25 de Abril, dia da revolução

Guardiola passou pelo Estádio da Luz e deixou uma mensagem bem clara sobre o jogo, e os seus imponderáveis. Factores como os momentos em que jogadores importantes para a manobra da equipa estão ou não disponíveis, por lesão ou por castigo, a entrada de um jogador por indisponibilidade de outro que se mostra melhor adaptado ao momento em que a equipa se encontra, factores como o momento em que uma equipa defronta determinado adversário, factores como uma bola que bate no poste e entra e uma bola que bate no poste e sai, factores como o estado anímico do jogador, quem marcou primeiro, o momento em que marcou, o estado do relvado, o clima. Tudo isto e muito mais pesa no resultado. E todos esses factores estão bastante longe de poderem ser controlados por quem treina. A sorte faz parte do jogo. Mas tal não significa que quem tem sorte não é competente, ou que quem não a tem o é. A sorte aparece, e é difícil de explicar como e porquê. É aleatória, é estranha. Assim é o futebol. Dou por mim a pensar por diversas vezes que, se o Bayern tem apanhado nestes quartos-de-final um adversário mais poderoso individualmente provavelmente Guardiola não estaria noutra meia-final. Ou nem sequer nos quartos, se não tivesse conseguido marcar no último minuto da eliminatória anterior contra a Juve. Isto porque o Bayern está no pior momento da época em termos de exuberância individual, em termos de confiança. Os jogadores estão escondidos (talvez pela pressão desmedida que sofrem pela possibilidade de conquistarem todas as provas nesta temporada). E um factor como o sorteio poderia ter ditado um rumo completamente diferente para os Bávaros. Mais difícil será a sorte definir a competência de um campeão ou de um vencido numa prova de regularidade como é um campeonato. Mas num campeonato disputado, com poucos pontos perdidos por parte de quem luta pelo título, ou com muitos pontos perdidos por todos, uma bola que entra no último minuto ou que não entra leva a que se defina a incompetência de uns e a super competência de outros com base num segundo de toda uma época. Relembro o campeonato que Peseiro disputa pelo Sporting e perde numa bola parada já no final para o Benfica. Um campeonato em que Jesus perde um jogo, no último minuto, e não sai vencedor.
Na caixa de comentários do post mais recente do blogue, o Barbosa escreve um dos melhores comentários que já vi por aqui exposto. Talvez por ser 25 de Abril se começam a mostrar por aqui outro tipo de avaliação, outro tipo de pensamento. Outro tipo de análise, que não se esgota no ganhou, no perdeu, no empatou. Uma das maiores alegrias que tive enquanto treinador aconteceu há 8 dias. Em casa do adversário que ia no primeiro lugar (nós atrás com um ponto de atraso) conseguimos a vitória. No último minuto, de bola parada. Mais cinco segundos, e se o adversário não fizesse falta, o jogo terminava. No final, se não tivéssemos marcado teria sido uma época de fracasso disputar um campeonato até ao final? Ficando a um ponto do líder? Hoje, com o contexto a nosso favor, faltando 6 pontos por disputar é uma época de fracasso para quem liderou o campeonato até então? Não. Um trabalho de uma época não se esgota num segundo em que a bola entra, ou que a bola sai. É preciso ver mais tempo, ver mais longe. Foi exactamente o que passei em conversa a uma grande campeã do clube que ainda está a disputar o campeonato connosco. Não se perde nada num jogo, num minuto, num segundo. Uma época é muito mais do que isso, apesar de poderes não ser coroado no final. Afinal, só um é que pode vencer, não é?

Seja o primeiro a comentar

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*