“Visão 611”: a hora da colheita está a chegar

Depois de termos publicado um artigo sobre o que avaliar como sucesso na formação, Luís Castro, em entrevista ao jornal A Bola, explica-o com um exemplo prático:

O tempo da formação é diferente. Numa equipa A trabalhamo-la à semana e é avaliada no jogo. Na formação trabalhamos um jogador cinco anos e ele, se nos chegou com 10, passados cinco tem 15. Nessa idade não avaliamos nada. Passam mais cinco, tem 20, e aí podemos avaliar, embora haja jogadores nessa idade que ainda não maturaram. Portanto, estamos a falar em 10 anos de formação. […] Falar que um projeto falhou passados só seis anos… Um projeto que fez uma equipa B campeã, os sub-19 bicampeões, o que raramente acontece, e que forneceu jogadores à equipa A, deu resultados…

As consequências do projeto Visão 611 estão apenas agora a frutificar. Os títulos servem para argumentar com quem apenas entende os resultados. No entanto, e tendo em conta os estudos que apresentámos ontem, bastaria André Silva (titular na equipa principal e já presença assídua na Seleção Nacional aos 21 anos), para que a demonstração dos resultados fosse positiva. Mas há mais. Sérgio Oliveira, Rúben Neves, João Costa, fazem parte do plantel. E há mais valores a sair das escolas de formação do FC Porto.

Para quem anda no futebol, não deixa a mínima dúvida, na forma como intervém na identificação do talento, como propaga as suas ideias de jogo e formação através das inúmeras escolas que tem pelo país, na maneira como as suas equipas de formação jogam, que o FC Porto mudou para muito melhor. Saíram alguns dos principais responsáveis pelo projeto, mas as consequências estão aí para quem as sabe ver. O único “erro” do 611 foi ter prometido resultados em cinco anos. Como as palavras de Luís Castro comprovam, “10 anos de formação”. Prepare-se, quem falou em falhanço, para sentir a realidade a persegui-lo nos próximos tempos.

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Sobre Luís Cristóvão 103 artigos
Analista de Futebol. Autor do Podcast Linha Lateral. Comentador no Eurosport Portugal.

15 Comentários

  1. “Na formação trabalhamos um jogador cinco anos e ele, se nos chegou com 10, passados cinco tem 15. Nessa idade não avaliamos nada. Passam mais cinco, tem 20, e aí podemos avaliar, embora haja jogadores nessa idade que ainda não maturaram. Portanto, estamos a falar em 10 anos de formação.”

    Caro Luís Cristóvão

    Obviamente que Luís Castro mente descaradamente, ou então, não mente porque acredita naquilo que disse. De qualquer maneira, há a óbvia contradição entre o que Luís Castro disse e o que foi e continua a ser feito.

    Os jogadores estão permanentemente a serem avaliados, pois se não houvesse avaliação, não haveria dispensas ao longo dos anos.

    André Gomes esteve entre 2005 e 2008 nas formação portista, para ser dispensado teve que ser avaliado, e o problema nem está na avaliação que deve ter sido a correcta na altura, pois há jogadores que são uma nulidade nas camadas jovens e depois tornam-se grandes jogadores e outros que são brilhantes nas camadas jovens e mais tarde tornam-se medianos. Isso irá sempre acontecer em todos os clubes.

    Sérgio Oliveira prometia muito mas brincava muito nas selecções entre os 17 anos que foi a primeira vez que jogou nos seniores e os 23 quando voltou a jogar na equipa principal portista passaram-se 6 anos.

    A formação precisa de ser melhorada e a melhor maneira é cortar com as brincadeiras nas selecções logo de início para estarem permanentemente sob olho de quem os forma. Isto deve ser transmitido aos jovens jogadores e aos seus pais desde tenra idade e caso não estejam sensibilizados para a renúncia às brincadeiras nas selecções o melhor mesmo é nem entrarem na formação.

