Múltipla da semana.

EIBAR – REAL MADRID

O Eibar é uma das boas surpresas da Liga Espanhola. Ideias de grande para a sua verdadeira dimensão tornam-a uma equipa atractiva. Tenta sempre jogar e pressiona alto. O seu 4231, acaba defensivamente por demonstrar algumas lacunas na distância a que o duplo pivot joga da linha defensiva.
A diminuta qualidade individual para o nível a que se apresenta, aliado a uma vontade de sair sempre com bola jogável poderá proporcionar algumas perdas potencialmente muito perigosas, sobretudo se pensarmos que o Real Madrid é uma das melhores equipas do futebol mundial a sair em transição, enfrentando menos oposição atrás da linha da bola.


Real Madrid a procurar reabilitar-se da catástrofe que foi a recepção ao Barcelona. Jogo propicio para as recuperações e saídas rápidas em contra ataque de Bale e Ronaldo, com Benzema sempre a decidir bem, procurando o sucesso colectivo em vez das tradicionais desmarcações apenas para a ruptura para se mostrar individualmente.
Se em organização Modric e Isco farão a diferença pela forma como constroem e criam, será na velocidade das transições e capacidade de finalização de Ronaldo que o Real promete partir para uma partida tranquila.
LEICESTER  – MANCHESTER UNITED
Verdadeiramente surpreendente a classificação e pontuação do Leicester. Lidera a Premier League numa altura em que seria expectável que já tivesse caído. E surpreendente porque é uma equipa que não apresenta argumentos colectivos e individuais que justifiquem tamanha pontuação.
Um jogo muito britânico, com constantes lançamentos na vertical a explorar o excelente na fase de finalização Vardy. O ponta de lança agora internacional inglês vive autentico conto de fadas. Um golo por jogo a revelarem toda a mestria e confiança com que está a aparecer nas zonas de finalização. Okasaki é quem costuma acompanhar Vardy, como segundo avançado, pedindo mais no pé, mas surgindo também muito nas solicitações mais longas.
Meio campo defende próximo da última linha, enquanto aguardam por uma recuperação para sair rápido em contra-ataque. Leicester que não se preocupa nunca com posse, antes com recuperar e esticar rápido.
Tantas soluções apresenta o United. Depois do desapontante empate caseiro na Liga dos Campeões há que voltar rapidamente a vencer. Se as características físicas dos seus elementos da rectaguarda (Phil Jones, sobretudo) lhe garantem boas possibilidades de êxito no confronto mais directo com os atacantes do Leicester (muita bola será solicitada de forma directa, provocando choques e segundas bolas), é ofensivamente que o United terá que mostrar toda a sua competência para desmontar os oito sempre próximos defensores e médios adversários.
Mata, Herrera e Rooney a moverem-se em toda a largura nas costas dos médios adversários serão preponderantes na forma como Martial ou Deepay, o ponta de lança será servido. Van Gaal vai modelando processos ofensivos com qualidade para desmontar os tradicionais modelos mais rígidos da Premier League. 
DORTMUND – ESTUGARDA
Quase cem por cento vitorioso, e com uma média superior a três golos por jogo no seu reduto, o Dortmund regressa a casa para defrontar uma das piores classificadas equipa da Bundesliga.
A equipa de Tuchel apresenta hoje uma das mais encantadoras dinâmicas ofensivas de toda a Europa. Muita procura pelo corredor central, muita criatividade, muitas linhas de passe. Um verdadeiro carrossel que remete os adversários para um jogo unicamente defensivo, pela forma como monopolizam a bola. Sempre de uma forma atractiva, dinâmica e objectiva.
Há muita qualidade de processos ofensivos, acrescenta uma transição defensiva muito agressiva e organizada pelo bom posicionamento em organização ofensiva. Muito complicado nos dias de hoje jogar no Westfalenstadion.


Ideias muito bem definidas o Estugarda. De facto, na Bundesliga impossível é encontrar equipas indefinidas.

