Quem joga são os jogadores

Algo de que muito me orgulho é a quantidade quase infindável de gente influenciada pelo “Lateral Esquerdo”. Praticamente demos a conhecer o lado táctico do jogo, quando por Portugal ninguém falava verdadeiramente de tão importante factor de rendimento, para além das óbvias marcações individuais quando não há bola e os dribles e correrias quando a há.

Em determinado momento senti que leituras ou interpretações enviesadas levaram demasiados a comparar o jogo quase a geometria. Com linhas vistas ao milímetro, e o foco quase total no que deverá ser o trabalho do treinador. Qualquer mau posicionamento, visto como um erro do treinador. Qualquer cruzamento sem verificar se há colegas na área, era pedido do treinador, naturalmente.

Em tempos por cá se escreveu que se estava a elevar treinadores à condição de deuses, capazes de determinar vencedor ou derrotado em qualquer jogo. Venceu foi o treinador, mas sobretudo se perdeu foi o treinador que não decidiu bem qualquer coisa. Nem que seja a cor da braçadeira que usa.

O exemplo perfeito terá sido a temporada em que FC Porto e SL Benfica se encontraram na penúltima jornada da Liga ainda sem derrotas. Dois modelos fantásticos, duas equipas a trucidar. Ainda assim quem vinha na perseguição tido como incompetente. E por fim, incompetente quem perdeu um único jogo na Liga.

Esta semana, numa entrevista ao blog MVPDesportiva, quando questionado sobre “treinador e jogador que mais revolucionaram o jogo”, a resposta foi óbvia. Guardiola e Messi.

Hoje, tal como há não muito voltaram a defrontar-se. Os dois melhores. A diferença é que são os jogadores que jogam este jogo. O resultado assim o ditou, como seria de esperar.

 

 

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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

24 Comentários

  1. Tá certo, o Guardiola leva 4 secos em Camp Nou e muda-se o discurso para “quem joga são os jogadores”.

    Quanto ao Messi ter sido quem revolucionou mais o futebol, não sei quem chegou a essa conclusão, mas foi certamente alguém que lhe escapou que tudo o que Messi ia acrescentando ao seu jogo era influenciado de maneira mais que óbvia por aquilo que o Cristiano já fazia em Manchester e só um cego não vê isso.

    • Meu deus, estou preplexo. Como é que alguém consegue fazer um comentário destes com tanta convicção? Eu por momentos pensei que fosse brincadeira.

    • Podes aprovar todos porque eu não trato mal ninguém.

      Eu também me riu e de que maneira quando dizem que o Ronaldinho influenciou o estilo de jogo de Messi (mesmo quando é o próprio a dizê-lo).

      Vocês culés gostam de empacotar o Ronaldo apenas nos piores jogos que fez pelo Real Madrid, querem que todos tenham uma imagem dele como jogador limitado, que não acrescenta nada ao jogo. Em United foi só dos jogadores se não o jogador mais espectacular de sempre, re-inventava-se a cada finta, em procuras de espaços pouco habituais para extremos, ainda não sabia Messi o que era jogar sem estar colado à linha, já o Ronaldo procurava receber bola em zonas de finalização.

      Mesmo noutras coisas, Messi bebeu muito de Ronaldo e segui-lhe ideias, desde braçadeiras na seleção, passar a bater pénaltis, passar a bater livres, tudo coisas que não fazia e passou a fazer, por pressão ou não, não sei… Mas que seguiu muito do caminho traçado por Ronaldo, seguiu e rejeitar ver isso é ser culé, ou seja, achar que o futebol começou em 2009.

