Curtas de pré-época II

– Impressionou a organização do Sporting na final da Taça de Honra. Secou completamente o adversário, não lhe consentindo qualquer oportunidade de ser feliz. E se é certo que o Benfica apresentou uma equipa com um decréscimo de qualidade demasiado evidente face ao passado recente, não é menos certo que ainda assim é uma equipa com uma organização e qualidade individual mil furos acima de todos os outros adversários que os leões encontrarão na Liga. FC Porto será a excepção. O optimismo não tem nada a ver com o resultado. Apenas com os processos colectivos apresentados. O resultado foi fruto do trabalho colectivo, dos processos. Ficou a sensação de que será tremendamente difícil magoar o Sporting quando a equipa leonina estiver em vantagem. E porque há organização para tal, e não porque como nas épocas anteriores em quase todos os jogos o guarda redes leonino fazia de salvador;
– Ao contrário do que se vivenciava por esta altura em Lisboa na época transata, não desembarcou na capital um único jogador entusiasmante. Não se sabe se na Luz têm noção de que se não houver qualidade será mais difícil valorizar os três ou quatro com potencial para algo mais. A torneira das transferências fechará, como fechou há já uns anos no outro lado da segunda circular, sem um nível elevado que ajude a equipa a crescer e a potenciar dentro desta os melhores jogadores. Ou seja, se a ideia for manter a actual política, será mais fácil vender daqui por umas épocas Talisca, César,etc, se a equipa tiver outras individualidades que num modelo de jogo entusiasmante quanto é o de Jorge Jesus, elevem o nível de todos. Assim será complicado para todos. E haverá que lidar com a insatisfação dos que ficaram numa equipa que agora não lhes permite sonhar mais (que motivação terá por exemplo Enzo, para ficar numa equipa condenada?);
– Ronny Lopes. Sigam-o no Europeu sub 19;
– FC Porto com contratações entusiasmantes. Mas também com a perda de dois demasiado influentes. Mangala e Fernando. Confirmando-se a saída de Jackson, são três baixas tremendas. O potencial dos reforços é enorme. Não esquecer, porém, que pela idade e vivências passadas não é certo que se possa esperar rendimento no imediato. Em Portugal vão encontrar situações de jogo mais difíceis de resolver no plano ofensivo. Ainda que contra adversários sem um décimo da qualidade dos que enfrentavam na Liga Espanhola. Ainda assim, se Lopetegui mostrar credenciais na formação de um colectivo forte é o claro candidato ao primeiro lugar. Para já, parece uma luta – Individualidades do FC Porto contra Jorge Jesus e Marco Silva;
– Foram apenas dois jogos e o risco de uma precipitação é enorme, mas o que apresentou Marco Silva foi de facto muito interessante. Até domingo ainda não conseguia olhar para o Sporting como um candidato real ao título em Portugal. Hoje o cenário é diferente. Aguarda-se com maior expectativa os próximos jogos. O desenvolvimento do seu jogar e não os resultados que obtém, naturalmente. Finalmente será possível por cá realizarmos aquelas análises com fotos e mostrar que o Sporting é uma equipa de futebol que se move em conjunto e não onze jogadores soltos no campo. O maior perigo é mesmo a pontuação descabida para o nível apresentado que Leonardo Jardim fez. E no final a matemática estará sempre presente na avaliação do trabalho do promissor Marco Silva. Ignorando-se as condições em que tal pontuação surgiu (o tempo de preparação para cada jogo. Jardim guardava os dois últimos dias da semana só para preparar o jogo em função do adversário tendo por base, naturalmente o seu modelo, utilizando os primeiros dias da semana para modelar o seu jogar. O foco e o tempo de preparação de cada jogo foi tão determinante como foi a invulgar eficácia que os leoninos tiverem na maioria dos jogos com Jardim ao leme, apesar de um modelo nada entusiasmante). Marco Silva, porque Jardim foi brilhante na marca que obteve, terá pouquíssimo tempo de jogo para jogo, para treinar.
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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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