Um FC Porto de (más) decisões com bola

Muito se tem falado dos posicionamentos do FC Porto nos seus momentos com bola. Há porém, algo para além dos posicionamentos que é absolutamente determinante para o sucesso / insucesso. A forma como cada jogador e como a equipa enquanto colectivo, identifica o que se está a passar no jogo, para posteriormente enquadrar as suas decisões.

À data o que se percebe é uma dificuldade muito grande de muitos dos azuis e brancos para identificarem o momento e a situação de jogo que enfrentam. Não o identificando, dificilmente saberão tomar decisões correctas, que aproximem a equipa do sucesso.

É um FC Porto sempre muito pouco paciente com bola. Tantos são os azuis e brancos que não identificam se estão em organização ou transição, e o que está a pedir o jogo no momento em que tocam a bola. De momento, é um Porto que confunde e não percebe o jogo do ponto de vista táctico. É uma equipa que força as saídas pelo mesmo corredor, independentemente do espaço recomendar outras soluções. É um Porto sôfrego na sua construção e criação. Quer ter a bola próxima da baliza adversária a todo o instante. Por isso não se coíbe de esticar demasiadas vezes a bola no seu corredor. Os corredores laterais não são usados como meio para atrair, mas sim como um fim para colocar a bola uns metros mais adiantada. Não há paciência para elaborar cada ataque em organização. Quase todos se comportam no timing e no enquadramento das suas acções como se o adversário estivesse desorganizado, como se o jogo fosse só de transição ofensiva, procurando a baliza adversária o mais rápido possível.

Não há jogo de toque, nem de espaços. Há uma equipa que ataca sem qualquer critério. Sem maturidade. Tacticamente, o FC Porto é uma das equipas menos completas de toda a primeira liga portuguesa.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

1 Comentário

  1. Fantásticos! Únicos! E com uma cadência cada vez maior de artigos. Parabéns!

    Pegando neste caso, uma coisa será a percepção individual de cada situação de jogo. Mas se globalmente este é um “traço” que se repete em cada jogo, “só” pode vir do treino também, não? E como pode ser lá trabalhado de modo a mudar comportamentos em jogo e conseguir replicar muitas vezes?

    Outra coisa que perturba é como foi possível jogar “outro” jogo contra o Benfica? Principalmente na primeira parte. A excepção “boa” à regra “má”.

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