“ O Lucho para mim era um jogador que pensava o jogo, que marcava o ritmo do jogo, que percebia quando era preciso baixar o ritmo, quando era preciso acelerar. (…) isto é que é pensar o jogo antes dos outros e melhor que os outros: decidir se é para acelerar e é para irmos ou é para esperarmos.”
Vítor Pereira
Podemos identificar, no jogo do FC Porto de Nuno Espírito Santo, comportamentos que variam de tal forma, que chegam a comprometer a coerência da modelo. Frente a um belo Rio Ave, a equipa voltou a demonstrar um futebol, incompreensivelmente, direto e pouco pensado.
O jogo menos rendilhado e dominante é uma natural consequência da importância dada pela equipa à bola. No sábado, pudemos constatar isso, em todos os momentos do jogo.
Falta pausa e controlo, falta um “cérebro coletivo”, como nos explicava, recentemente, Vítor Pereira.
No lance apresentado, verificamos uma das razões pela quais, muitas equipas falham a gestão dos jogos.
Depois de um ataque rápido do Porto, seguido de uma transição defensiva em velocidade, que levou a equipa para zonas baixas, Corona, decide, após receber a bola num contexto desfavorável para a progressão, tentar colocá-la em André Silva. O Porto ficaria sem a bola, pela segunda vez, em menos de 30 segundos!
É na pausa que esta a ponderação. O esperar a equipa, o entender o momento e a sequência de lances que fizeram com que a bola chegasse a quem “agora” decide.
Falamos muito de agir em função do que pretendemos que seja o futuro, mas esquecemos-nos da importância que têm os acontecimentos passados na forma como os jogadores devem decidir.
É, também por isto, que o jogo requer concentração em todos os momentos e uma correta interpretação daquilo que se está a passar na partida. O jogo, exige e exigirá, cada vez mais, uma capacidade que continuará a distinguir os melhores: a inteligência.
” O Porto ficaria sem a bola, pela segunda vez, em menos de 30 segundos!”
Caro Bruno Fidalgo
Entre a recepção e a tentativa de passe para André Silva passam 3 segundos (34-37), Corona analisou o jogo antes de optar pela transição rápida à Jesualdo em vez de esperar pelo resto da equipa à Vítor Pereira (e também pelo reposicionamento do adversário).
A decisão de Corona não está em causa. O que está em causa é a equipa não jogar em bloco, repare-se que o mais próximo colega vindo de trás é quem fez o passe longo para Corona (Oliver); isto acontece porque a equipa não subiu em bloco, tanto Danilo, Herrera e a defesa deveriam ter subido.
Se assim fosse, após a perda de bola haveriam vários jogadores a procurar recuperar a bola além do “solitário” Corona.
Não percebi esses 3 segundos.
Os jogadores do Porto recuperam a bola em zonas baixas e a equipa está, quase toda ela, nessas zonas. Óliver retira da zona de pressão e o Corona, em vez de dar tempo para a equipa subir e respirar, não. Opta por um passe que não faz sentido, mesmo que o André tenha recebido a bola. É óbvio que a decisão está em causa.
Lá está, a equipa não estava pronta para a perder novamente.
“Não percebi esses 3 segundos.”
Caro Bruno Fidalgo
Foi o tempo entre a recepção de bola de Corona e o passe para André Silva. Corona primeiro espera ou avalia e só depois passa.
Um atleta de 100 metros faz tranquilamente 30 metros em 3 segundos, ora não exijo isso aos futebolistas mas tranquilamente deveriam fazer pelo menos 20 metros, ora subindo 20 metros toda a equipa estaria compacta e Corona teria mais linhas de passe.
Oliver deu a Corona aquilo que é tão importante para não perder a bola, tempo. Corona, talvez pelo tipo de passe que recebe (um passe longo) interpretou isso como um sinal de acelerar.. corona até interpreta bem os contextos de ir dentro ou fora. Se calhar não interpreta bem os momentos de acelerar ou parar…
Deu-lhe também inferioridade numérica e como falou e bem o Superleao, apoios foi coisa que não teve, estava tudo a 500 km.
Percebo, mas nisto o NES até já explicou que não lhe interessa. Não quer posse, pausa. Prefere transição rápida. É legítimo. Mas depois, saber treinar para saber fazer em jogo, muitas vezes bem, é outra coisa.
Mas nenhuma equipa estará sempre na transição rápida. Há momentos que a transição rápida faz todo o sentido, há espaço, jogadores velozes, depois há outros momentos para pausar, para criar espaços, para abrir o adversário e depois, novamente a transição rápida, a verticalidade. Ao Porto falta velocidade na frente para andar a jogar como o NES diz que quer, tem jogadores para um futebol de posse, de apoio e cerebral. É uma equipa com pouca identidade, que vive do talento individual e que basta uma crise (já vivenciamos isto), para entrar em desespero. Falta consistência e qualidade táctica, equipa capaz do melhor e do pior no mesmo jogo. Isto no longo prazo vai trazer problemas à equipa, sobretudo no que toca à regularidade essencial para ter sucesso desportivo.
inteligência matou mto génio que quis sair do inteligentemente correcto
O jogador é o Oliver. É o mais parecido que têm. Mas ainda é demasiado novo, para compreender totalmente os tempos de jogo.