Temos de reconhecer que o Benfica tem muito mais qualidade e intensidade que o Rio Ave, e em jogos desta natureza o lado estratégico tem de ser muito bem trabalhado. É diferente abordar um jogo com os padrões que vínhamos tendo e este.
Luís Castro, revelando algo já abordado no “Lateral Esquerdo” num podcast recente, pós vitória do Marítimo sobre o SL Benfica.
Na actualidade, para se vencer qualquer um dos três grandes, há que conseguir combinar três factores absolutamente decisivos. Bastará a exclusão de um dos, para que as hipóteses de tal suceder se minimizem praticamente a zero.
- Modelo de Jogo. Um modelo bem estruturado. Pensado e que consiga garantir mínimos de qualidade nos posicionamentos em cada momento do jogo;
- Estratégia. Adaptações obrigatórias mesmo mantendo o modelo, em função das características totalmente diferentes do jogo. Diferentes porque perante adversários substancialmente melhor apetrechados;
- “Sorte” expressa numa eficácia que terá de ser invulgar e bastante superior à do adversário. “Sorte” porque consegui-lo nunca é fácil, e muito menos quando na frente a finalizar estão jogadores com menos capacidade que os outros, que para além de melhores ainda terão mais bolas de “golo”.
Muito se procurou um “pai” para a vitória do Braga em Alvalade. Há vários. Os maiores serão naturalmente os jogadores. Sem um modelo de jogo já estruturado e com qualidade, nunca Abel teria tido sucesso. E é absolutamente impossível chegar lá com três dias de trabalho. Portanto, não ignorar que também José Peseiro poderá beber do triunfo.
Se derem oportunidade ao Abel, ele vai chegar lá acima
A mensagem que me chegou, dois dias antes do jogo de Alvalade, escrita por quem foi colega do treinador do Sporting de Braga, durante um bom período da sua passagem pelo Sporting, despertou-me a curiosidade.
Apesar do “modelo” e mesmo que houvesse a sorte, muito dificilmente o Braga venceria em Alvalade sem estratégia. E aqui entrou Abel. O Braga foi estrategicamente totalmente diferente em Alvalade do que havia sido na Luz e no Dragão, e isso foi absolutamente decisivo no resultado final. Pese embora a eventual importância que também teve a entrada de alguns jogadores com perfil de decisões diferente dos que Peseiro levou a jogo na Luz ou no Dragão, para o resultado final. Rui Fonte, Alan, Ricardo Ferreira e Xeka de início em Alvalade. Apenas Xeca havia participado num jogo grande antes, na casa do FC Porto.
Enquanto na Luz e no Dragão, jogos onde também colocou dificuldades ao adversário, foi uma equipa que na construção adversária, independentemente do jogo ainda estar empatado, definiu zonas de pressão diferentes, bastante altas, optando por tentar recuperar próximo da baliza adversária, mesmo sabendo que tal afastaria em demasia os jogadores, e não lhe permitia uma concentração de jogadores mais conservadora do ponto de vista do que é mais seguro defensivamente, em Alvalade a estratégia trouxe coisas diferentes. Equipa mais junta, zonas para pressionar mais baixas para permitir que os sectores e os jogadores não se afastassem. Mais paciência para esperar pelo momento, numa equipa menos “pro activa” do ponto de vista defensivo, se pensarmos na recuperação como uma proactividade maior que o controlo.
Pessoalmente, e independentemente dos resultados terem ido de encontro ao que considero melhor (poderiam não ter ido e manteria opinião), parece-me que perante um adversário substancialmente mais forte é sempre uma imprudência estender em demasia a equipa no campo no seu momento defensivo. Parece-me imprudente pressionar na saída da área adversária, e arriscar a que consecutivamente após duas, três combinações, ou um drible, fiquem a sobrar só quatro ou cinco jogadores atrás da linha da bola com mais de meio campo para jogar, contra adversários do nível dos que FC Porto, SL Benfica ou Sporting têm no seu meio campo ofensivo. Nos dias de hoje, nem SL Benfica, nem FC Porto, com equipas incrivelmente superiores à dos adversários arriscam tanto na construção adversária, preferindo manter a equipa concentrada em pouco mais de trinta metros de profundidade. O Sporting quando o fez em Vila do Conde saiu mal tratado.
E ai Abel, estrategicamente foi bastante diferente do habitual Braga na casa dos outros grandes.
Poderia o Sporting de Braga ter triunfado em Alvalade sem o lado estratégico que Abel levou a jogo, e tão bem explicou na conferência? Só com o modelo e a “sorte”? Não acredito.
Da Luz para Alvalade. O mesmo modelo, mas estratégias diferentes. Espaços e momentos definidos para pressionar a condicionar e a mudar toda a realidade de cada uma das partidas.
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Vou-vos fazer um pedido off-topic. Vejo muita gente a dizer mal do avançado do SCP, o André. Eu tenho uma perceção contrária, pelos poucos minutos que ele jogou. Parece-me um jogador que se envolve bem com os colegas à sua volta e que se mexe bem nas zonas de finalização.
Será que arranjam tempo para o analisar?
Como podemos faze.lo se ele n joga…
No pouco tempo que jogou não dá para extrapolar algumas tendências?