O momento e o menor fulgor de alguns dos melhores da Europa

A evolução do futebol trouxe-nos coisas muito positivas ao nível do jogo, e permitiu que cada vez mais o jogo fosse jogado como é: de forma colectiva. Com esse aumento da qualidade dos jogos, da organização táctica das equipas, aumentou a exigência. A exigência ao nível das capacidades intelectuais, sobretudo. Os espaços reduzidos obrigam a um desgaste muito maior, sobretudo do ponto de vista mental, pela velocidade a que os jogadores são hoje obrigados a jogar. E com essa evolução, e com o aumento do volume de negócio, não há jogadores relevantes em grandes equipas com menos de 50 jogos por ano. Quando no passado as melhores individualidades chegavam quase sempre em boa “forma” às competições internacionais hoje não é bem assim. É bom para o público porque passa o ano entretido com o jogo, mas não tão bom para os jogadores que jogam as fases finais das provas internacionais, não só pelo aumento da exigência de cada jogo em si, mas pelo desgaste acumulado ao longo de uma época muito mais longa.

E não se entenda “forma” como tradicionalmente se pensava nesse conceito. Forma, no sentido do jogador estar em perfeitas condições para render, sobretudo no aspecto mental que é este que mais pesa. É na tomada de decisão, e na capacidade de reacção que mais se nota. Se demora mais um segundo para perceber para onde o lance deve seguir o adversário já fechou, já antecipou, já desarmou. Se perde mais de um segundo a apertar quando perde, o adversário já tirou de lá a bola e a transição ofensiva já saiu. E este desgaste, hoje, é brutalmente superior ao que era no passado. Este aspecto, a condição em que os grandes jogadores chegam a competição, é tão fundamental para o seu desfecho quanto a qualidade de jogo que a equipa apresenta.

Ao olhar para a equipa alemã, percebe-se o desgaste em alguns dos seus jogadores mais importantes e isso pode ser um dado importante para as contas finais. Não só na selecção alemã se nota isto, e também não em todos os jogadores se percebe esse desgaste. Afinal, os jogadores não são todos iguais, e o que se exige deles ao nível de complexidade também é diferente. Logo, esse mesmo desgaste, ainda que exista em dois jogadores, pode perfeitamente passar mais despercebido num do que noutro, numa selecção do que noutra, pelas tarefas não serem tão exigentes. Ter os jogadores em melhor ou pior momento, a sentir mais ou menos o desgaste destas tão longas temporadas, vai ser umas das chaves para o sucesso ou insucesso neste Europeu.

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