
Ninguém percebe a dificuldade que é ensinar um jogador e o colocar dentro do sistema. Ninguém percebe o que é colocar 5, 6, 7, ou 8 jogadores novos ao mesmo tempo no mesmo onze inicial, com uma ideia comum de jogo.
As dificuldades surgem do jogador não conhecer as referências da equipa. São ainda, na sua maioria, jogadores sem qualquer cultura de ocupação de espaços, ao contrário do que se diz. Pelo que o trabalho é ainda mais difícil. As dificuldades maiores surgem de não terem qualquer referência em campo que os passa ajudar, de não terem qualquer jogador modelo para imitar, para os guiar, para os corrigir.
Em tempos, numa equipa que treinava, perdi um jogador que me fazia o trabalho todo de dentro do campo. Não usava a braçadeira mas era o capitão. Eu falava pouco lá para dentro porque ele corrigia tudo, comunicava com todos, percebia como ninguém a ideia de jogo e obrigava os colegas a guiarem-se por ela. Desde logo, nos jogos seguintes senti a sua falta. Gritava muito para dentro de campo, estava mais intranquilo, e tinha maior necessidade de focar e corrigir logo cada situação. Os erros aconteceram mais vezes, muito mais vezes. E isso é ter um modelo por quem os outros se possam guiar dentro de campo. É ter uma referência que os ajude a estabilizar os comportamentos. A passar a ideia que o treinador tem para a equipa.
No Benfica, Jesus falou de Luisão e Enzo. Eu poderia acrescentar Amorim. Mas numa equipa com tantos fogos para apagar não há um Amorim que resista. Siga o link.
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