Um SL Benfica diferente

Foi um Benfica diferente, aquele que se apresentou hoje no estádio da Luz.

O Nápoles é, porventura, a equipa europeia que melhor explora o jogo interior desde a fase de construção.

Hoje, tanto Gonçalo Guedes como Jiménez, apresentaram lacunas na forma como coordenaram a 1ª linha de pressão benfiquista.

A facilidade, já habitual, com que o italianos constroem, foi potenciada por comportamentos débeis dos avançados. A cobertura ao jogador que pressionava nem sempre esteve presente e as trocas, nem sempre foram feitas nos tempos corretos. Isto libertou espaço para que os centrais pudessem ligar com o médio defensivo.

Outro dos problemas visíveis na Luz esteve relacionado com posicionamento defensivo de Salvio.

Em organização defensiva, o argentino juntou-se ao sector defensivo, formando uma linha de 5. Esta dinâmica retirou capacidade de pressão ao meio campo do Benfica.

Com esta decisão, a linha média ficou reduzida a 3. Pizzi, Fejsa e Cervi foram os jogadores responsáveis por controlar toda a largura e profundidade do meio campo!

Os desequilíbrios foram surgindo com facilidade. Estes dois problemas acabaram por se relacionar e a situação tornou-se ainda mais difícil de controlar.

Sobre Bruno Fidalgo 83 artigos
Licenciado em Ciências do Desporto. Criador e autor do blog Código Futebolístico. À função de treinador tem aliado alguns trabalhos como observador.

23 Comentários

  1. Jimenez e Guedes foram débeis porquê? Por estarem em inferioridade numérica juntamente com o meio-campo do Benfica e não conseguirem chegar a todo o lado? O Salvio juntava-se à última linha do Benfica pk? porque lhe dava na cabeça? ou indicação do RV? Então que se fale no RV e do falhanço que foi toda a estratégia dele para o Benfica neste jogo. Já muito fez o Jimenez no que a pressão diz respeito e nem ’tou a pensar particularmente no golo.

      • Mas em inferioridade numérica contra este Nápoles quase todos mostrariam dificuldades.

        Dou razão ao Nuno, e apesar de a abordagem ao jogo do RV/SLB não ter de todo funcionado, é compreensível.

        Salvio a recuar para impedir um 4vs4 (DE + 3 AVs) com a linha defensiva, com duas motas e um Luisão a jogar.
        Equipa muito baixa e raramente a conseguir sair da pressão com qualidade, o que foi fazendo com que o Nápoles crescesse no jogo e ganhasse mais confiança.

        Penso que teria sido uma boa solução a entrada do Samaris para a saída do G. Guedes, com o Pizzi a passar para uma das laterais, de modo a poder ter mais bola. A pressão do Nápoles claramente teve em conta anular o jogo de Pizzi, com um adversário sempre perto dele.

        Para terminar o meu post, sabemos que não é nenhuma novidade, mas aquela linha defensiva do Nápoles é mesmo top! O rigor com que o Koulibaly está sempre a ajustar os apoios é fantástico!

      • No vídeo o que vês é um 7×5 a favor do Nápoles e um Pizzi a marcar o ar e completamente à toa sobre o que fazer.

        Já agora que falhas é que viste do Jimenez neste lance? Não querias que ele e o Guedes marcassem 4 homens… querias?

        • E um vídeo de segundos vale sempre o que vale, também posso pegar no Éderson a colocar 2 bolas fora e dizer que não é grande coisa com os pés, no entanto isso não é verdade apesar de estar documentado no vídeo que EU escolhi de 2 LANCES ISOLADOS.

          • se achas que colocamos lances isolados e q n procuramos perceber tendências, nem sei pq nos segues… afinal isso seria desonesto

        • Isto não tem a ver com marcações mas sim com a correta ocupação dos espaços.