      Só para acabar e comentando agora a parte do Guardiola. Acho o Guardiola um grande treinador, melhor que Mourinho actualmente mas cada vez que é humilhado há sempre justificação, já quando acontece ao Mourinho é por estar ultrapassado. Não vi o jogo e dos resumos que vi já vi demasiadas coisas estranhas, queda do Fernandinho sem motivo algum no 1º golo de Messi, e mesmo Bravo também mal nesse golo. Bravo mais tarde viria a ver vermelho, de forma ridícula, quando se estuda aqueles jogos em que se tenta averiguar se houve combinação de resultados que não se esqueça desta expulsão do Bravo, nem do golo do Aboubakar que deu o 1-2 ao Besiktas, é só o que peço, e que não se fale que a corrupção não chega a equipas grandes quando ainda agora se viu que chega até a selecionadores ingleses que ganham centenas de milhares por mês… Já me estou a dispersar na conversa mas era basicamente isso. Abraço e sejam menos parciais. Eu como é óbvio sou grande fã do Ronaldo e não tenho problemas em dizer que Messi neste momento está a jogar num patamar acima do dele, mas vamos lá a ver as coisas como são e sobretudo não escrever a história à nossa maneira.

  2. Quando pensei que o comentário do Nuno já estava a sair torto, li o segundo parágrafo!
    Que disparate dos grandes, jesus. Messi em nada está relacionado com o Ronaldo de Manchester(ou do Real). Alias, quem não percebe qual é a principal diferença entre os dois, nunca irá perceber o quão especial Messi é, e de que forma revoluciona o jogo cada vez que entra em campo.

  3. Simoes, dizer que o estilo de jogo de Messi e Ronaldo nunca se cruzaram nos últimos 10, 11 anos é que é dizer um grande disparate. Além que ninguém falou do Messi de HOJE em específico comparando-o ao Ronaldo de Manchester, ambos mudaram com o passar dos anos, quer tacticamente, quer em acções próprias.

    • A nível de revolucionar o jogo e espectacularidade, continuo na minha, CR7 de Manchester numero 1 fácil. Prova disso é que 4, 5 anos em Manchester (a titular) lhe chegaram para ser considerado dos 2, 3 melhores de sempre do clube.

  4. É preciso comentários deslocados para haver o contraste. Está tão fora que quase desconfio que seja fabricado! hahahah

    On-topic: é também bonito ver a solidariedade no trio MSN, que potencia ainda mais a ideia de que o objetivo tem de ser sempre ajudar a equipa!

    (Para não estar sempre a rebaixar o Ronaldo: tem andado pró nas assistências, ultimamente!)

  5. Messi é fenomenal mas hoje não me pareceu assim tão decisivo. Pode parecer ridículo dizer isso depois de ter marcado 3 golos. Mas tanto os golos 1 e 3 são de borla. O golo 2 sim, foi um grande golo mas não diria que foi o mais decisivo. Considero a escorregadela do Fernandinho ou a expulsão do bravo mais determinantes para o desfecho do jogo.
    Compreendo que não avaliam o Messi apenas pelos golos. A nível de construção e garantir a posse de bola ele é ímpar. Ainda assim, no jogo de hoje, o que mais me salta à vista foi a pressão alta das duas equipas sendo a pressão do Barça mais eficaz. Impressionante. Reduzem o campo a uns 15 metros e sufocam a equipa adversária obrigando-a ao passe longo sob pressão. O City não foi capaz de pressionar assim pelo menos de forma regular e, quando, a espaços, conseguiam pressionar bem a qualidade técnica dos jogadores do Barça sobressaía. Todos sabem jogador pressionados. Controlo de bola muito alto e confiança a sair a jogar(identidade).
    Saliento tbm o risco a que se expõem ambas as equipas a jogar desta forma. Podem repetir o jogo 10x que serão sempre jogos repletos de golos.
    Duas equipas que pretendem manter a bola e pressionar muito alto quando não a têm. Parece uma receita impossível. Pressionando alto existem sempr3 situações de perigo. Por isso o jogo torna-se um pouco vertiginoso e, na minha opinião, maximiza o factor sorte.

  6. Pedro, tenho imenso respeito e admiração pelo teu trabalho. Acho legitimo teres orgulho nele. Contudo, parece-me um pouco pretensioso quando afirmas que foi o Lateral esquerdo que praticamente deu a conhecer o lado tático do jogo…

    • Ao público, Pedro. Ao público. Recuas 8 anos e não tinhas ninguém publicamente a falar do jogo. Do jogo mesmo. Não de conversas de tasca.

