“Muita água mata a planta”

Enquanto lia alguns comentários do blog, encontrei uma expressão fantástica, que tem de ser sempre tida em conta quando falamos de treino, impor modelos de jogo ou ideias.

Quem anda no terreno acaba sempre por perceber os mil cuidados a ter na gestão de todo o processo se pretende ter sucesso. Sem essa gestão, por melhor que sejam as ideias tudo acabará por ruir.

Todo o processo de mudança, seja de modelo de jogo, seja de método de treino ou até de imposição de novas regras deve ser gerido sempre com imenso cuidado. Sobretudo se as experiências anteriores dos jogadores são importantes e vitoriosas.

Tantas são as vezes em que quem está no terreno tem de ceder em X para ter Y. Deixar cair o menos importante para cobrar o mais importante. Quando lidas com diferentes pessoas, nada é linear. Não há certo ou errado. Há sempre a especificidade de cada contexto, que se ignorada levará ao insucesso.

Muita água mata a planta e por vezes impor a mudança é de uma dificuldade tremenda. Então há que seguir caminhos alternativos para chegar ao mesmo destino.

 

Sobre Rodrigo Castro 219 artigos
Rodrigo Castro, um dos fundadores do Lateral Esquerdo. Licenciado em Ed física e desporto, com especialização em treino de desportos colectivos, pôs graduação em reabilitação cardíaca e em marketing do desporto, em Portugal com percurso ligado ao ensino básico e secundario, treino de futsal, futebol e basquetebol, experiência como director técnico de uma Academia. Desde 2013 em Londres onde desempenhou as funções de personal trainer ligado à reabilitação e rendimento de atletas. Treinador UEFA A.

8 Comentários

  1. “Todo o processo de mudança, seja de modelo de jogo, seja de método de treino ou até de imposição de novas regras deve ser gerido sempre com imenso cuidado. Sobretudo se as experiências anteriores dos jogadores são importantes e vitoriosas.”

    Caro Marco van Basten

    Primeiro definem-se as metas a serem alcançadas, depois implementam-se as medidas necessárias para alcançar estas metas.

    O principal objectivo dos grandes clubes/sads europeus é ganhar todos os anos a CHAMPIONS LEAGUE e o respectivo campeonato nacional, para isso é preciso manter a equipa competitiva e focada.

    Implementar uma estratégia que leve os jogadores a renunciar às brincadeiras nas selecções faz parte desse processo, pois além de desvalorizar os jogadores prejudica a competitividade e o foco da equipa.

    A maneira mais simples e eficaz é pagar aos jogadores para renunciar às selecções e isso deve ser logo salvaguardado o mais cedo possível, ainda durante a contratação do jogador, por exemplo, se o jogador quer brincar na selecção paga-se x de salário mas se o jogador renunciar a essas brincadeiras paga-se x+y de salário.

    Isto deve ser aplicado ao próprio valor de transferência, se clube vendedor já tratou desse estorvo que são as brincadeiras nas selecções o jogador está mais valorizado e o clube comprador pagará mais pois já tem mais garantias da qualidade, disponibilidade e fiabilidade do jogador.

    Aliás todo este processo deve começar nas próprias camadas jovens, fala-se abertamente com o jogador e com a família do jogador:

    – No futuro, se quer que o filho seja futebolista profissional num grande clube, com um contrato milionário que possibilite tirar a família da mediania e ter uma conta recheada, ter uma casa e um carro de luxo, ter férias todos os anos em lugares paradisíacos (tipo Caraíbas, Seychelles, Taiti, Maldivas) e ter wags deslumbrantes, ou se quer que o filho mesmo que estude bem tenha um trabalho mediano (se tiver) com um salário mediano, com dificuldades para pagar as prestações da casa e do carro, com férias passadas em casa ou na praia mais próxima. É que os clubes dão boas oportunidades mas os jogadores têm que corresponder e antes de tudo focarem-se de modo a ascenderem à equipa principal mais facilmente.
    Renunciar a brincar nas selecções é apenas um pequeno sacrifício com tudo de bom que poderá ser mais facilmente alcançado no futuro.

    É evidente que se os jovens jogadores quiserem brincar nas selecções nem sequer entram para as camadas jovens, não há tempo a perder com quem não se foque na carreira.

    • Tu tens realmente muitas coisas contra representar o país não tens? É um momento alto da carreira representar o país numa grande competição, qualquer profissional ambiciona isso. É ridículo dizer que isso prejudica o jogador tanto a nível desportivo como a nível da sua valorização, bem pelo contrário! Os jogadores saem mais motivados e valorizados depois de bons campeonatos pelas selecções. Vê o caso do Sporting, os campeões europeus respiram uma confiança descomunal e o seu valor de mercado aumentou consideravelmente!