          O Guedes e o Jiménez não conseguiram impedir que a bola entrasse no médio defensivo por duas razões: não realizavam a cobertura em diagonal quando um deles pressionava o central do seu lado; no momento de troca (um sair do espaço do 6 para pressionar o central com bola e outro baixar em diagonal para proteger o espaço central) não o faziam de forma correta..esperando que a proteção desse espaço chegasse para depois acelerasse sobre o central com bola. Isto é evidente no vídeo e ao longo do jogo!

          Este vídeo representa e evidencia aquilo se passou durante o jogo.

          • “Isto não tem a ver com marcações mas sim com a correta ocupação dos espaços.”

            Caro Bruno Fidalgo

            Não, isto tem a ver com a marcação: Guedes recua porque Pizzi não marca e deixa livre o jogador do Nápoles no grande círculo.

    • Nuno,

      Independentemente do erro estratégico do RV e inferioridade numérica, o Jimenez nao soube identificar (ou identificou tarde de mais) quais os espaços deveria cobrir/condicionar. Gonçalo Guedes provavelmente foi levado no erro do mexicano, uma vez que com Mitro, sempre conseguiram ser mais eficazes nesse momento e condicionar a saída pelo corredor central do adversário.

      Penso que, se RV queria ter mais um elemento na defesa, teria nesse caso de puxar para o meio campo o Guedes, o Jimenez ficaria exclusivamente preocupado em fechar o medio defensivo, podendo desta forma, tal como o maritimo fez permitir a saída de um elemento da defesa em caso de alguma bola entrar no espaço entre linhas (meio campo-defesa).

      Caso fosse esta a estratégia de RV, parecia um Benfica a jogar à Guimarães. Mas já se sabe que RV contra equipas de um poderio (falo a nível individual) semelhante ao Benfica é quando tem mais dificuldades pq nao sabe que estratégia utilizar, de resto isso é notório ao longo dos jogos com Sporting, Porto, Napoles…

      As dificuldades começam, quanto a mim, quando estas equipas conseguem fechar a construção do Benfica o que nem é assim tão difícil, pois o Benfica utiliza frequentemente entre 5 a 6 jogadores para o processo, o que torna fácil ser asfixiado. Depois disto acontecer o Benfica deixa de ter jogo ofensivo e começa a destabilizar-se pq nao se sente confortável. E depois, no caso de ontem aliado a uma capacidade enorme de jogar no corredor central, deu o banho de bola que se viu.

  2. Bem visto sim. Só pergunto se a lentidão do Luisao e a insegurança q isso gera perante avançados rápidos não está na origem desse posicionamento, claramente infeliz para um jogo como o de hoje.

    • Não me parece. A lentidão do Luisão nunca foi grande problema. Acho que o posicionamento do lateral esquerdo, sempre profundo.. e a derivação do Insigne para zonas interiores, terão sido as razões da mudança.

  3. Para (tentar) controlar o espaco entre o Luisao e o Semedo, o RV desprotegeu o meio. O modo como o Fejsa era arrastado foi um bocado mau. Dos avancados, pareceu-me que foi o Jiménez o que mais tarde demorava a reagir a perda. Ele pressiona bem quando lhe cheira a golo. Nos outros momentos todos, ate o Mitroglou me parece ter melhor nocao dos terrenos a pisar. Quanto ao mais, grande Napoles, um dos melhores colectivos a nivel europeu, parecia que tele-comandavam a organizacao defensiva do Benfica. Mas era so passe, posicionamento e inteligencia.

  4. Se houvesse bom jornalismo desportivo em portugal, teria-se perguntado pós jogo ao RV porque raio optou por uma organização defensiva em 5-3-2, logo contra o nápoles.

    Estou incrédulo ainda. Sinceramente gostava de saber o que passou na cabeça do RV para chegar a esta conclusão que seria uma boa estratégia.

  5. Ha um lance ainda na primeira parte, em que se nota que o Luisao ainda eh rapido onde faz a diferenca. Conseguiu impedir uma construcao rapida do Napoles, forcando a bola para a cobertura mais uma vez, enquanto o resto da equipa toda ja baixava rapidamente para evitar bola nas costas.

