Sampaoli. Um exemplo contra a intuição

Fomos habituados a pensar no jogo de trás para frente. Da defesa para o ataque. E por isso, somos sempre levados a acreditar que as primeiras matrizes que se devem trabalhar numa equipa por forma a mais facilmente chegar às vitórias são as defensivas. Mas tudo depende. E a forma de trabalhar deve ser adaptada as exigências e objectivos da equipa, ao contexto. Por que não começar primeiro com a organização ofensiva? Se a equipa não tem a exigência de competir por cada pontinho, e o objectivo não passa por conquistar o título, por que não começar com o mais caótico? Dar-lhe assim mais preponderância e tempo de trabalho, para que mais cedo se comece a evoluir nesse processo. Fica a questão.

Porque se é mais fácil trabalhar em cima de vitórias, num país e numa cultura onde o entendimento do jogo ofensivo é superior mais facilmente os próprios jogadores se apaixonam pelo treinador pelo que ele lhes dá quando têm a bola. Protagonismo, golos. Muitos golos. Os jogadores, e todo o contexto à volta do clube. Desde o público aos próprios dirigentes.

Pedro Baiao1

Contudo, é certo que não é positivo quando o adversário cria uma situação de golo cada vez que se aproxima da baliza. E se é um espanto o que o Sevilla já joga nos momentos ofensivos (mostrou-o também nos jogos contra adversários superiores – Barcelona, Real Madrid), é assustadora a forma como permite que o adversário entre na área com a bola controlada. Este lance de ontem contra o Espanyol é um exemplo, porque não é em todos os jogos que vai conseguir superar quatro golos sofridos.

5 Comentários

  1. A forma como vê o jogo e como tenta dar argumentos para que todos (jogadores e adeptos) é apaixonante…

    É assim que tanto Sampaoli como Lillo vêm o jogo. Fico feliz por saber que com eles o futebol vai continuar a ser desporto rei.

  2. Obrigado pela citação!

    Notaram-se ainda dificuldades na ligação da construção com a criação. A partir do 2-1, quando o Espanyol começa a condicionar a construção logo com 3 homens, notou-se alguma indefinição nas desmarcações de apoio para ligar a criação. Exemplo disso é o 2º golo do Espanyol.
    Á primeira vista parece que é Parejo que erra na decisão, mas também é certo que não existiam linhas de passe quer para manter a posse ou para progredir. No vídeo aparece uma sugestão daquilo que Sarabia ou Vasquez (ou ambos) poderiam ter dado ao central.

    [vimeo 179651615 w=640 h=360]
    Espanyol 2nd Goal – Hernan Perez from Pedro on Vimeo.

  3. Curiosamente, quando se pensa em ensino do jogo, nas idades mais jovens, pensa-se em ensinar atraves do ataque.

    A bola ja atrapalha o suficiente, e se ensinarmos primeiro comportamentos defensivos, fica muito dificil haver continuidade no jogo.

    Alem de que, para o jogador eh muito mais interessante ultrapassar adversarios e tentar marcar golos.

    A cena toda eh em primeiro lugar “filosofica” se quisermos, eh a diferenca entre “desenrasquem-se a atacar” ou “desenrasquem-se a defender”. Ate para quem apenas ve o jogo as coisas sao diferentes.

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