    • Caro Tomás Saraiva

      Temos opiniões diferentes sobre a valorização/desvalorização dos jogadores nas selecções.

      Na minha opinião, os jogadores valorizam-se nos clubes/sads e desvalorizam-se nas selecções

      Continuando, não chega apenas dizer a sua opinião, eu fundamento a minha opinião, mostro como se pode implementar uma estratégia que leve os jogadores a tornarem-se melhores profissionais e obviamente estou aberto ao debate e ao contraditório.

      “Vê o caso do Sporting, os campeões europeus respiram uma confiança descomunal e o seu valor de mercado aumentou consideravelmente!”

      Então em quanto é que o valor de mercado aumentou consideravelmente?

      • Os dados que vou apresentar foram recolhidos no transfermarkt. Caso não esteja familiarizado com o site, este apresenta alguns dados de cada jogador, sendo que o que distingue este site dos demais é a apresentação do valor de mercado dos jogadores, sendo atualizados sempre que se verificam oscilações de valor que o justifiquem.
        Vou portanto utilizar o exemplo dos quatro jogadores citados anteriormente. O primeiro valor é referente a 1.06.2016 (pré Euro 2016) e o segundo a 29.07.2016 (pós Euro 2016)
        Rui Patrício – 14M para 16M
        João Mário – 20M para 30M
        Adrien Silva – 18M para 20M
        William Carvalho – 26M para 30M

        Nota ainda para o facto do Europeu ter dado mais visibilidade aos jogadores, pois ainda que os três grandes sejam vistos na Europa como um viveiro de jogadores, estes 4 atletas não tiveram visibilidade em competições fora de Portugal na última época. Abraço

    • Caro Tomás Saraiva

      A minha opinião é diferente:

      Avalio Rui Patrício em 15M€ mas se não brincasse nas selecções avaliaria-o entre os 18 e os 22M€.
      Avalio João Mário em 25M€ mas se não brincasse nas selecções avaliaria-o entre os 40 e os 50M€.
      Avalio Adrien entre 8 e 12 M€ mas se não brincasse nas selecções avaliaria-o entre os 14 e os 16M€.
      Avalio WC entre os 15 e 18M€ mas se não brincasse nas selecções avaliaria-o entre os 25 e os 30M€.

      Tomei em consideração vários factores como a idade, a duração do contrato, o salário (por alto), a qualidade do jogador, o rendimento no clube, as tendências de mercado e obviamente se brinca ou não na selecção.

      Já agora tenho uma questão para o caro Tomás Saraiva.

      Será que o Sporting deveria pagar um prémio monetário aos 4 jogadores pelo que fizeram no Euro2016, afinal segundo o caro Tomás Saraiva eles valorizaram-se e já agora qual deveria ser o montante desse prémio.

      • Não consigo concordar com a avaliação que faz, ainda para mais quando não consigo encontrar nenhum traço orientador do seu raciocínio. Rui Patrício (por exemplo) atingiu o maior nível de reconhecimento da sua carreira justamente pelo Europeu que realizou. Nos contratos dos jogadores existem habitualmente cláusulas ou bonificações, como queira chamar, que prevêem a participação dos jogadores em jogos e torneios internacionais. Existem também diversas cláusulas salariais que estão dependentes de um número de internacionalizações, logo um jogador ser internacional e ter bom desempenho reflete-se várias vezes no seu vencimento. Ainda para mais, foram pagos prémios de jogo e de campeão a cada jogador da selecção por parte da federação. Um jogador ser internacional valoriza-o bastante, pois para além de lhe conferir mais prestígio (participar nas grandes competições de selecções é um “selo de qualidade”) permite que este seja mais facilmente avaliado ao mais alto nível pelos clubes.

    • Caro Tomás Saraiva

      Avalio os jogadores nos clubes/sads, ao longo das épocas, onde fazem entre 40 a 50 jogos por época em 10 meses, onde jogam uma ou duas vezes por semana, treinam diariamente e jogam contra equipas que também treinam diariamente, jogam no Verão e no Inverno, ao sol e à chuva, com calor e com frio.

      Se um clube aceita premiar um jogador pelas idas às selecções considero má gestão ou mesmo burrice.

      Os prémios pagos pelas federações só são possíveis por que não pagam os salários dos jogadores, aliás não é por acaso que as federações enchem facilmente os bolsos enquanto que os clubes/sads andam sempre com dificuldades financeiras.

      Mas os clubes/sads vão aprendendo algumas coisas, também não é por acaso que cada vez mais escolhem jogadores que não brincam nas selecções, nomeadamente muitos brasileiros e outros sul-americanos, jogam cada vez mais em muitas equipas de cada vez mais ligas europeias.

      Ser internacional contribui para o travão da sua valorização, desvaloriza-os.

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