Predominância do cérebro sobre o físico. Mourinho e Guardiola.

Para muitos, sobretudo para aqueles que têm predilecção por ideais católicos, a ideia de um jogador vaidoso é pouco agradável. A vaidade é, para a grande maioria destas pessoas, sinónimo de egocentrismo, de falta de humildade e de incapacidade de sacrifício. Não concordo com isto, embora ache que há certos tipos de vaidade que signifiquem exactamente isso. Para mim, a vaidade é das coisas mais importantes num futebolista, para não dizer em qualquer pessoa que tenha ambições de qualquer tipo. Não obstante, há jogadores que usam a vaidade como um fim em si mesmo, e nestes, de facto, o atributo não é minimamente saudável: um caso flagrante será o de Mario Balotelli.
Nuno, Entredez

O degrau mais difícil de superar no futebol, e que marca a diferença entre os bons e os melhores, está na cabeça dos jogadores. Na sua auto-estima. Na confiança inabalável mesmo depois de um erro comprometedor. Na personalidade com que assumem situações de grande pressão e não se escondem do jogo, permitindo aos seus pares libertar-se da responsabilidade. Na vaidade, e na arrogância com que actuam de estádio cheio sob o olhar atento dos melhores da sua espécie. É uma barreira muito difícil de ultrapassar, daí os treinadores no alto nível elogiarem constantemente os seus jogadores mais corajosos. E não é uma questão de experiência, de quem tem mais jogos nas pernas. Porque todos os anos aparecem miúdos nos jogos de alto nível de responsabilidade a jogar como o faziam na escola.

 

Sou defensor de que, numa equipa de futebol, cada jogador deve ter um tratamento diferenciado. Havendo perfis (psicológicos, atléticos, etc.) diferentes, há naturalmente quem mereça uma oportunidade e há quem mereça dez. Um jogador mais tímido, por exemplo, precisa de mais tempo para se sentir confortável dentro de uma equipa e, portanto, precisa de mais tempo para mostrar as suas qualidades. Um jogador mais irreverente, pelo contrário, precisa de menos tempo. Até pelo talento que lhe era reconhecido quando jovem, Sergi Roberto foi sempre permanecendo em Camp Nou. Ainda assim, não se soube, durante largas épocas, tornar confortável ao jogador a sua posição na equipa, e ele continuou incapaz de se livrar da sua timidez. E, se não fosse pela circunstância das várias lesões que fustigaram o plantel às ordens de Luis Enrique, ainda não era esta época que se afirmaria. O caso de Sergi Roberto é, também por isso, muito relevante para se perceber por que é que certos jogadores que parecem destinados ao sucesso acabam por passar ao lado de grandes carreiras.
Nuno, Entredez

Nos melhores clubes do mundo, onde a pressão impera, o jogador não sobrevive se não tiver a capacidade para se libertar da timidez dentro de campo. E quem melhor que Mourinho e Guardiola para testemunhar?!

5 Comentários

  1. Normalmente (embora existam exceções), os tais miúdos que vieram da rua e que tiveram vidas algo complicadas acabam por ser os que não têm essa timidez, precisamente porque já passaram por vivências talvez bem mais stressantes e difíceis na vida.

    Do vosso ponto de vista, para se jogar no TOP TOP, é preciso ter essa personalidade, ou mesmo assim é capaz de se ter sucesso sendo uma pessoa mais tímida e que por vezes acusa essa pressão?

  2. Hoje mais uma vez se viu que o Maurinho privilegia mais a força do que a inteligência… ao contrário de Guardiola. As equipas de Mou são sempre fisicamente muito mais forte do que as de Pep.

  3. Pep diz algo que o xabi alonso já havia dito numa reportagem da BBC sobre a carreira do guardiola. Ele mais do que ensinar/treinar os jogadores a jogarem daquela maneira (muita posse) ele, primeiro, convence os de que está é a forma que mais aproxima a equipa da vitória (ie maximizar as oportunidades de golo criadas e minimizar as concedidas).

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