FC Porto apaixonante e cheio de desequilíbrio no Dragão.

Na última partida da fase de grupos da Liga dos Campeões, o Dragão a poder observar o regresso do 442 no momento defensivo da equipa de Nuno.

Poderá a lesão de um elemento da equipa ter efeitos benéficos? Foi precisamente isso que sucedeu no FC Porto. A saída de um perdido Otávio, vistoso com bola e agressivo sem ela, mas tantas vezes demasiado inconsequente, trouxe de volta o desequilibrador Brahimi.

O argelino tem a invulgar capacidade de atrair meia equipa adversária a si, tal a facilidade com que dribla quem lhe sai ao redor. Hoje, com o autêntico absurdo que é o nível técnico de um confiante Corona num corredor, e com a facilidade com que desmonta organizações do argelino do outro lado, o FC Porto tornou-se incrivelmente mais perigoso, e capaz de desequilibrar em cada espaço do campo.

Tudo porque há Oliver que não perde uma bola nem um passe, a ligar com paciência e assertividade o jogo dos azuis e brancos.

São imensos os jogadores do FC Porto com recursos técnicos, que os tornam capazes de sair com tremenda facilidade perante opositores que revelando menor prudência saem para “morder”. E isto é uma vantagem incrível, se souber todo o FC Porto ser uma equipa paciente quando tiver a bola. A bola não pode descansar somente nos pés de Oliver.

Quando Maxi e Telles, refrearem o habitual ímpeto de esticar em espaços fechados, e procurarem mais vezes soluções no corredor central, mesmo que no momento sejam passes aparentemente menos ofensivos, agora que os próprios Marcano, Felipe e Danilo, também já esperam pelo momento para ligar ofensivamente as fases ofensivas pelo chão, poderá o FC Porto ter toda uma equipa com prazer pelo domínio. E ir lá roubar, contra quem sai do 1×1 com a facilidade com que saem os jogadores ofensivos do FC Porto, será um suicídio…

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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

6 Comentários

  1. Já há mais de um ano que não comento mas quero dar-vos os parabéns pelo makeover recente que fizeram no blog a todos os níveis. Esta “profissionalização” há muito que era um passo inevitável e fundamental. Mantenham-se longe de fundamentalismos e de posturas demasiado arrogantes, porque as caixas de comentários ressentiram-se disso ao longo dos anos, sem ideias divergentes e abertura para outras formas de ver o jogo não há discussão e sem discussão não há evolução. Sempre continuei a seguir e já fiz o meu contributo no patreon porque a qualidade deve ser paga.

    Quanto ao post, o que se pode esperar realmente deste Porto? 3 ou 4 jogos com dinâmicas ofensivas muito acima da média e outros de uma pobreza franciscana e ideias completamente opostas. Como se justifica isto? As coisas boas são só provocadas pela qualidade absurda de alguns elementos ou há aqui trabalho? Pelas análises que aqui têm feito já usaram o Porto como exemplo a seguir e a evitar, e é estranho ver uma equipa tão bipolar numa mesma época.

  2. Obg pelas palavras. Ha algo q na minha opiniao poderá ajudar a perceber a bipolaridade e é um handicap deste FCP… do meio p a frente sao demasiados miudos. Talento mas pc maturidade… mta oscilação… mm nas decisoes.. mt influenciadas por estados animicos..

    Mas é só uma teoria..

  3. Percebo o que se diz. Melhor desempenho individual e coletivo sim, mas acho que não pode ser um “bom barómetro” devido à “ausência global” adversária. Demasiado “fora dali”. Surpreedeu-me porque esperava, dentro do lado “básico” dos seus processos, mais nervo do Leicester.
    Curioso porque pensei que o NES fosse meter era mais gente no meio (talvez 4-3-3) para jogar na supremacia interior (3 vs.2) contra o habitual 4-4-2 de Ranieri. Foi o contrário. Deixou “só” Danilo e Oliver. Pensei que em cobertura fossem sofrer. Mas havia Jota a sair e cair mais baixo na entrelinhas.
    Perturba tentar perceber a montanha russa que é a performcance deste FCP entre e dentro dos jogos.

  4. Achas o Otávio assim tão inferior ao Brahimi?
    Eu percebo o que dizes, mas o Otávio também é muito forte a decidir em espaços curtos e traz muito ao Porto. Só que ainda não tem a capacidade de Brahimi no 1×1 e às vezes prende se muito à bola.

    Mas claro, esta é uma avaliação de leigo!

  5. Se eu pudesse dar UMA sugestão por aqui, era facilitar a procura por textos mais antigos por cronologia. Ha muito tesouro escondido por aqui, que`às vezes se pode rever em uma passagem rapidas de paginas e… lá está, o texto que nem esperavas ler, mas que tem uma qualidade impressionante, porém esquecido.

  6. Para tentar entrar no problema levantado pelo raiz redonda – e deixando claro que não pervebo muito do assunto e tão pouco vi mts jogos completos do porto – parece-me que há duas constantes a assinalar.

    A primeira é que os melhores jogos do porto parecem ser invariavelmente contra equipas que têm mais responsabilidades em pegar no jogo: Roma, Benfica, Leicester e mesmo Braga.

    A segunda, que certamente contribuirá para a primeira, é que estas equipas – talvez exceptuando o Leicester – colocam mais gente mais à frente, fazendo com que a segurança do processo de construção do porto possa fazer sentido. Em certa medida, as unidades a mais na construção prendem também mais adversários, deixando mais espaço para que os poucos que se encontram nas linhas mais avançadas do fcp encontrem menos oposição. Neste jogo com o leicester – de que só vi tv 15 minutos entre os 10 e os 25 – o porto construia com os 4 defesas mais o danilo e o oliver. 6 jogadores par cá dos 11 do leicester. A diferença, se bem me lembro, mas posso estar enganado, é q c estas equipas, passada a primeira linha de pressão não baixavam tds os adversários. Coisa que não sucederia com o chaves, o arouca ou o tondela.

    De resto, os movimentos ofensivos parecem-me relativamente fracos. Ainda com o Braga -vi tv 10 minutos algures no final da 2ª parte – o brahimi poderia deixar o def esq solto na linha para centrar ou, tendo pés, flectir para dentro dp de passado o defesa em profundidade, e acaba por puxar dentro e fazer um centro de pé trocado. Vale-lhe que os colocou – penso – no segundo poste onde talvez a bola possa ser atacada já de frente. Mas não deixou de parecer uma má decisão das duas vezes, já que não havia espaço e alguém com quem trocar bola pelo interior.

    Assim de repente, parece que o porto continuará a passar por dificuldades contra equipas q joguem concentradas atrás. Até pela capacidade de alguns jogadores terá sempre remates, algumas jogadas perigosas, etc, mas não estou certo de que, mantendo este conservadorismo na construção, consiga manter este nível exibicional.

    Por outro lado, talvez o pb tenha razão: a idade tb pode ajudar à precipitação. A minha dúvida é: será que o modelo ou a dinâmica de jogo, vá, não ajuda ainda mais?

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