
“- Tem noção também que tudo isto é um pouco contingente até aquele minuto 92. Se calhar o desfecho da história era diferente. Ou seja todo um trabalho bem feito poderia ter ido por água abaixo?”
“Mas o trabalho estava lá. O que é que isso mudaria? Mudaria o titulo, mas o trabalho estava lá” Vitor Pereira.
O brilhante ex treinador do FC Porto numa entrevista apaixonante à TVI24, por outras palavras, a defender o que por aqui sempre se defendeu. A avaliação do trabalho do treinador tem de ser feita pela forma como colectivamente a equipa está preparada para dar as melhores respostas. Porque no futebol nem sempre vence o melhor, e sobretudo porque no futebol não se competem com as mesmas armas. Numa Liga com os dezasseis melhores treinadores do mundo, dois descem. Numa Liga com os dezasseis piores, um sagrar-se-à campeão. Vitor Pereira não seria menos competente se tem terminado a liga em segundo lugar.
Ver a “big picture” é esquecer o resultado, concentrado-se no processo. Sabendo que se o processo indiciar qualidade, o resultado aparecerá se houver recursos (jogadores) para tal. Se não houver, muito menos aparecerá com outrem. Por isso foi aqui afirmado há um ano atrás que saindo Vitor Pereira e ficando Jorge Jesus, o Benfica seria desde logo o grande candidato ao título. Numa altura em que Jesus era tido como incompetente.
Curioso que para a maioria, uma bola rematada um centímetro mais ao lado tornaria um treinador óptimo (Jesus) e outro péssimo (Vitor Pereira). Afinal, quem desferiu o remate? Kelvin ou Jesus ou Vitor Pereira?
Sabia que o treinador que com o Bayern venceu todos os troféus que disputou em 2013, e que anteriormente já havia sido também campeão europeu pelo Real Madrid era o treinador do SL Benfica na longínqua e célebre noite em Vigo?
Avaliar um treinador não é espreitar os resultados porque Guardiola ou Mourinho nunca seriam campeões sem qualidade no plantel / 11 para tal e Carlos Alberto Silva foi bicampeão em Portugal. Avaliar um treinador é perceber se colectivamente a equipa tem comportamentos que a aproximem do sucesso. Porque no fim do dia, são os jogadores que rematam à baliza.
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