Euro 2016. Curtas.

  1. Alemanha. Para mim, continuam a ser os grandes favoritos para vencer todas as competições em que participem nos próximos anos, e isso é reflexo do trabalho federativo. A proposta ofensiva continua a ser do melhor que há: variabilidade. Jogam em passe curto, e sem risco, como procuram jogar mais longo para surpreender na profundidade. Procuram entrar na área com a bola controlada, mas também situações de cruzamento onde os seus avançados se encontrem em vantagem (numérica, ou espacial) nas zonas de finalização. Os movimentos ofensivos dos jogadores fazem todos sentido. Quando alguém enquadra, todos na profundidade. Quando alguém é pressionado, as linhas de passe aproximam. Há sempre, sempre, jogadores a pedir entre sectores ainda que a bola não entre sempre nesse espaço. Jogam bem nos espaços reduzidos, com a largura, e com a profundidade. O maior problema são os princípios defensivos. Continuam muito macios no momento de organização defensiva, e deixam muito espaço entre a linha média e a linha defensiva. Ainda assim, são muito agressivos a recuperar posições e como em determinado momento a bola entre no último terço as linhas acabam por juntar. Onze inicial em 1433: Neuer(Gr), Hummels(Dc), Rudiger(Dc), Hector(De), Kimmich(Dd), Weigl(Mdf), Kroos(Mo), Ozil(Mo), Draxler(Ext), Sane(Ext), Muller(Av).

  2. França. Surpreendente a forma como se apresentou contra a Escócia. Mostrou uma velocidade de circulação muito alta, com constantes variações de corredor (curtas ou longas) na procura de ganhar tempo e espaço para os extremos ou laterais darem seguimento ao lance na criação. A fazer lembrar o Bayern de Guardiola. A agressividade com que atacam, e a confiança que demonstraram, mais o facto de jogarem em casa, os transforma num grande candidato à vitória final. Têm qualidade individual para isso, e parecem no bom caminho para a afinar os processos. Ainda que não aproveitem tanto o corredor central, que não para a meia distância, prometem ser uma equipa ofensiva e com capacidade para fazer golos sobretudo pelos corredores laterais, a solicitar Giroud. Defensivamente, baixam linhas e defendem no meio campo, tirando espaço e defendendo com muitos. Só Giroud à frente da linha de bola, e por vezes Pogba quando sai para pressionar os centrais. E mesmo que Pogba saia, Giroud tenta de imediato compensar para manter o meio campo com 5 elementos. Interessante a liberdade de movimentos de que Pogba goza ofensivamente, e a forma como escolhe quem pressionar defensivamente atrás ou a frente da linha da bola. Onze inicial em 1451: Lloris(Gr), Koscielny(Dc), Rami(Dc), Digne(De), Jallet(Dd), Cabaye(Mdf), Pogba(Mc), Payet(Mo), Giezmann(Me), Koman(Md), Giroud(Av).

  3. Espanha. Com o futebol de toque que nos habitou, ainda que menos fulgurante por ter perdido o grande detalhe que os fazia asfixiar: a pressão nos momentos que se seguem à perda. Sem isso, continuam a ter o melhor conjunto de individualidades europeu e, talvez, mundial, mas ficam muito mais expostos à transição ofensiva do adversário por serem menos intensos na recuperação da bola. Serão sempre candidatos enquanto mantiverem um núcleo de jogadores incrivelmente criativos no mesmo onze, porque com isso tornam-se donos da bola. E tendo a bola, mais tempo, estarão sempre mais próximos de marcar e de não sofrer. Nota para a pouca mobilidade fora do centro do jogo. Falo do extremo do lado contrário, e por vezes do lateral, que não chegam em profundidade. Onze em 1433: De Gea(Gr), Piqué(Dc), San Jose(Dc), Bellerin(Dd), Alba(De), Busquets(Mdf), Iniesta(Mo), Fabregas(Mo), Silva(Ext), Pedro(Ext), Morata(Av).

  4. Inglaterra. Conseguiu juntar um grupo de jogadores muito bons, não só nas capacidades condicionais como também tecnicamente e até na criatividade. Infelizmente continuam muito pouco maturados do ponto de vista táctico. Colocam-se mal de forma constante, e falham o momento de sair na bola. A forma pouco agressiva como pressionam também não ajuda a isso. Ainda assim, baixando as linhas e com os melhores onze em campo, são sempre uma selecção a ter em conta. Onze inicial em 1442: Forster(Gr), Smalling(Dc), Dier(Dc), Bertrand(De), Clyne(Dd), Milner(Mdf), Wilshire(Mc), Lallana(Md), Sterling(Me), Rooney(Av), Kane(Av).

  5. Portugal. Preocupante a primeira parte contra a selecção inglesa, onde não fomos capazes de ligar um lance em organização ofensiva. Sendo que havia tempo e espaço para tal. O mau posicionamento das linhas torna a circulação mais lenta, e diminui as possibilidades de progressão com a bola controlada. Se a ideia é jogar com uma frente de ataque mais móvel, então os jogadores da frente terão de receber a bola nas melhores condições possíveis, e já com pouca oposição pela frente. É imperativo melhor o posicionamento ofensivo de toda a equipa, também por forma a defender melhor. Onze inicial em 1442: Rui Patricio(Gr), Ricardo Carvalho(Dc), Pepe(Dc), Vieirinha(Dd), Raphael Guerreiro(De), Adrien(Mdf), João Mário(Mc), Renato(Md), Rafa(Me), Nani(Av), Ronaldo(Av).

    Duas curiosidades finais:
    – Rever a proposta de jogo ofensiva da Hungria ainda antes do Euro começar. Deram indicadores muito, muito, interessantes contra a selecção alemã.
    – Curiosa a opção da esmagadora maioria das selecções por defender no seu meio campo. Com muitas pernas, e quase sem espaço na profundidade.

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