
Passar bem é muito mais do que fazer a bola chegar ao colega. Passar bem envolve toda uma decisão. Mais tenso, menos tenso? No espaço ou no pé? Se no espaço um metro mais à frente, dois, três? Se no pé, para qual pé? Passar bem envolve jogar com o adversário. Fazer a bola passar-lhe ali tão perto que lhe crie a dúvida de que o pode interceptar. É quando esta dúvida é criada que a hesitação do defesa entre tentar interceptar a bola ou sair rápido para o espaço onde a bola vai chegar, que o sucesso se aproxima.
No golo de Brahimi qualquer jogador do mundo com a bola nos pés como a tinha Óliver seria capaz de a fazer chegar ao argelino. Mas pouquíssimos seriam capazes de tornar o lance tão fácil para Brahimi (em 1×0). O espaço que a bola percorre, passando tão perto da bota do adversário (defesa direito do Vitória) foi o suficiente para que este ao invés de ajustar o seu posicionamento entre Brahimi e a sua própria baliza, ficasse na dúvida sobre as possibilidades que teria de interceptar o lance. Aquele passo que deu em frente com a dúvida que o espanhol lhe criou foi o suficiente para o lance terminar com sucesso, pois retirou-lhe tempo para se aproximar de Brahimi.
Não era exigente tecnicamente aquele passe. Mas toda a decisão (velocidade a imprimir na bola e espaço que esta deveria correr) só ao alcance dos que vêem muito mais além.
Vinte aninhos de pura classe do maestro da rojita.
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