Clássico – Prévia

Os colectivos

O Porto com um treinador novo, que ainda pouco conhecemos, mas com dinâmicas muito interessantes. Gosto muito da ideia de ter muita bola, de jogar com a linha defensiva bem subida no terreno, da pressão que exerce sobre o adversário. Gosto da tentativa agressiva de recuperar assim que se perde a bola. Gosto, também, do facto de tentar aproveitar a qualidade que tem nos corredores laterais. Gosto da circulação que faz em largura, fora do bloco adversário. Gosto do facto de trabalhar as bolas paradas ofensivas. Não gosto da forma como organiza as linhas de profundidade e largura na saída de bola. Não gosto do facto de não aproveitar a circulação em largura para provocar pelo corredor central. Não gosto da pressa com que tenta chegar ao golo, forçando penetrações, pelo corredor lateral, quando o adversário está organizado. Não gosto da forma como defende as bolas paradas. Não gosto da distância que existe entre os elementos da linha média.

O Benfica, com um treinador por muito conhecido e estudado por nós. Gosto muito da equipa em organização e transição defensiva, no mundo não vejo muitas melhores. Gosto da forma como organiza a saída de bola, e as linhas de passe consequentes nesse momento. Gosto do facto de tentar aproveitar a qualidade dos seus médios ala. Gosto da organização defensiva e ofensiva das bolas paradas. Gosto muito da qualidade e organização que sai em transição ofensiva. Gosto da velocidade, e dinâmica com que ataca quando encontra espaço. Não gosto do sistema de jogo com que joga, por não ter a elasticidade suficiente para impor uma dinâmica de posse. Não gosto da pressa e velocidade com que ataca em quase todos os lances. Não gosto do facto de não saber jogar e gerir as expectativas do adversário, quando em posse.

As individualidades

Jackson – Provavelmente passará muito por aqui o sucesso do Porto neste jogo. Qualidades a todos os níveis. Avançado de um nível bem superior ao campeonato português. Não terá vida fácil porém. Os centrais do Benfica garantem segurança pelo corredor central.
Brahimi – Fantástico em tudo quando a equipa está em posse. Criação de linhas de passe, mobilidade, imprevisibilidade. Tanto segue pelo corredor central, como aproveita o corredor lateral. Tanto procura uma tabela, como vai pra cima e desequilibra no 1×1. Velocidade. Qualidade na execução das bolas paradas. Dificuldades em interpretar a organização defensiva.
Tello – Velocidade, qualidade técnica. Menos amplitude de movimentos que Brahimi (ao nível da mobilidade), mas maior aproveitamento dos espaços nas costas, e maior verticalidade (procura incessante da baliza). Problemas na tomada de decisão, nos lances de maior notoriedade.
Quintero – Verticalidade, na procura do último passe ou do remate. Qualidades físicas e técnicas de top. Imprevisibilidade. Execução fantástica nas bolas paradas. Dificuldades em interpretar a organização defensiva. Entre sectores, com ou sem espaço, criará sempre perigo.
Oliver – O melhor médio do campeonato a par de Enzo. Criatividade. Se aparecer com espaço entre sectores, matará o Benfica em poucos lances.
Casemiro e Herrera – Poderão ter dificuldade em parar Enzo, pela dificuldade de posicionamento. agressividade sobre a bola. Verticalidade de Herrera, na procura de explorar o espaço nas costas da defesa.
Danilo e Alex Sandro – Não terão vida fácil, porque os alas do Benfica são ferozes. Mas têm mais que qualidade para não os deixar jogar. Qualidade com bola, capacidades técnicas e físicas do melhor que há no mundo. Poderá estar muito aqui, o desequilíbrio de forças no Clássico. Tanto na defesa, como no ataque.
Maicon, Indi e Marcano – Dificuldades em interpretar o momento defensivo. Dificuldades em dar seguimento ao momento ofensivo (Maicon o melhor nesse aspecto).
Enzo – Muito do sucesso do SLB passará por uma grande exibição de Enzo, se conseguir com as suas arrancadas explorar o corredor central e desequilibrar em condução.
Jonas – Critério entre sectores, inteligência nas acções. Permitirá ao Benfica ter mais bola, e criar mais e melhor pelo corredor central.
Gaitan – Ainda que não esteja ao seu nível, poderá ser o jogo certo para engatar e fazer “esquecer” tudo o que fez até então. Se estiver no jogo, ainda que com oposição de respeito, será muito difícil de parar. Sobretudo se procurar de forma incessante explorar o corredor central. Qualidade defensiva.
Talisca – Qualidade de execução. Qualidade nas bolas paradas. Passada larga, inteligente na forma como se coloca para aparecer em zonas de finalização. Muito por evoluir na compreensão do jogo, com e sem bola.
Lima – Conhecimento total das ideias de jogo do treinador, para atacar e para defender. E só por aí, deverá ser indiscutível neste jogo. Não atravessa a melhor fase, mas o treinador da-lhe confiança e tranquilidade para continuar a jogar.
Sálvio – Verticalidade. Qualidade nos movimentos de profundidade, qualidade de execução, 1×1, remate. Velocidade, frieza e qualidade nos recursos técnicos para a finalização. Problemas ao nível da tomada de decisão. Agressividade defensiva sobre a bola, e sobre o espaço. Não terá vida fácil contra laterais do nível dos do Porto.
Samaris – Qualidade técnica. Melhorias ao nível da compreensão das tarefas defensivas, mas com um longo caminho a percorrer até se tornar verdadeiramente fiável.
Luisão e Jardel – Segurança defensiva. Jogo aéreo. Dificuldades em dar seguimento ao momento ofensivo (Luisão menos).
Maxi – Qualidade com bola. Procura apoios, e combinações para desequilibrar. Cinquenta anos a trabalhar com Jesus, e não é 100% fiável do ponto de vista defensivo. Comido muitas vezes para dentro, não controla da melhor forma a profundidade.
André Almeida – Qualidades físicas e técnicas banais. Inteligência, contudo. Pouca profundidade ofensiva, que deverá deixar Gaitan menos apoiado quando tiver bola. Competências defensivas fantásticas.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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