    • superleao es um heroi nacional. Da primeira vez que leio um comentario teu que me começa a suscitar algum interesse, porque concordo com a questão da avaliaçao que referiste, consegues como que num passo de magica voltar a virar tudo ao contrario e falar das brincadeiras. fica a sensação que se estivessemos a debater qualquer tema,mesmo que nao fosse do ambito do futebol, irias ter capacidade para relacionar com as seleções (tipo petroleo mais caro, culpa e da seleçao porque tem muitos jogadores de cor e entao as pessoas acham que as cenas negras devem ser mais caras)

      • Caro Carlos Queiroz

        Não é preciso ser herói, basta que os dirigentes dos clubes/sads tenham bom senso, afinal de contas, eles também investiram muito dinheiro nisso, em acções e/ou em tempo.

    • Estava a ser interessante o teu comentário mas depois veio a tua doença com as selecções. Que só enriquecem um jogador, quer na possibilidade de visitar outros países, jogar com e contra outro tipo de jogadores, sentir o orgulho de representar uma nação inteira, crescer com isso tudo e mais alguma coisa.

      • Caro Nuno

        Não pá, doença é pagar milhões em transferências e salários e depois deixar os jogadores irem brincar nas selecções.

        Epá, eu estou a falar de FUTEBOL PROFISSIONAL, se querem falar de orgulho em representar o país é melhor comentarem nos blogs sobre forças militares de elite.

        • Ninguém vai brincar para as selecções e os jogadores nas selecções também são pagos caso não saibas, o “jogarem de borla” é um mito.

          Para complementar o meu comentário anterior em que dava razões para ser positivo a ida de jogadores ás selecções quero destacar que é também positivo para jogadores que não vão, pois obriga-os a esforçarem-se ainda mais nos seus CLUBES tendo em mente atingir o objectivo de chegar à selecção (mais uma motivação para eles).

        • Caro Nuno

          As selecções não são FUTEBOL PROFISSIONAL, logo são uma brincadeira, além disso, prejudicam desportiva e financeiramente os clubes/sads além de desvalorizar os jogadores.

          Os clubes recebem uma gorjeta sobre a utilização dos jogadores pelas federações e só recebem porque os clubes começaram a a abrir os olhos e protestaram e a Fifa deu uma gorjeta para se calarem.

          Os jogadores recebem um prémio extra pela sua participação, além de mamarem o salário no clube sem estarem no clube.

          Não é por acaso que os clubes/sads definham enquanto as federações enchem os bolsos. A partir daí as federações podem pagar treinadores a peso de ouro que ficam indisponíveis para os clubes/sads.

          Os que não brincam nas selecções têm a oportunidade de ocuparem a vaga em aberto deixada por quem brinca nas selecções. Desta vez são os africanos que vão brincar e outros aproveitam o lugar.

          • As Federações são altamente organizadas e profissionais hoje em dia, não estás em 1930.

            Ir com uma seleção a um Mundial, Europeu ou até CAN desvaloriza um jogador? Essa tá boa.

            A única competição que prejudica realmente os clubes em termos desportivos (e com isso obviamente também financeiros) é a CAN, cujo o calendário é só ridículo.

          • Caro Nuno

            As Federações defendem os seus interesses, os clubes é que têm de defender os seus interesses.

            Não tenho dúvidas nenhumas que os jogadores desvalorizam.

  2. Julgo que é óbvio que, seja em que equipa for, há decisões que têm que ser tomadas no final de cada temporada, com jogadores a entrar e outros a sair. A forma como entendo as afirmações do Luís Castro vão noutro sentido: aos 15, aos 20 anos, não podemos avaliar se a formação de um jogador X foi um sucesso ou um falhanço. E o André Gomes até é um excelente exemplo disso mesmo. A decisão que se tomou sobre ele aos 15 anos não resulta numa avaliação definitiva. Até porque, aos 23, ele joga no Barcelona.

