Depois de confirmado o apuramento da equipa de Jorge Jesus para a final choveram comentários depreciativos na caixa dos posts recentes. Falava-se e fala-se do autocarro do treinador do SL Benfica.
Ontem foi um bom dia para observando o SL Benfica perceber o porquê de aqui se defender que o seu treinador é na actualidade incomparavelmente melhor que José Mourinho. A justificação é precisamente a mesma dos textos anteriores. As equipas de Jesus estão preparadas para jogar em todos os momentos do jogo. E é também por tal que individualmente parecem de enormíssima categoria, quando ainda no jogo de ontem vimos novamente os jogadores da Juventus a vencerem todos os duelos individuais. De tal forma que até o brilhante Enzo esteve sempre desconfortável com bola no pé.
Como já se sabia, e foi ontem mais uma vez demonstrado as equipas de Jesus não perdem para as de Mourinho em organização, naquilo que o treinador controla, no momento de organização defensiva. Se estás em vantagem e se o momento do jogo é o de organização defensiva, obviamente que se impõe mais jogadores atrás da linha da bola, do que menos. Essa não foi a crítica que foi feita a Mourinho. A crítica foi a de que quando tem a bola só sabe jogar em transição. Não sabe enfrentar equipas com 11 atrás da linha da bola. Não sabe jogar o momento de organização ofensiva. Momento mais importante para quem quer ser grande sobretudo a nível interno. Não será por acaso que o Chelsea da presente época perdeu 3 pontos com Newcastle, Pallace, Villa, Stoke e Sunderland, não tendo ganho um único jogo ao West Brom e tendo ainda perdido pontos em casa (empate a 0, claro, num total de 7 jogos da Liga sem qualquer golo) com o West Ham.
Portanto, a crítica a Mourinho não é que defende com X, com Y, ou com Z. É com quantos ataca e a forma como ataca com esses poucos. Sempre em inferioridade e esperando rasgos individuais.
Trazemos aqui o lance do golo do Chelsea na eliminatória com o Atletico para se perceber o que se afirma. Tudo em inferioridade. William que ultrapassa dois e Torres que acaba por finalizar porque sozinho enganou 3 que o rodeavam na área (difícil avançados fazerem boa figura quando enfrentam inferioridades numéricas muito grandes. Por mais que depois se critique a qualidade dos avançados).
Ontem em Turim, como sempre nas equipas de Jorge Jesus, sempre que foi possível (quando pressing da Juventus não recuperava alto) estar em organização ofensiva o Benfica teve intenção de chegar ao golo e não apenas de não se expor à perda. Mesmo já depois de reduzido a 10, das pouquíssimas vezes que conseguiu passar a primeira pressão italiana, acabou por colocar mais gente à frente da linha da bola e em redor do portador do que o Chelsea de Mourinho com 11 e em desvantagem nos jogos!
Não há comparação possível sequer entre o que são as equipas de um e outro em organização ofensiva. Se a equipa de Jesus ontem passou pouco tempo em organização ofensiva? Naturalmente que sim. Porque enfrentou um adversário que lhe é superior individualmente e que lhe retirou a bola. Ainda assim, e mesmo com 10, até nas recuperações próximas da sua grande área, houve intenção de sair com a bola para o ataque (decisões que até valeram algumas perdas de Siqueira e Lima que poderiam ter custado). Até com 10 os centrais subiram sempre à área adversária, até em lançamentos laterais.
No final da época seguirá mais um ou dois jogadores de Jesus para o plantel de Mourinho (já aconteceu antes com Di Maria, Coentrão e Matic). Todavia é no reforçar do seu trabalho que o outrora melhor de sempre se deve concentrar. Não será só por levar os melhores jogadores de Jesus que atingirá o nível táctico do seu colega.
As equipas de Jesus até em transição procuram superioridade. Até em transição são mais ofensivas, colocam mais gente, que as de Mourinho em organização.
A diferença táctica entre ambos não está na forma como interpretam os momentos defensivos. Onde são ambos de nível mundial. Está na forma como um tem a equipa excelentemente preparada para todos os momentos e outro apenas para dois momentos específicos.
Recuperando a frase dos textos anteriores:
“…É essa a crítica que faço. Na minha opinião os melhores jogam em todos os momentos e não apenas em alguns. Portanto o meu estilo não é posse ou contra-ataque. Organização ou transição. Portanto, Vitor Pereira e Jorge Jesus são hoje treinadores mais fortes do ponto de vista táctico que o outrora melhor de sempre José Mourinho….”
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