Itália, sem surpresa, pois claro.

“Achar que esta Itália não joga nada à bola é não perceber nada de bola” A frase de um Jornalista do Maisfutebol é concisa, venenosa e de uma incrível assertividade.
Nos textos que tocavam a selecção italiana já por aqui pelo Maldini (destacando o ataque rápido) e sobretudo pelo Blessing (referindo todo o processo) se tinha abordado a competência dos comandados de Conte. É certo que individualmente apesar de vários jogadores interessantes, com um destaque claro para Bonucci, os italianos estão muito distantes de selecções como a Espanha e a Alemanha. Todavia, colectivamente são uma equipa com processos extraordinários.
Conte é um dos treinadores do futebol mundial com maior capacidade para retirar o caos e reduzir ao máximo a aleatoriedade do jogo. Num estilo talvez até demasiado determinista, o italiano prepara sempre as suas equipas para serem competentes em todo e qualquer momento que encontrem nas suas partidas. Dá-lhes armas para que em competição haja sempre um guião, um porto seguro. Um saber o que fazer, um saber onde estão os colegas. Nunca se perdem no campo! Dá armas aos jogadores que os tornam sempre um colectivo. Já havia sido assim na Juventus.
Se depois consegue passar mais ou menos tempo em ataque posicional tal já depende sempre da qualidade dos intérpretes. Na Juventus na Liga italiana com melhores jogadores que os adversários passava o tempo quase todo em organização ofensiva. Quando o adversário tem melhores jogadores muito mais difícil fica conseguir “dominar” o jogo. Todavia, é garantido que as suas equipas estarão preparadas para todos os momentos e não será por falta de trabalho táctico e conhecimento do jogo que cairão. Com Conte é garantido que se percebe o que está a acontecer e que se sabe responder em função disso.
É sempre um espanto quando alguém consegue subjugar a selecção espanhola com tamanha facilidade. Mas não é um espanto perceber que a Itália de Conte seria sempre uma das poucas a nível mundial capaz de o fazer. Porquê? Porque colectivamente é uma equipa que sabe interpretar e responder. Sabe quando e como sair em ataque rápido após cada recuperação. Sabe em organização defensiva definir espaços e timings de pressing. E tem movimentos e trabalho muito acentuado também em organização ofensiva. Partindo do conhecimento táctico que faz do jogo é sempre possível vencer os adversários que têm mais qualidade. Mesmo que o favoritismo esteja completamente do outro lado.
Dificilmente o campeão europeu não sairá do lado direito da tabela. E a Itália que já derrotou na presente prova dois adversários bastante mais fortes individualmente que si própria, será das pouquíssimas equipas mundiais que tem capacidade para contrariar a melhor equipa do torneio. A Alemanha. A melhor porque em cima de um processo colectivo fantástico em todos os momentos, tem também os melhores jogadores.
Sobre Rodrigo Castro 219 artigos
Rodrigo Castro, um dos fundadores do Lateral Esquerdo. Licenciado em Ed física e desporto, com especialização em treino de desportos colectivos, pôs graduação em reabilitação cardíaca e em marketing do desporto, em Portugal com percurso ligado ao ensino básico e secundario, treino de futsal, futebol e basquetebol, experiência como director técnico de uma Academia. Desde 2013 em Londres onde desempenhou as funções de personal trainer ligado à reabilitação e rendimento de atletas. Treinador UEFA A.

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