De Jonas a Rooney, terminando no extra terrestre Messi.

“jugar bien al fútbol es hacer más acciones buenas que malas. Si pierdes 20 balones y marcas el gol de la victoria has hecho un partido lamentable”
Quem segue o blog desde sempre sabe que por cá há uma forma “diferente” do catalogar a boa ou má exibição na performance individual dos jogadores.
Com bola tudo tem a ver com a tomada de decisão e como tecnicamente há correspondência na opção seguida. Pode alguém ter feito um jogo terrível tendo somado golo(s) e assistência(s), e outrém ter realizado um grande jogo mesmo que sem notoriedade alguma? Naturalmente que sim.
Perceber uma grande exibição do ponto de vista ofensivo tem tudo a ver com a percentagem de boas acções que o jogador demonstra na partida. Se não fez golo porque não teve bola na fase de finalização, mesmo aparecendo na movimentação sem esta com assertividade como se pode catalogar negativamente a exibição de um avançado, ou de qualquer outro jogador?
Tantas vezes se ouve que X ou Y está desaparecido. Que não está bem e não acrescenta? Ideias tantas vezes demasiado falsas. Determinado jogador não aparecer em determinada fase, seja a construir, criar ou finalizar tem muito mais a ver com o que a equipa enquanto conjunto colectivo consegue produzir, ou até a ver com o que determinadas individualidades não conseguem produzir, do que relacionado com um mau momento, ou más exibições.
Lembrei-me disso enquanto via o United na partida de hoje. Rooney, desaparecido? Esteve fantástico como sempre o avançado inglês. Todas as suas acções aproximam a equipa da vitória. Mexe bem sem bola, na forma como identifica com clareza os momentos de pedir no espaço ou no pé, e com bola é sempre extraordinário. Prende quando o deve fazer, solta rápido quando assim se impõe. Vê mais que os outros e tecnicamente é quase sempre bem sucedido. Momentaneamente numa equipa que não lhe consegue proporcionar muitas situações para ter notoriedade, mas nada no seu jogo está diferente. Continua no top dos melhores avançados do mundo.
Um pouco como Jonas. O brasileiro com a capacidade de decisão e qualidade técnica que tem, dificilmente terá um mau jogo. Mesmo que assim pareça. Poderá é não ter a equipa próxima. Poderá não ter condições para se mostrar e ter notoriedade. Mas, mesmo ai, mantém o critério e joga simples. Espera pela equipa. Entrega, dá soluções e encontra caminhos.
O expoente máximo destas discussões surgiu no último Mundial. Para grande espanto a FIFA soube premiar como melhor jogador do torneio, aquele que foi o melhor jogador do torneio. Mesmo que a generalidade não o conseguisse atingir.
Por altura do Mundial foi publicado este post. Infelizmente o video já não parece disponível.

“Voltando ao propalado desaparecimento de Messi, é importante esclarecer. Afinal, que ingredientes tem uma boa exibição individual?
Talvez porque e apesar dos belos golos que somou, ainda não driblou três ou quatro concluindo com êxito uma jogada individual muitas são as opiniões de que está desparecido.
Mas, afinal o que é jogar bem?
Observamos a participação de Messi na partida com a Bélgica e percebemos que para ter sido perfeita bastaria mudar três, quatro porcento do que fez. Se o jogo nunca lhe proporcionou situações em que pudesse ser feliz indo para cima de dois ou três, deveria o argentino ter forçado algo cujas probabilidades de êxito eram inexistentes? 
Óbvio que não. Jogar bem é tudo o que Messi tem feito a cada partida do Mundial. A tomada de decisão surge em função do contexto. E com um contexto diferente percebe-se ainda mais a inteligência do argentino. Não forçando o que está condenado ao inêxito, mas que levaria a que todos delirassem (procurar driblar todo o mundo), demonstra que cria e não se recria. A cada toque, a cada posse, sempre bem. Jogadas sempre com seguimento e praticamente sempre a transformar as situações de jogo com que se depara em novas situações com menos oposição e melhor enquadramento. Ou seja, proporciona aos colegas mais possibilidades de êxito.
Isso é jogar bem. Proporcionar situações cujas probabilidades de serem transformadas em golo são bastante maiores do que aquelas que tinha antes.
Observando o video.
Logo aos 30 segundos. Situação de 3×5 bola no meio do meio campo defensivo da Argentina quando Messi lhe toca. Quando solta, 2×2 já na grande área com possibilidades de finalização.
No lance do golo. Apertado pelos dois médios belgas e na próximidade de um terceiro. De 4×7 rapidamente para 3×4 quando Di Maria recebe
Pelo 1.50 do video. Algures um 4×10? para um passe entre linhas a eliminar os quatro adversários que o rodeavam. A recepção não é perfeita, o passe ainda que elevada dificuldade podia ter saído um centímetro mais baixo. De 4×10? para 3×4?
A 2.45. De 3×6 no meio campo defensivo para 1×0 com Di Maria que puxando para o pé esquerdo ficou em 1×1
3.40. Em 3×7, individualmente dribla dois, deixando para trás da linha outros 2, ficando 2×3 e é travado em falta.
5.25. Em 3×9, passe interior a eliminar 5 adversários, 3 estavam ao seu redor. Fica 2×4 no corredor central. O árbitro apita para intervalo quando apenas mais um toque na frente eliminaria a linha de 4 defesas belgas
Em praticamente todas as outras acções mesmo não desequilibrando, sempre bem, a dar seguimento. O seguimento possível e mais adequado em função da ausência de opções.
Uma grande exibição individual é tudo isto. Perceber a situação de jogo, o contexto e torná-la melhor, com mais possibilidades de fazer a sua equipa chegar ao golo. Não é pegar na bola e forçar quinze ultrapassagens a cinco jogadores para quem sabe se as estrelas estiverem alinhadas fazer um golo e perder por dois a um, porque das outras catorze más decisões dois contra-ataques deram golo.
Podemos facilmente concluir que a única coisa que está desaparecida é o cérebro de quem vê futebol sem perceber sequer que jogo é este que levou a que em devido tempo os alemães alertassem os brasileiros para olharem ao seu redor…”
P.S. – Terminaremos de recolher as perguntas pedidas no post anterior durante o dia de amanhã.
Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

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