      • Pedro, recuas 9, 10 anos e já tinhas alguns programas interessantes na tv a falar do jogo e da parte mais técnica e tática. Lembro-me por alto de 1, com o Freitas Lobo e o Paulo Sousa no canal de informação da RTP… Um programa em que entrava um economista depois a meio para discutir também a parte mais estratégica dos clubes e cujas intervenções deixavam o LFL por vezes em brasa 😀 tiveram algumas picardias.

        • Pedro, podes sp ir buscar textos a explicar a parte tactica e de decisao do jogo recorrentes de outros espaços, ou programas nos media (tv ou radio de 2010 2009 e2008) q tenham tido milhares e milhares de visualizaçoes e mostras.me q tou enganado. Sem problema nenhum… nao ganho nada aqui para alem de publicidades ocasionais.

          Mas olha… ainda na srmana passada almocei e passei a tarde com um campeao nacional no SLB que me disse q segue desde o inicio o blog, ainda nem estava no slb nem era titulado… e q tb me disse o qt foi uma pedrada no charco o “lateral esquerdo”

          • Eh pá, para perceber o quão foi uma pedrada no charco basta ver a quantidade de chavões que uns comentadores passaram a usar depois de os lerem pelo LE. Não quer dizer que os percebam, mas se a minha vida fosse isto e eu ainda dissesse barbaridades daquela ordem, demitia-me e dedicava-me à pesca.

          • Pedro, já te dei os parabéns pela LE e pela importância que este teve e continua a ter na discussão do que interessa no jogo. Para mim isso é mais importante que perceber quem foi ou não pioneiro. Será sempre uma discussão estéril e isso pouco interessa. O que realmente é relevante é o que cada um de nós pode acrescentar ao jogo. A marca que deixamos a quem treinamos, como treinamos e os resultados alcançados. No meu caso pessoal, o sucesso que tive(relativo e a uma dimensão menor), de forma humilde, assumo que foi fruto de muitos responsáveis mas na hora em que não ganhei fui sempre coerente com as minhas posições e valores, assumindo as minhas responsabilidades, sem subterfúgios. É dessa forma que entendo o futebol. Servi-lo e não me servindo dele a qualquer preço.

          • Pedro, obrigado pelas palavras.

            “No meu caso pessoal, o sucesso que tive(relativo e a uma dimensão menor), de forma humilde, assumo que foi fruto de muitos responsáveis mas na hora em que não ganhei fui sempre coerente com as minhas posições e valores, assumindo as minhas responsabilidades, sem subterfúgios. É dessa forma que entendo o futebol. Servi-lo e não me servindo dele a qualquer preço.”

            esta parte não percebo o que se relaciona com o “Lateral Esquerdo” ou comigo para aparecer aqui, mas se quiseres explicar podes e deves fazê-lo.

            PS – nao sabes…mas há uns 15 anos tivemos uma reunião no Loures 🙂 com a possibilidade de eu lá entrar. Eras o coordenador, se não estou em erro!

  7. “tudo o que Messi ia acrescentando ao seu jogo era influenciado de maneira mais que óbvia por aquilo que o Cristiano já fazia em Manchester e só um cego não vê isso.

    Caro Nuno esta foi boa demais, sem dúvidas o melhor comentário que já li por cá , realmente todos devemos estar muito cegos 🙂

