A melhoria do coletivo passa pelo individual

Falamos demasiadas vezes de um atleta (e mesmo de um treinador) como um produto acabado, levando a ignorar que ao longo de uma carreira no alto rendimento, todos estamos expostos a novas experiências a partir das quais reorganizamos o nosso conhecimento e as nossas capacidades, potenciando diferentes qualidades.

Ontem, em entrevista, o defesa-central do Arouca, Jubal, falou sobre o seu processo de adaptação ao jogo em Portugal.

No Brasil não estudamos o posicionamento nem a leitura do jogo e o seu desenvolvimento. Aqui não. Quando cheguei, procurei ver os jogos e percebi que o futebol é mais compacto. Vi muitos jogos para poder evoluir e hoje já compreendo os jogos bem melhor do que compreendia no Brasil. (…) Procurei ver o máximo de jogos possíveis. Fiquei em casa a ver vários jogos para ter uma boa base do futebol português.

Jubal, em entrevista ao jornal O Jogo.

Estamos a falar de um jovem que fez parte de uma equipa que venceu a Copinha, que jogou no Santos e que representou o Brasil na seleção de Sub-20. Um jovem que, naturalmente, terá feito o seu percurso exposto a diferentes experiências que o levaram a entrar num grupo de elite ao nível da formação. Mas que, mudado o contexto do jogo, entende que há um trabalho de adaptação que se estende para lá daquele que é proporcionado no treino e nos jogos.

Apesar de estarmos a falar de um trabalho colectivo, o foco no desenvolvimento é claramente individual

Bruno Pereira

Nenhuma equipa pode ignorar que a melhoria do seu coletivo passa por manter sempre ligado um foco no desenvolvimento individual. Porque se o coletivo tem como limite, quase sempre, as qualidades de cada elemento individual que o compõe, o desenvolvimento desses elementos, na forma como conhecem o jogo, como entendem o que se passa à sua volta e como se preparam para os estímulos e desafios que lhe são colocados em competição, é um caminho seguro para o transformar positivamente.

A generalidade dos treinadores de formação dir-nos-á que o tempo é uma variante que acaba por coartar a possibilidade de trabalhar os jogadores individualmente. Mas a consciência do jogador e da equipa como um processo em contínua evolução é uma das referências fundamentais para que o sucesso (no modelo, na execução e, por consequência, nos resultados) fique mais perto.

Sobre Luís Cristóvão 103 artigos
Analista de Futebol. Autor do Podcast Linha Lateral. Comentador no Eurosport Portugal.

2 Comentários

  1. Bom post sobre o Jubal, sou dos poucos fãs das qualidades dele, mas acho que merecem olhar com mais atenção, para mim um dos melhores centrais da liga.

  2. Caro Luís Cristóvão

    Jubal já remeteu Hugo Basto para o banco.

    Ambos pouco brincaram nas selecções, sendo que a última vez que Hugo Basto brincou foi em Março de 2016.

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