Todos queremos a bola. Mas só uma equipa a pode ter.

Desde o início do blog que se tenta passar uma visão diferente do tradicional jogo de futebol, tão comum na década de noventa. Tão comum em tantas equipas ainda na presente data!
Sobretudo o ênfase nos processos colectivos. Na forma como as equipas se movem em conjunto. Como o movimento ou opção de X determina o de Y, o de Z, etc. O ênfase na tomada de decisão do portador da bola. O procurar as superioridades. Decidir de acordo com a situação de jogo que mais aproxima a equipa do sucesso, independentemente da “fama”.
Independentemente das armas (individuais) o foco sempre no processo ofensivo. Se a tomada de decisão é de excelência (como deve de ser sempre!), a posse acentua-se. O período que passas com bola é maior. Acentua-se o controlo e o domínio com bons princípios ofensivos. A sorte protege os audazes, diz-se. E querer ser ofensivo independentemente do adversário é uma virtude que é mais vezes recompensada que as que acaba por ser quem escolhe o caminho sem bola. Quem escolhe o caminho de jogar apenas em organização defensiva, e oferecer a bola após a recuperação, para que não se sujeite à transição ofensiva adversária.
Todavia, é um erro clamoroso pensar-se que por se dar maior ênfase, maior foco nos momentos ofensivos, se pode descurar o defensivo. É um erro tremendo crer-se que porque se quer ter sempre a bola, os processos defensivos podem ser rudimentares. Há uma bola para duas equipas! Mesmo que ofensivamente sejam ambas fabulosas, quando se defrontarem, alguma ou ambas, terão menos bola que o habitual!
Os melhores são capazes da excelência em todos os momentos! Mesmo que passem bem mais tempo nos ofensivos que nos defensivos! 
É errado pensar-se que preparar uma equipa de excelência nos processos ofensivos requer todo o tempo do mundo e que como tal, os momentos defensivos não são trabalhados. Afinal, retiraram tempo de treino ao que mais importa. Nada mais falso! Depende sempre da capacidade do treinador em operacionalizar o que idealiza. Mas, que treinador competente não consegue / não integra mais do que um momento do jogo nos seus exercícios? Como se treinando a organização ofensiva, não implicasse treinar organização defensiva ou transições em simultâneo!
Naturalmente que há e haverão sempre os treinadores de uma escola mais tradicional, que optam por exercícios mais padronizados, sem oposição para chegar onde quer. Naturalmente que quem o faz, trabalha cada momento, cada fase, cada situação de forma separada e ai naturalmente que pensará que ser mais ofensivo implica retirar competência / tempo de trabalho no defensivo. Também naturalmente que tais treinadores, tal como os que apenas preparam a sua equipa para um ou dois momentos do jogo, ou preparando para mais, não mostram excelência em tais situações, não são tidos por cá como de topo do futebol mundial. 
Na foto não apenas o treinador que quer e consegue! ter a bola sempre consigo. Mas também o treinador que mais controla todos os momentos. A melhor transição defensiva do mundo. Porque a seguir à posse, haverá golo ou perda. Na foto quem revolucionou todo o jogo. Deus Guardiola.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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