A final de Éder. Mas também de Rui Patrício.

during the UEFA EURO 2016 quarter final match between Poland and Portugal at Stade Velodrome on June 30, 2016 in Marseille, France.

O Maldini tinha num post anterior garantido o quão possível era o sonho tornar-se real. Porque o futebol é um jogo que tem sempre um lado caótico e aleatório imprevísivel, e porque nem sempre o melhor ganha. Não somente pelo tal lado caótico de cada partida de futebol, mas porque cada jogo encerra um lado estratégico que demasiadas vezes pode premiar os menos fortes.

Portugal jamais seria vencedor numa prova de regulariedade. Todavia, num formato de eliminatórias, a aleatoriedade de cada partida está sempre presente.

A França que havia eliminado a melhor equipa da prova na semi final, por enfrentar com bola menos oposição para maior espaço teria sempre uma final com características que deixam o jogar francês desconfortável. Poucas possibilidades para sair em transição. Muitas pernas portuguesas a travarem o ataque posicional francês. Muitas as vezes em que o portador ultrapassava os abegnados portugueses, mas as sucessivas coberturas, o aglmoreado de pernas… sempre a resolver defensivamente os lances.

Final tal como se previa. França com dificuldades para criar. Portugal à espera do momento. Poder-se-à afirmar, e com razão, de que nada fez a equipa de Fernando Santos para ter tamanha “sorte”. Todavia, estaria Portugal mais próximo do êxito se perante um adversário incrivelmente superior do ponto de vista individual, perante um adversário que venceu sempre todos os duelos, procurasse um estilo de jogo diferente? Muitas dúvidas sobre isso. Mais facilmente o número de perdas subiria, o número de transições aumentaria e com espaço Griezmann e Payet acabariam por fazer a diferença.

O jogo evoluiu bastante do ponto de vista táctico. E para um conservadorismo tão grande que mesmo quem é competente em ataque posicional do ponto de vista colectivo, precisará sempre de individualidades muito capazes. Criativas e com excelente qualidade técnica para em espaços curtos enquadrarem e decidirem a grande velocidade. E Portugal, simplesmente, não tem essas individualidades!

A estratégia, hoje, mais do que nunca a permitir aos menos aptos competir com os melhores. Foi assim que o Atletico chegou à final. É assim que Portugal é Campeão Europeu.

 

Destaques individuais da final.

 

Rui Patrício. A exibição no último jogo como que o catapulta para o guarda redes do torneio. Gigante na defesa da sua baliza. Foi ele quem mantendo o jogo a zeros nos permitiu manter a estratégia que valeria um titulo Europeu.

João Mário. A sua melhor exibição na prova. A este nível mostra-se mais em jogos cujos equilíbrios são mais necessários. Um dos poucos portugueses capaz de não perder consecutivamente os duelos individuais. Deu sempre seguimento e tal já foi importante.

Éder. Só acções positivas! Na primeira bola, a pedir e a ter capacidade para segurar e associar-se com os colegas. Sempre o mais simples mas com sucesso. Sai herói de Paris pelo golo.

Sobre Rodrigo Castro 219 artigos
Rodrigo Castro, um dos fundadores do Lateral Esquerdo. Licenciado em Ed física e desporto, com especialização em treino de desportos colectivos, pôs graduação em reabilitação cardíaca e em marketing do desporto, em Portugal com percurso ligado ao ensino básico e secundario, treino de futsal, futebol e basquetebol, experiência como director técnico de uma Academia. Desde 2013 em Londres onde desempenhou as funções de personal trainer ligado à reabilitação e rendimento de atletas. Treinador UEFA A.

13 Comentários

  1. E finalmente os nossos conhecidos bloggers ganham rosto! A machadada final a quem ainda se refugiava nisso para vos descredibilizar.

  2. O Eder esteve excelente. Não só pelo golo, mas pela forma como segurou as bolas e tentou entregá-las sempre jogáveis nos colegas. Foi de muito longe o melhor jogo que vi dele, a fazer lembrar… Slimani! Vamos ver se ainda dá para fazer alguma coisa dali, depois do que vi do argelino já acredito em qualquer coisa.

    Só uma nota para este comentário: ‘E Portugal, simplesmente, não tem essas individualidades!’

    Não é que não as tenha. Estão é ainda em “maturação”. Bernardo Silva, Iuri Medeiros, Gelson, João Carvalho, etc
    Temos imensos jovens com essa capacidade técnica para conseguir criar desequilibrios não só por serem fortes individualmente as também inteligentes. Apesar do que se vai dizendo, acho que o futuro da nossa seleção é risonho!

