Vamos com 13 jogos na Liga e os adeptos que olham para os 31 golos marcados do Benfica não percebem como é que o melhor ataque do campeonato tem dificuldades em marcar golos. Ou melhor, os adeptos não percebem como é que uma equipa que marca tantos golos tem dificuldade em criar situações de finalização limpas. Quando não se consegue perceber o que se passa em campo, procura-se por números. Como se os números, lidos como aparecem na tabela classificativa, dissessem alguma coisa sobre o jogo. É a mesma coisa quando se olha para o resultado, sem se ter visto o jogo, e se diz que a equipa não jogou nada. Quando não se percebe o fenómeno, e o que o envolve, procura-se pelo mais simples. Quem olha para o número de golos que o Benfica marca pensa que é uma equipa talhada para fazer golos. Mesmo quando ganha, com muitos golos, só o faz quando o adversário abre o jogo na procura também eles do resultado. Não é que seja fácil furar blocos baixos com muitas pernas atrás da linha da bola. Mas a forma como consistentemente se procura penetrar esses blocos é o que tem causado tanta dificuldade. As individualidades sobre o qual recaem as responsabilidades de criar, e que no início da época se mostravam com muito fulgor, apagam-se a cada jogo que passa. Normal. Um modelo que jogue na espera que um e outro resolva terá sempre mais dificuldade que um outro onde se procura que esta e aquela dinâmica entrem. No final executam os mesmos. Mas por princípio procura-se pelas referências colectivas primeiro, onde todos podem participar, para que quando um não apareça individualmente outro tenha a possibilidade de o fazer num movimento que todos conhecem.
Vão 4 jogos em que o Benfica não faz golos, em 13. Ainda que marque mais que com os mesmos jogos do ano passado, marca em menos jogos. Ou seja, tem dificuldades claras em marcar quando o adversário ainda está no jogo. Comparando os números, os números que o adepto tanto gosta, ainda não terminou a primeira volta e o Benfica já ultrapassou o número de jogos sem marcar do campeonato todo anterior. E isso é perceptível em cada jogo que o Benfica joga, em cada iniciativa ofensiva que tem, em cada lance que começa e acaba na inspiração individual de Jonas e Gaitan.
Dá trabalho perceber o jogo jogado, o que se passa em campo. E por isso o preguiçoso procura pelo conforto dos números, que dá origem a interpretar como cada um quer. Futebol está longe de ser frames, imagens, e vídeos como aquilo que é feito aqui. Está longe de ser os números lidos como cada um quer. Está longe de ser aquilo que os treinadores, jogadores, e presidentes, dizem. Mas está muito perto de ser cada um destes factores analisados dentro de cada contexto particular. E o público não está educado para pensar de forma multilateral. De forma a que cada resultado não dependa de uma só variável. E por isso, quando se olha para o futebol e começa-se por analisar a “Realidade dos factos” de natureza numérica, por princípio os números no final acabam por nos trair.
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