
Aquilo que faz a diferença na era do conhecimento partilhado é a capacidade de operacionalizar o treino por forma a conseguir concretizar os objectivos da equipa: formar ou rendimento. Temos dito muitas vezes por aqui, que ler livros, fazer cursos, ver o jogo e o treino, não ensina o essencial, e o mesmo também é dito por José Mourinho. E o essencial é o saber pensar. O saber adaptar-se ao contexto consoante as dificuldades dos jogadores, as dificuldades ao nível de espaço, as dificuldades ao nível do número, as dificuldades ao nível do tempo, as limitações em termos de material, e isso ninguém ensina. Isso faz-se com criatividade, que surge do teorizar e discutir com os jogadores, e com a restante equipa técnica, o que se está a passar em cada exercício, qual era o objectivo, se está a ser cumprido – se sim, se está a correr bem pelas condicionantes ditadas pelo treinador ou por influências externas; se não, o porquê -. Surge com o levar para casa o que se passou no treino, e pensar em soluções novas para resolver os problemas sentidos no dia anterior. E por isso, ainda que o conhecimento esteja aberto à todos, poucos continuarão a ser os verdadeiramente competentes para criar um treino de qualidade.
Quantos exemplos querem de treinadores, no escalão máximo nacional, que passam o treino a conversar com os directores, e a olhar para os jogadores, sem perceber nada do que se está ali a passar, por não serem competentes no treino? E por isso, deixam tudo nas mãos dos adjuntos, em quem eles confiam o destino da equipa para o fim de semana seguinte!
Quando me dizem que treinador X trabalha muito bem porque trabalha sempre com bola, e faz uns exercícios giros, desconfio logo. Porque para trabalhar bem é preciso exercícios giros, com bola, dentro de uma determinada lógica de desenvolvimento, com o objectivo de fazer o jogador evoluir nos seus comportamentos individuais e colectivos para o jogo.
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