    • Caro Luís Cristóvão

      Mas não sabemos onde poderá estar nos 24 ou nos 30 como no caso do Fernando Gago.

      A avaliação de AG no Porto terminou em 2008, depois disso só se for para o contratar, o resto da avaliação são os outros clubes que formaram que o têm que fazer.

      Apenas uma outra nota que precede tudo isto e que não foi mencionada porque presumo que todos percebessem mas não o devem entender assim:
      – Os clubes quando fazem a formação dos jogadores fazem em seu benefício e não para benefício das selecções.

  3. Antes de mais desculpa pelo que vou escrever sei que não tem nada haver com a notícia mais é algo que me inquieta.
    Para quê que o SPORTING foi buscar o Palhinha? Para ser substituto do William? Ou para ser mais um Meli e Petrovic sem tempo de jogo?
    O Sr Presidente de quem apoiei nas eleições e o Sr J Jesus espero que tenham aprendido a lição e não façam as mesma asneiras na composição do plantel, até me surpreende 2 pessoas ligadas ao futebol é um que até foi treinador de um grande cometer tantas atrocidades no planejamento da época.
    Quero perceber porque Matheus Pereira que é só o jogador do SPORTING com maior potencial e preterido por jogadores que não acrescentam rigorosamente nada como são os casos de Markovic, André, Alan Ruiz e tantos outros.
    Depois do jogo com o Porto em que Matheus foi dos melhores o Sr J Jesus pura e simplesmente deixou de por o miúdo, e depois se o miúdo força a saída, lá vamos nós chamar ele de tudo e mais alguma coisa.
    Outra coisa que me deixa triste e o jornalismo ou falta dele em que os Srs jornalistas não conseguem se quer tentar saber porque o jogador X não é opção em detrimento do jogador Y que não rende. Mas basta o X querer sair fazem capas de jornais com essa notícia.
    Desde já desculpa pelo desabafo e até ver Matheus com oportunidades não me calarei, e todos os SPORTINGUISTAS podiam fazer o mesmo.

  4. A avaliação é sempre contínua como referiu e bem o Superleao.

    Quando ao facto de afirmar-se quer neste artigo quer no anterior que é quase indiferente ser campeão ou não nos escalões de formação, estou em completo desacordo, jogadores que cresçam com hábitos de vitória e conquista só lhes traz vantagens no futuro, quer ao nível da confiança quer da ambição, entre outros.

    • “Estes estudos parecem indicar que a maior conquista que se retira da aposta na formação é cultural. Um jogador de sucesso no nível máximo pode entrar no sistema nos diferentes escalões de formação, mas a lógica de vitória inserida numa identidade que é trabalhada desde a base é necessária para se conseguir alcançar o maior proveito possível com esse sucesso.

      Estar inserido num clube ou numa seleção com cultura vencedora, onde os hábitos de disputa de títulos estão inculcados, permitem retirar mais proveito do que assistir a esse sucesso apenas baseado no atleta individual.”

      Isto estava escrito no artigo de ontem…

      • “As consequências do projeto Visão 611 estão apenas agora a frutificar. Os títulos servem para argumentar com quem apenas entende os resultados.”

        Quando escrevi foi mais de encontro a esta mas sim, no fundo não se está a desvalorizar assim tanto os resultados como comentei.

        Eu até sou da opinião que o objectivo final da formação é a chegada de jogadores jovens a uma equipa principal com condições quer para discutir lugares quer para crescer na equipa como jogadores e homens. Sou também é da opinião que se esse processo de crescimento quer na formação quer na equipa principal se der com vitórias melhor, até porque se não tens hábito de vitória pode haver um acomodar, um achar satisfatório ficar-se em 2º ou 3º (tou a comentar isto pensando precisamente nos 3 grandes e em Portugal) e acho que esse tem sido precisamente um dos problemas da equipa sénior do Sporting nos últimos anos.

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