O 442 losango de Zorniger, transforma-se em 433 em organização defensiva, com a subida do número dez para entre centrais adversários, e o abrir para defender os corredores laterais dos avançados centro. Este posicionamento em organização defensiva, tão díspar daquela que é a organização ofensiva, acarreta sempre imensas dificuldades no momento da transição, acabando demasiadas vezes por se demorar mais do que o devido no restabelecimento de posicionamentos e equilíbrios defensivos. Defender toda a largura do sector intermédio com apenas três jogadores perante o inacreditável carrossel ofensivo de Tuchel parece claramente insuficiente para que se possa impedir a criatividade adversária de descobrir os melhores caminhos para o golo.

NAPOLI – INTER
Napoli de Sarri, uma das equipas mais badaladas da Europa na presente época. Pela muita competência defensiva e pela proposta de jogo ofensiva.
Defensivamente percebem-se todos os comportamentos posicionais no seu 433. As coberturas dos médios centro, os defesas que se relacionam entre si na última linha, cumprindo alinhamentos e reajustes. A proximidade entre sectores e intra sectores.
Ofensivamente, o 433 procura explorar a profundidade conferida por Calléjon à direita e Insigne à esquerda. Higuaín é também um ponta de lança de rupturas. Hamsik, partindo de interior esquerdo, tem maior chegada à área que Allan, o interior direito, e liga na profundidade com os três da frente. Transição ofensiva muito bem definida e rápida a explorar muitíssimo bem as características dos três da frente. O San Paolo será um verdadeiro inferno no jogo em que os três pontos ditarão liderança para o Napoli.


Vale sobretudo pela forma como defende a equipa de Mancini. Ainda que por envolver muita gente no processo e não tanto pelos comportamentos quanto a equipa napolitana.
Ofensivamente a pouca mobilidade e jogo demasiado previsível dos milaneses serão uma dificuldade grande perante um adversário com comportamentos defensivos tão bem estruturados.
É um duelo de 433, o jogo que opõe líder a vice líder da Série A.

Dilema grande para Mancini. Jogar baixo retirará opções para a transição. Procurar assumir um pouco mais em organização, poderá expor a equipa à excelente transição napolitana. Em organização não parece apresentar argumentos para destronar o vice líder. 

MANCHESTER CITY – SOUTHAMPTON
Um dos melhores ataques da Premier League, o Manchester City de Pellegrini. Há modelo de jogo e há individualidades de uma qualidade tremenda.
Muita variabilidade de soluções, muita criatividade, qualidade técnica e de decisão. Em apoio ou em ruptura, é extremamente complicado prever onde Aguero aparece. Depois há Sterling sempre pronto para desequilibrar, De Buyrne sempre de cabeça levantada a tomar as melhores decisões, ultrapassando linhas com o seu passe, e Touré, tão decisivo com bola quanto é sem ela nos momentos das transições. Partindo de um 442 nos momentos defensivos, para um desdobramento incrível pelo número de jogadores que envolve ofensivamente, tem também no central Otamendi um elemento desequilibrador em posse, pela facilidade com que consegue colocar a bola jogável no corredor central.
Southampton apresentar-se-à no Etihad Stadium como uma das equipas agradáveis da Premier League. Koeman lidera uma equipa que gosta de jogar. Apresenta-se em várias linhas com e sem bola, jogando com coberturas que lhe permitem dar seguimento ofensivamente aos ataques. Primazia por uma construção apoiada e entradas nas zonas de criação com bola também no pé. Há qualidade individual. Oriol no duplo pivot do meio campo liga com Tadic ou Mané em espaços mais avançados, e Pellè é muito forte no ataque às zonas de finalização. Mais exposta na transição defensiva. Com menos gente atrás da linha da bola, revela dificuldades no adaptar a novas situações defensivas. Dificuldades individuais nos duelos 1×1 poderão ser determinantes perante tamanha qualidade que se apresenterá do outro lado.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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