“Isto é, regra geral, sim, é errado arrancar com a bola para a linha de fundo, porque torna o teu jogo mais previsível e menos passível de ser bem sucedido. De lá só podes seguir para um lado, porque todos os outros a bola sai do campo. Mas, tal não significa que seja sempre errado. Depende da tal situação de jogo. É isso que condiciona a boa decisão.
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Para não dar a ideia de que tudo se resume a ir por fora é mau e por dentro é bom, esquecendo a especificidade do que influência a tomada de decisão (a situação de jogo) trazemos o exemplo de um jogador que opta na maioria das vezes pela melhor opção para a sua equipa, mesmo que isso o “apague” aos olhos dos adeptos.
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Há sempre muita subjectividade, para além do caos, associada ao jogo de futebol. É todavia muito difícil conceber como consegue alguém não perceber aquela que é a maior qualidade do espanhol. Qualidade que se faz notar em pequenos pormenores próprios de quem joga sempre com a cabeça ligada. Quem joga com o adversário (posicionamento, não nome, óbvio) e com os colegas. Portanto faz-se um finca pé com o nome dum adversário, mas desdenha-se alguém que usa até, para além do espaço que o mesmo ocupa, a posição dos pés deste para decidir. É caso para dizer que por mais livros e artigos que se leiam ou definições que se decorem, tal não garante nunca a compreensão do que realmente importa. É que decorar é absolutamente diferente de perceber. Um está ao alcance de todos, o outro não.”
“Se há coisa que o futebol moderno mostrou, nos últimos 5 anos, é que os extremos à moda antiga, extremos que privilegiam o jogo exterior e que têm por missão ganhar a linha de fundo, seja para cruzar para o avançado finalizar, seja para contemporizar e esperar a entrada de um médio, têm os dias contados. O futebol moderno não se compadece de quem passa tanto tempo alheado dos companheiros e tão longe do centro do jogo. Isto porque o futebol moderno se joga principalmente pelo meio, usando as linhas apenas para forçar a que o adversário abra espaços no meio. Nenhum extremo que esteja entre os melhores do mundo actualmente é um extremo à moda antiga. Ou são jogadores capazes de aparecer na área para finalizar, como Ronaldo, ou são jogadores que deambulam pela frente de ataque, para criar desequilíbrios noutras zonas, e são extremos apenas no papel, ou são jogadores que, partindo da posição de extremo, procuram sistematicamente vir para dentro, para combinar com os companheiros, para entrar em zonas centrais e para criar superioridade numérica onde ela é fundamental. Neste sentido, a um extremo pede-se essencialmente que saiba decidir, que saiba identificar correctamente os espaços centrais a invadir, que saiba fornecer aos colegas linhas de passe, quer exteriores, quer interiores. O que mais me impressionou em Nolito foi sempre o não ser um extremo à moda antiga em nenhum aspecto. Com bola, a sua primeira preocupação é procurar um colega no espaço entre linhas; a segunda é vir para dentro e lateralizar; sé em último recurso joga ao longo da linha. Mas é sem bola, a solicitar linhas de passe constantes, que Nolito é fora de série. Neste capítulo, é dos extremos que conheço um dos que mais se preocupa com as soluções de passe dos colegas. Identifica rapidamente aquilo de que o portador da bola vai precisar e encarrega-se rapidamente de se deslocar para o sítio certo. E é esta capacidade de decisão invulgar que faz dele um extremo diferente, um extremo como todos os extremos deveriam ser, no futebol actual.” Entre Dez;
“O Nolito tem uma experiência de treino e de jogo que lhe permite decidir com mais velocidade. Parece que é mais rápido que o Ola porque está formatado para um tipo de jogo onde as opções de passe são mais que muitas, logo, consegue identificar as pistas que o envolvimento lhe dá para decidir. Dizem que ele é previsível porque vem sempre para dentro, mas orienta para dentro para ter mais opções. Se for para a linha só pode cruzar, para dentro pode tudo. Nolito tem uma capacidade de decisão fenomenal” Centro de Jogo;
“Nolito é uma bênção para qualquer treinador que não tenha intenção de viver das acções individuais dos seus jogadores. Percebe o jogo e por isso tem uma capacidade de decisão excelente, característica incomum nos extremos. Podemos vê-lo de cabeça levantada, pensando, decidindo, acelerando, temporizando, com uma capacidade de ler o jogo muito acima da média, consegue perceber as desmarcações dos colegas e isso associado a uma boa qualidade de passe, facilmente os coloca em situações de 1×0. O timing de passe ou de desmarcação são pormenores que escapam a muitos, mas é daquelas coisas que realmente fazem diferença. A isso tudo, ainda consegue juntar uma precisão impressionante na hora de finalizar. Não é difícil de o imaginar a jogar no meio, o que é um indicador da qualidade das decisões que toma. Embora seja competente, a sua capacidade de execução não é de top, de resto, Nolita pensa o jogo como os melhores. Reconhece as suas limitações e por saber exactamente o que pode ou não fazer, exponecia os seus recursos de forma fabulosa” Posse de Bola.
Excertos de 6 de Agosto de 2013, Aqui.
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