José Peseiro. O retrato em algumas linhas.

Há um par de anos o novo treinador do Porto dirigiu uma palestra em Espanha, pouco depois da saída de Braga. E em linhas gerais fez uma apresentação do seu modelo de jogo, no ofensivo e no defensivo.
Características do processo ofensivo

Jogo apoiado; Mobilidade; Disponibilidade; Dinâmica

Ataque Organizado (AO) -» Ataque Rápido (AR) -» Contra-Ataque (CA)
CA -» AR -» AO
O tipo de ataque depende de: Local onde se recupera a bola; Organização do adversário; Contexto de jogo; Alternância do ritmo de jogo; Noção de equilíbrio (Ofensivo «-» Defensivo)
Referências que condicionam o processo no ataque à baliza adversária

Com vantagem temporal, numérica e espacial – Objectividade; Agressividade
Sem vantagem temporal e numérica, mas com vantagem espacial – Posse de bola; Recuperação fisiológica; Organização posicional
Sem vantagem temporal, numérica e espacial – Passe de ruptura; 1×1; Passa e vai (apoios frontais); Jogo interior; Diagonais; Equilíbrio entre desmarcações de apoio e de ruptura; Portador da bola com dois tipos de linhas de passe disponível (Apoio, ruptura); Variação do centro de jogo com alternância de ritmo; Trabalho de simulações sem bola (simula que vai e aproxima – simula que aproxima e vai); Criação de espaços; Automatismos; Criatividade
Para o processo ofensivo ter a qualidade desejada

– Recuperar a bola o mais alto possível
– Disponibilizar muitos jogadores para o ataque
– Grande mobilidade (Apoio-Ruptura)
– Maior agressividade no 1×1
– Agressividade sobre a segunda bola ofensiva (reacção à perda, ou a remates, passes, cruzamentos, desviados/defendidos pelo adversário)
– Equilíbrio ofensivo nas desmarcações
– Equilíbrio defensivo no ataque
Características do processo defensivo
Transições – Zona de pressão -» Zona -» Esquemas tácticos
Linhas curtas; Concentração; Compactação; Posicionamento; Orientação do jogo (para os corredores laterais)
O ideal é recuperar no último terço por estar mais perto da baliza adversária.
O porquê de não o fazer sempre: Ritmo de jogo; Imprevisibilidade; Dificuldades na concretização do processo ofensivo (muitas perdas); Níveis de confiança baixos; Gestão do resultado; Organização; Desgaste fisiológico
Organização Defensiva – Linhas altas. Mas quer que a equipa tenha capacidade para adaptar o posicionamento das linhas em função do contexto e das necessidades do jogo; Orientação do jogo para os corredores laterais; Pressão sobre o portador da bola e espaços determinantes; Comunicação; Capacidade mental
Referências do processo defensivo
– A bola como principal referência de posicionamento da equipa
– Os colegas de equipa como a segunda referência mais importante para o posicionamento
– Os espaços como principal referência de marcação
– Fechar os espaços de acordo com à sua importância
– Sistema permanente de coberturas
– Fluidez e dinâmica num processo que se pretende activo, e não tanto reactivo ou passivo
– Deslocamento em bloco (Largura e profundidade)
– Constrangimento temporal, espacial e numérico ao ataque adversário
– Atenção; Concentração; Atitude defensiva; Tempo de reacção; Solidariedade, Entreajuda; Combatividade; Espírito de sacrifício; Comunicação; Confiança
Se do ponto de vista ofensivo as equipas de Jesus são muito fortes a encontrar espaços, Peseiro sempre teve equipas especialistas em criar espaços. Nada garante o sucesso imediato pelo tempo de trabalho que é curto. Porém, com a gestão certa, e com o foco nas competições mais importantes, poderá chegar ao final em condições de disputar títulos. Não podia ficar mais expectante por ver de volta o treinador português que mais me marcou do ponto de vista ofensivo. O maior desafio que teve até ao momento, e a oportunidade de mostrar o quanto evoluiu (ou não) na forma como a sua equipa defende muito espaço com poucos jogadores, e se consegue diminuir o número de vezes que o seu guarda-redes enfrenta situações de golo eminente em cada jogo.

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*