AS Monaco – Algumas notas

Na luta pelo primeiro lugar da Ligue 1, com o melhor ataque da competição, já apurado para os oitavos-de-final da Liga dos Campeões quando ainda falta uma jornada da fase de grupos, o AS Monaco vai surgindo como uma das sensações desta temporada. Leonardo Jardim não acumula fama de espetacularidade em França, mas a sua capacidade para formar equipa a partir daquilo que lhe é oferecido tem merecido um cada vez maior respeito de quem analisa o jogo. Com Bernardo Silva a apresentar-se no seu ano de confirmação, volta a sentir-se no Principado a esperança em alcançar um título.

Simplicidade e Talento

O momento ofensivo do AS Monaco não prima pela elaboração, mas sim pela capacidade dos seus jogadores explorarem as características que os diferenciam.

saída de bola
Distância entre linhas na saída de bola, procurando muitas vezes um passe em profundidade para o extremo.
Criação de superioridades a partir das faixas laterais, com entendimentos entre lateral, extremo e avançado.
Criação de superioridades a partir das faixas laterais, com entendimentos entre lateral, extremo e avançado.
Os extremos surgem muitas vezes por dentro, quer para dar linha de subida dentro do bloco, quer para permitir as subidas dos laterais.
Os extremos surgem muitas vezes por dentro, quer para dar linha de subida dentro do bloco, quer para permitir as subidas dos laterais.
Em 4-4-2, a equipa apresenta dois avançados muito agressivos no espaço da área.
Em 4-4-2, a equipa apresenta dois avançados muito agressivos no espaço da área.

E depois há Bernardo Silva. Um jogador que, com o seu talento, encontra o espaço ideal nas dinâmicas que lhe são proporcionadas pelo coletivo. Ora no corredor lateral, ora no corredor central. Escolhendo o momento certo para libertar a bola ou chegando na área para finalizar.

Agressividade e recuperação

A agressividade é uma palavra em voga na análise do AS Monaco, já que da mesma maneira que a equipa ataca muito bem os espaços no momento ofensivo, também a defender se posiciona para não permitir grandes liberdades aos seus adversários.

4-4-2 a defender, sempre com um elemento a policiar o espaço entre linhas.
4-4-2 a defender, sempre com um elemento a policiar o espaço entre linhas.
Bakayoko ou Fabinho, a descer para não permitir igualdade numérica na disputa da bola.
Bakayoko ou Fabinho, a descer para não permitir igualdade numérica na disputa da bola.
Sempre que o adversário perde conforto no controlo da bola, subida rápida da linha intermédia para fechar possibilidades de construção. A bola será recuperada no segundo seguinte.
Sempre que o adversário perde conforto no controlo da bola, subida rápida da linha intermédia para fechar possibilidades de construção. A bola será recuperada no segundo seguinte.
O princípio que serve o ataque, também serve a defesa. Extremos dentro para ganhar vantagem numérica no corredor central.
O princípio que serve o ataque, também serve a defesa. Extremos dentro para ganhar vantagem numérica no corredor central.

O desafio de superar o Paris SG na Ligue 1 é complicadíssimo. Mas o AS Monaco vai-se preparando para brilhar sempre que joga com equipas superiores. Isso vale-lhe capacidade de luta no seu campeonato e a possibilidade de repetir sucessos na Liga dos Campeões.

Sobre Luís Cristóvão 103 artigos
Analista de Futebol. Autor do Podcast Linha Lateral. Comentador no Eurosport Portugal.

15 Comentários

    • Bernardo nunca será um jogador do tipo de Messi, que desequilibrando de todas as formas, é sobretudo a quebrar linhas em posse que mais vezes faz a diferença. Bernardo não é isso, apesar de ter características técnicas para isso, parece-me que lhe faltam um pouco de capacidades condicionais para ser esse jogador.

      No barça veria bernardo muito mais como um novo iniesta ou um novo Modric, se fosse no Real.

      • DAP, também me parece.

        O Bernardo tá longe de ter ou poder ter a explosão de um Messi. A nível de finalização também tem muito que trabalhar. (não falo só de remate em específico mas saber em que zonas aparecer, etc).

  1. Sem ponta de ironia, Bernardo Silva até a lateral esquerdo seria top.

    É indecente ter saído de Portugal se nunca ter cá jogado… a sério.