  8. Pedro parece-me um texto demasiado “defensor de uma opinião muito própria” e que depois de mais um deslize de uma equipa de Guardiola houvesse essa quase “obrigatoriedade” de defender a vossa própria opinião. Não sou da opinião que Guardiola tenha revolucionado o futebol, é um treinador excepcional que fez um trabalho magnifico no Barcelona e que teve uma equipa a jogar talvez o melhor futebol da historia, mas teve-o por circunstâncias muito próprias, uma fornada de jogadores extraordinários que vinham com anos de jogos juntos e com processos mais do que automatizados, a juntar a isso tinha um jogador que faz tudo com uma simplicidade tamanha que parece de outro mundo. Mas se quem jogam são os jogadores, o(s) treinador(es) é(são) peça essencial em todo o processo, será por exemplo que o Atlético de Madrid renderia tanto com outro treinador? (não estou a defender o modelo de Simeone), ou o Barcelona teve o mesmo rendimento com o Tatta? Claro que não, e a verdade é que Guardiola nos últimos tempos não tem feito nada de relevante, num campeonato muito desigual e que a diferença de qualidade (jogadores) do Bayern para os outros é abismal é normalíssimo ser campeão, para além disso ficará para sempre a sombra de o antecessor ter no ano transacto ao que ele chegou ser campeão europeu. E como foi Guardiola eliminado nos últimos 4 anos de champions?
    Ultimo ano no Barcelona (2-3) contra o Chelsea de Di Mateo.
    1º ano no Bayern (0-5) contra o Real Madrid de Ancelotti
    2º ano no Bayern (3-5) contra o Barça de Luis Enrique
    3º ano no Bayern (2-2 *vantagem do golo fora) contra o Atlético de Simeone

    Ou seja contra equipas com jogadores do mesmo nível foi vergado claramente, contra equipas com jogadores inferiores foi eliminado, apesar disto serem só números, é claro que tem havido uma dificuldade das equipas de Guardiola jogar contra equipas do mesmo nível, e até mesmo contra equipas bem “treinadas” como aconteceu contra o Tottenham. A verdade é que Guardiola tem esta época um desafio grande, provavelmente até maior que quando treinou o Barça e será muito mais avaliado por isso, o foco está sobre ele e a contestação também, e ser bom treinador é também ser inteligente para passar as adversidades e se há coisa que não me parece que ele o seja o suficiente.

    E explico esta ideia com duas coisas completamente opostas, mas que ambas fazem parte do processo de uma equipa, a questão emocional, fico com algumas duvidas se Guardiola é um bom gestor de balneário, jogadores e adeptos. Chocar contra grandes nomes do futebol nunca me parece o melhor caminho, Mourinho não teve êxito com esse modo no Real, Guardiola não o teve no Bayern e não sei se o estará a ter no City, teve conflitos com Ribery e Roben no Bayern que para os adeptos eram as verdadeiras estrelas, teve logo à chegada ao City com Hart, seria tão difícil treinar o redes para se adaptar as ideias de jogo do treinador, quando vai ser cobrado agora a Guardiola e a Bravo por cada falha deste?! Claro que é o risco e o querer fazer prevalecer as ideias, mas a inteligência também está muito associada a esta gestão de conflitos. Outro caso simples, tirar a net aos jogadores foi bom? Será que eles estão contentes? Porque já vieram falar?…

    Do lado oposto está a sua performance contra o Barcelona, haverá algum treinado que conheça melhor o Barcelona? Conhece melhor todos os movimentos de Messi? As ultimas duas viagens ao Camp Nou foi brindado com um 3-0 e um 4-0, para alguém tão revolucionário tem números muito pesados, incrível, como as equipas de Guardiola não conseguem travar o Barcelona e se há alguém que o devia saber fazer era ele.

    Não quero com isto dizer que Guardiola não seja um treinador top, porque o é claramente, tem uma ideia do jogo fantástica e privilegia o futebol ofensivo como poucos, mas por vezes é preciso também ver o outro lado, e o outro lado de Guardiola não é assim tão perfeito, mas claro que isso ninguém o é! 😉

  9. RB, eu nao acordo e lembro.me de dizer q o le foi uma grande infleuncia p todos. .. São eles proprios q me dizem! De comentadores a treinadores! Pouquissimos sao os tr de 1a liga q nc aqui pararam…comentadores entao devem ser tds. O q mt me orgulha, claro.

    PS – ainda ontem um tr portugues de sucesso em inglaterra mencionava o LE no seu fb…

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