SL Benfica. A bonança depois da tempestade. E o que é uma boa exibição individual?

Depois de uma primeira parte com muitas dificuldades a ligar as duas primeiras fases ofensivas, e consequentemente sem bolas em número suficiente para finalizar, uma segunda parte totalmente diferente. Em dinâmica, e em ligação entre sectores com bola.

Menos perdas no meio campo defensivo e na entrada do meio campo ofensivo, com maior chegada ao último terço, e ai, mesmo quando não criava, perdendo, por estar tão recuado, o adversário não “arrisca” sair, bate longo sem critério e a permitir ao Benfica continuar alto. Em suma, menos erro nas zonas mais recuadas e o Benfica conseguiu levar o jogo para um espaço mais ofensivo. Ai ou desequilibrava, ou se perdia, recuperava mais alto.

O pormenor de uma mudança da primeira para a segunda parte, de ter mais gente a partir de um posicionamento mais profundo, que tantas vezes levava extremos do Tondela para trás, formando uma linha de seis na rectaguarda, e aumentava o espaço para que quem progredia e procurava ligar o jogo desde a defesa, tivesse maiores condições para ser bem sucedido.

Destaques individuais.

Pizzi e Jonas. Apesar dos golos tiveram uma partida com maior erro que o normal. Um pouco abaixo em termos de percentagem de acções positivas e que contribuem para o sucesso colectivo, ainda que a finalização, e o último passe de Jonas os tenha colocado nos resumos da partida. Foi muito por algum erro pouco habitual em dois dos melhores a ligarem o jogo ofensivo que o Benfica esteve ausente durante tanto tempo.

Rafa. No pólo oposto porque não teve erro e tudo o que fez aproximou o Benfica do golo. Foram somente quinze / vinte minutos, seis / sete acções. Porém, todas a aproximar a equipa do sucesso. Recepções enquadrando, condução rápida seguida de timing fantástico para soltar, que lhe permitiram estar na origem de dois lances de imenso potencial porque tão bem os definiu (Salvio num remate ao lado e Zivkovic num cruzamento que não encontra Jonas), e o tão aguardado golo, num movimento de ruptura. Jogou entrelinhas e na profundidade. Acelerou com espaço e definiu sempre com categoria. Tudo o que é uma boa exibição no curto período que esteve em campo. Porque decidiu e executou sempre bem. Porque fazendo-o contribuiu para o melhor momento do Benfica na partida (não ignorando que estava mais fácil ser bem sucedido individualmente e colectivamente na parte terminal do jogo)

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

11 Comentários

  1. E Samaris, parece-me que fez a sua melhor exibiçao esta temporada. Muito bem na trasição defensiva (mais proximo do que costuma fazer Fejsa) e um optimo jogo na costrução.

  2. Não tenho formação em desporto. Mas depois de acompanhar o lateral esquerdo, tento ver os jogos com outros olhos. Desde já agradeço.

    Costumo aconselhar os meus formandos a não trabalharem em pé se o poderem fazer sentados. Acho que RV faz o mesmo. Se puder construir sem arriscar o posicionamento não o faz. Se o Benfica se vê “forçado ” a arriscar mais, então inicia a construção a 3, melhora o posicionamento entre linhas dos seus médios, com os laterais mais subidos.

    Na primeira parte, por exemplo, o posicionamento do André Almeida foi muito tímido, limitando -se a variar o posicionamento com o extremo do mesmo lado, sem no entanto arriscar muito a subida. O Benfica iniciava ataques a 4,5 ou até a 6. Cervi totalmente dedorientado e descoordenado com os colegas. Na segunda parte foi tudo diferente. Início de construção a 3, alas subidos, espaços entre linhas conquistados. Salvio fez excelente exibição, apesar das falhas de concretização, provando que o quadro clínico grave do passado foi totalmente recuperado.

    Não quero parecer arrogante. Mas foi isto que vi.

  3. Mais um excelente artigo de uma página muito boa, que só não é excelente porque se nota claramente a chamada “clubite”, não esquecendo também a constante bajulação ao JJ.
    Eu acho incrível não terem feito qualquer referência ao jogo Porto x Rio Ave, nem que fosse para analisar a excelente postura dos vila condenses.

    • Tens ai um texto fabuloso sobre o jogo do FCP, de autoria do Bruno. Eu tive jogo à mesma hora.. e quando foi para rever optei pelo do SCP porque não venceu e porque sabia que o FCP venceu com 3 bolas paradas.
      Tens tb autores de 4 clubes diferentes neste blog, mas se estás a pensar nisso quando o lês, mt sinceramente creio deixar de fazer sentido que o leias.
      abraço e obg pela parte boa 🙂

      • Maldini, como adepto do Porto, é claro que gostaria de ver mais análises ao mesmo aqui no site, sendo que, como adepto do futebol, leio e aprecio todas as análises que aqui são feitas, sendo que a minha “visão” acerca do jogo mudou amplamente (para muito melhor) desde o momento em que descobri esta página.
        Apenas quis dizer que acho que mais uma ou outra análise ao Porto e ao seu treinador também eram bem vindas.
        Um abraço e continuação do bom trabalho.

  4. Jonas, mesmo assim, está muito menos em jogo, comparando com as zonas do terreno que ocupava na época passada. Bem mais estático.

  5. Acho que agora está mais um grande teste ao vitória. São muitos para um lugar….muitos e com muita qualidade! Para além de me parecer que o ideal era definir um onze, por outro lado gerir egos não vai ser fácil. Últimos jogos tem mudado quase sempre os alas,e avançados, permanecendo apenas o maior craque!

  6. Deixo uma questão ao autor, sobre Rafa. Acho o português um excelente jogador e uma mais valia ao Benfica porque é diferente do que existe por cá. Não se encontram muitos como ele, pois é um jogador que nem é um extremo puro, nem um avançado, um 9,5. Joga mais entrelinhas e é aí que faz a diferença, quando aplica velocidade para desequilibrar. Numa equipa de ataque continuado como o Benfica será difícil ser titular, mas essa “diferença” que trás, o romper em espaço interiores porque dribla bem, pode ser útil, por exemplo na Champions ou em jogos fora com os grandes que se exija mais contenção defensiva, lançando-o para espaços ofensivos do adversário. Concordam com esta apreciação sobre Rafa? Um jogador de interior, no espaço entre a ala e o centro? E com as suas características, será difícil ser titular, mas útil em jogos “bloqueados” para baralhar as contas?Obrigado.

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