    • Acho injusto dizer-se isso e os benfiquistas adoram dizê-lo, por acharem no assunto uma boa oportunidade para cair no Jesus mas há duas coisas a ter muito em conta:

      1- o BS não era nem de perto no Benfica o jogador que é no Mónaco
      2- os titulares do Benfica nas posições em que ele poderia jogar eram só o Gaitan, o melhor Salvio do Benfica, o melhor Markovic da sua carreira e um Rodrigo a emergir. Portanto o que se passava se Jesus tirasse um destes para colocar BS é que iriam cair em cima dele na mesma… Sendo que, não foi o Jesus quem vendeu o BS ou foi? Vão dizer o quê? Que Jesus mandava no Benfica e que ele é que obrigou o Vieira a livrar-se do Bernardo, do Cancelo e de outros tantos? Não o podem, o Vieira nem contava com o Jesus para muito mais anos, vendeu porque quis, ponto

  2. Qual é o elemento a policiar o espaço entre linhas nesta imagem?

    http://i1.wp.com/www.lateralesquerdo.com/wp-content/uploads/2016/11/ASM-Recuperac%CC%A7a%CC%83o-Defensiva-Sobe-Linha.png?resize=768%2C389

    Eu se não soubesse que o futebol se jogava com 11 até pensava que o Mónaco não tinha defesas.
    E os 2 extremos a jogarem lado a lado no meio-campo estão a fazer o quê? Que vantagem traz isto?

    Esta análise fez-me crer é que o Mónaco ganha porque tem grandes jogadores. O resto faz-me lembrar o NES, horrível.

    • DC, estamos a apontar para o mesmo.

      Elemento a policiar entre linhas não está nessa imagem porque, como é referido, o adversário perdeu o conforto na posse.

      Não houve um aponta de vantagem no momento ofensivo do Monaco. Houve um assinalar de que os extremos procuram dar linha de passe dentro.

      Se leres o artigo, percebes que isto está implícito que a qualidade individual tem muito peso no sucesso da equipa e é isso que é valorizado pela sua forma de jogar.

      • O adversário perdeu o conforto da bola, o meio-campo pressiona, mas a linha defensiva não acompanha. O que cria uma autêntica clareira entre linhas.

        E sobre os dois extremos dentro, dizes que é para dar linha de subida dentro do bloco. Ora estando a bola onde está, eles não vão é dar apoios ao portador da bola. Logo a bola para entrar dentro do bloco entra como ali?

        Não percebi que estava implícito isso. O Mónaco parece-me, por esta análise, uma equipa com princípios muito maus. Mas o que dizes é que pode ter sucesso na Champions. Parece-me contraditório.

        • Há uma clareira entre linhas nessa ocasião. O lance foi selecionado porque é um exemplo de pressão sobre as linhas de passe que leva a equipa a recuperar a bola.

          Uma vez mais, selecionei a imagem para demonstrar a presença clara dos extremos por dentro. Mas este até é um lance em que o passe acaba por sair na profundidade.

          Eu estou a indicar tendências da equipa, tu estás a analisar as fotografias.

          Digo que o Monaco tem princípios muito simples, apostando forte no talento. E que desta maneira pode repetir os sucessos que já teve, com o Leonardo Jardim, na Champions.

          Uma coisa é o que eu gostava que acontecesse, outra é o que acontece.

    • Comparar o Jardim ao NES é dose. Um é só o melhor ataque da liga francesa tendo média superior a 3 golos por jogo já com 14 jogos realizados, o outro nem a jogar 50 minutos contra um Belenenses com 10 e em casa, sabe o que é criar superioridade numérica em zonas de finalização. Dizer que o Mónaco só se safa por ter grandes jogadores também não faz grande sentido, a diferença do Porto para as restantes equipas do campeonato português é infinitamente maior que a do Mónaco no campeonato francês.

  3. Ora aqui está algo que pedi muito.

    Muito boa análise e artigo. Este Mónaco pode fazer uma gracinha na Champions, ao estilo do Dortmund no ano em que foi à final… quanto ao campeonato é a 3, sendo muito complicado pois a nível de individualidades o PSG vai muito à frente mas por vezes há um Leicester, uma Seleção Portuguesa, um Leipzig e um Mónaco (esperemos nós para bem da não-monotonia no futebol).

    Cumprimentos futebolísticos 🙂

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