  3. João Mário… E Nani. Era outros dos poucos, fez um grande torneio e na final fez um grande jogo. Rui Patrício em grande estilo, se não tivesse aqueles barrotes poderia ser para outras paragens. Assim está bem para o Sporting.

  4. “A estratégia, hoje, mais do que nunca a permitir aos menos aptos competir com os melhores. Foi assim que o Atletico chegou à final. É assim que Portugal é Campeão Europeu.”

    Caro Marco Van Basten

    Antes de mais nada acho manifestamente incorrecta a comparação entre o FUTEBOL PROFISSIONAL E O FUTEBOL NÃO PROFISSIONAL.

    De qualquer maneira, Marco van Basten concluiu que os percursos do Atlético de Madrid e de Portugal são similares e claramente não os são.

    Vejamos:

    Na fase de grupos (6 jogos) o Atlético de Madrid, sendo a melhor equipa e apesar da derrota caseira com a Benfica, vence o grupo com 13 pontos.

    Na fase de grupos (3 jogos) Portugal, sendo a melhor equipa, fica em 3º lugar, apenas se apurando devido a repescagem.

    Nos oitavos-de-final, o Atlético de Madrid elimina o PSV Eindhoven nos penalties, já Portugal elimina a Croácia no final do prolongamento.
    Foram eliminatórias com equipas equivalentes.

    Nos quartos-de-final, o Atlético de Madrid elimina o superior Barcelona, já Portugal elimina a Polónia nos penalties, duas selecções equivalentes.

    Nas meias finais, o Atlético de Madrid elimina o superior Bayern de Munique, Portugal elimina o inferior País de Gales.

    Como vê, estes percursos são diferentes.

    • Caro,

      A comparação foi para mostrar que o formato da provas em questão, muito similares entre si, permitem estreitar diferenças entre as melhores equipas e as não tão boas. Por exemplo, numa prova de regularidade muito dificilmente o Atlético bateria Bayern ou Barcelona, e muito dificilmente Portugal sairia campeão europeu com Alemanha, Espanha, ou Itália em jogo.

    • Caro Blessing

      Isso parece-me óbvio, contudo, ainda agora o Leicester conquistou a Premier League e em 2013/2014 o Atlético Madrid venceu a La Liga.

      Parece-me que há um pormenor que tem escapado aos analistas, muitos jogadores das melhores equipas, passam muito tempo a brincar nas selecções em vez de estarem concentrados nos seus clubes, prejudicando assim, o trabalho dos respectivos treinadores.

      Ainda agora temos o caso de CR7 que em vez de estar de férias e a preparar a próxima época, irá ficar algum tempo parado a recuperar duma lesão contraída na selecção. Certamente que os treinos colectivos do Real Madrid irão ressentir-se e irá contribuir para minar o trabalho do treinador, neste caso, Zidane.

      • “ainda agora o Leicester conquistou a Premier League”

        Primeira não conquistada por um grande em quantos anos? Tem comparação?

        “2013/2014 o Atlético Madrid venceu a La Liga.”

        Em 5 anos de Simeone um campeonato, duas finais europeias, mais duas meias finais. Tem comparação?

        Não dizemos que os melhores ganham sempre, ou que os pequenos ganham sempre noutro tipo de provas. Dizemos sim que em provas de regularidade o sucesso dos pequenos é muito inferior porque essas provas tendem a representar melhor o real valor das equipas. E representar melhor não significa que representem sempre. É uma questão de ler o que está escrito, e interpretar o que se quer passar. Se é óbvio, então não percebo o seu comentário.

        Quanto ao resto do seu comentário, mais uma vez, não tem nada que nos interesse no âmbito deste site.

        • Caro Blessing

          Fico sem perceber, ao longo dos anos vocês analisaram o trabalho de imensos treinadores portugueses e estrangeiros, desde Mourinho, Vilas Boas, Vítor Pereira, Jesualdo, Jorge Jesus, Guardiola, Simeone, Sacchi, etc. e agora defende que algo que prejudica a performance dos treinadores e das respectivas equipas não é do interesse da equipa do blog.

          Com esse pensamento, os dirigentes nem sequer se preocupariam em ter um campo relvado para a equipa treinar, nem teriam médicos, preparadores físicos e todo um staff que ajuda o treinador e a equipa a melhorar a sua performance.

          • Exacto. Esse tema não tem qualquer interesse para o âmbito deste site. Porque dentro do profundo desconhecimento que temos em tudo o que analisamos em equipas onde não trabalhamos, esse tema é profundamente mais desconhecido. Como você pode perceber, nenhum de nós treina um clube de topo com internacionais, e que jogue a liga dos campeões. Por isso, a nossa preocupação com isso é zero.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*