminho estará feito rumo à glória.
Porém, independentemente do que possa acontecer, partir para uma eliminatória europeia já bem avançada (quartos de final) com algumas das potenciais escolhas avançadas pela comunicação social é um erro.
Cardozo é pós lesão um jogador a menos em campo. Defensivamente não tem capacidade para fazer parte da pressão (é esperar que o AZ tenha centrais com a mesma morfologia do paraguaio, para que não se note tanto a ausência deste no jogo), e ofensivamente, os últimos jogos mostraram um Cardozo incapaz fisicamente para se mover desmarcando em apoio, como fazia antes. Curiosamente, a inteligência e o jogo entre linhas adversárias era um traço bem mais louvável que o número de golos que sempre somou. Muitos, mas duas bolas de prata em sete anos, não é assim uma performance tão assombrosa, quando Jackson caminha para um dois em dois, por exemplo. O treinador do Benfica saberá a evolução que o seu jogador tem tido durante a semana. Se for o mesmo jogador que entrou nas últimas partidas a meio da semana, não será boa ideia jogar com 10 defensivamente e ofensivamente.
Sulejmani é uma espécie de Capel um pouquinho mais refinado. Mais refinado porque vê um pouco mais o jogo que o Espanhol que só vê linha de fundo, e porque aparece com bastante mais qualidade a finalizar. Contudo, no essencial é um jogador em tudo o igual a Capel. Dinâmico, mexe com o jogo, útil em determinadas ocasiões, mas com demasiadas más decisões. Procura em condução espaços que se impõem, todavia acaba por perder melhores timings e melhor definição dos lances em que se vê envolvido. Percebe-se que não joga o que jogo dá, mas antes tem decisões previamente tomadas, em função provavelmente de experiências passadas bem sucedidas, não analisando o contexto de cada lance em particular.
Com Salvio e Sulejmani em simultâneo o que ganha em condução para a profundidade e capacidade de finalização, perde e muito em criatividade e inteligência no espaço entre linhas o Benfica. Uma espécie de trocar dois extremos móveis, modernos, capazes de desequilibrar em todo o espaço intersectorial adversário, por dois extremos mais tradicionais, mas que ainda assim finalizam.
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