    A falta de coordenacao entre Guedes e Jimenez foi gritante. Este video fica delicioso a mostrar isso mesmo. O Jimenez ate acaba por ir para o sitio certo, vai eh tarde demais, e com tempo e espaco… fica muito mais facil brilhar.

    O video eh aos 26 minutos, nessa altura, a concentracao na tarefa e a disponibilidade para a realizar tem de existir.

    Boa dica a do Salvio! Ainda ajuda mais aquilo que tinhamos falado. 3 jogadores a ter ocupar toda a largura do campo, fica impossivel. Nao ha hipotese de manterem Contencao, cobertura e equilibrio em 60 metros.

    • Exato. Depois este Napóles, com estas facilidades, brinca com isto. Vão dentro, vão fora…forçam dentro…tudo com muito mais à vontade.

  6. Mais uma excelente análise.
    Enquanto via o jogo, e penso que até tera sido mesmo nesta altura, dei por mim a contar os jogadores da linha defensiva, e vi que eram 5, e perguntei a mim mesmo porque razão estava o salvio nessa linha. Mais, a dificuldade entre coordenação da pressão dos avançados do Benfica a pressionar e o outro na cobertura. Dá-me a impressão que com o mitro, o Guedes ja se entende melhor, ou então é mesmo o mitro que é melhor jogador que o Jimenez (acho que isso nem é questão). Por último, queria perguntar, o fejsa não costuma jogar mais do lado esquerdo do campo? Não terá sido posto ali para “andar em cima” do hamsik?

    Mas incrível mesmo foi o que esta equipa do Nápoles jogou. Até comentei com um colega meu, o Benfica ate tem as linhas juntas, mas o Nápoles joga entre linhas com uma facilidade tremenda.

    Ainda bem que o Benfica não joga contra equipas deste calibre todos os domingos. E por falar em domingo, vem aí mais um festival de futebol na luz. Pena nao ser do Benfica.

  7. Bruno, era relação à OO do benfica logo aos 8′ e aos 16′ b^-se duas vezes o Lindelof a sair a jogar, era isso que tu falavas no podcast?

    já em relação à organização defensivamente, onde me custou ver mais o benfica, e acho estranho nao falarem sobre isso foi a quantidade de vezes que o AA foi batido nas costas? São erros de posicionamento dele, ou não tinha ajuda do Cervi ou do Pizzi o que originava sempre um 2×1 no lado contrário da bola?

    • Era isso mesmo. Até referi no Código.

      Com a linha média a defender a largura toda com 3 jogadores, é natural que as zonas de pressão nos corredores laterais não tenham a mesma qualidade.

  8. Sobre o jogo com o Napoles e correndo o risco de ser muito redutor, direi que o SLB jogou demasiado amarrado. Primeiro tácticamente e depois em consequência, na alegria do jogar. O posicionamento e a atenção quase exclusiva do Fedja nas acções do Hamsik, levou-o a não jogar na sua posição, desviando-se para zonas estranhas e obrigando o Pizzi a recuar e ser demasiadas vezes o “6”. A partir daí, e com esta subversão ao que é a forma de jogar da equipa, foi hipotecada a organização ofensiva da equipa e “aldrabada” a coesão central no que se refere a tarefas colectivas do defender. E depois por arrastamento todo o resto. Para mim, a responsabilidade do fraco jogo do SLB esteve na ideia de jogo para defrontar o Nápoles. E vendo o SLB jogar ás vezes apetece cantar” Ai mete o pé, mete o pé, mete o pé, faça assim, assim como eu”… tal não é macieza que por lá anda.

  9. Já no Estádio tive esse perspetiva, o Salvio demasiado recuado mas na altura pensei que podia ser instrução do RV ao argentino. Na verdade o Benfica defendia muitas das vezes em 5x3x2, com Semedo, Luisão e Lindelof no meio, Almeida na Esquerda e Salvio na Direita, com Cervi, Fejsa e Pizzi no miolo, o que acabou por se tornar um convite para o Napoli explorar o corredor direito do Benfica onde havia quase sempre muito espaço.

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