A forma como o AS Monaco se apresentou no Parque dos Príncipes terá uma relação óbvia com a avaliação feita pela equipa técnica ao adversário.
A sequência será sempre essa: identificar comportamentos coletivos e individuais que se repetem, para que depois se possa definir a estratégia a adotar.
Através de uma observação feita à equipa do Paris Saint Germain, pude observar algumas lacunas, relativas à sua 1ª fase de construção. Mesmo reconhecendo capacidade a Marquinhos e Thiago Silva, para ligaram o jogo ofensivo, a verdade é que o capitão da equipa francesa tem apresentado limitações no seu jogo.
Thiago Silva é um central que tem jogado à esquerda, sendo destro. Esse fator, pode, desde logo, indicar maiores dificuldades para construir. No entanto, o central brasileiro alia outros comportamentos que limitam a sua ação: a forma como tem colocado os apoios, virando as costas ao lateral do seu lado, pode facilitar quem pressiona.
Se o central não se sente tão confortável a jogar com o seu pé esquerdo, recebe com o direito na maior parte dos casos e ainda “fecha o campo”, é óbvio que estará mais exposto. Para agravar a situação, o brasileiro ainda se revelou bastante lento, na forma como abria linha de passe, fosse ao central ou ao guarda-redes. Nos jogos anteriores, frente ao Bordeaux e ao Nantes, foram visíveis essas dificuldades.
O Monaco decidiu explorar essa lacuna. Com a intenção de não deixar o PSG sair, os monegascos aproximaram, por diversas vezes, o Bernardo Silva, dos dois avançados. A ideia era igualar a frequente saída a 3 do adversário.
Para além dessa opção, foram várias as vezes, em que ficou evidente a intenção de pressionar o Thiago Silva, pelo seu lado cego. Nem sempre se reuniram as condições necessárias para que isso acontecesse, mas foi notória a ideia.
A utilização do médio ala para pressionar o central, não é novidade. O Monaco já reagiu assim antes, perante outros processos de construção que se iniciam a três.
Ainda assim, acredito que “pressionar de fora para dentro”, fará sempre mais sentido quando o central está limitado, na capacidade de passar a bola para o lateral do seu lado.
No jogo onde marcou o golo do empate, já perto do fim, Bernardo Silva teve de entender os momentos certos para acelerar na pressão ou manter posição. Raramente falhou e não será difícil perceber porquê.
Excelente post! A questão da orientação dos apoios terá uma importância cada vez maior, à semelhança do que já acontece em outros desportos.
Excelente a forma como a equipa de observação identificou esta limitação, como a equipa técnica passou a mensagem e de como o jogador a interpretou.
E o Thiago, não sendo um portento com bola, até é dos menos maus em construção.
Del Piero, treinas ou jogas onde? 🙂
Treino e jogo, onde não é importante! 😉
Mas o meu actual treinador até com a orientação do pescoço quando corremos nos “chateia”! Sobretudo para quando procuram/os a profundidade.
percebe-se pelos teus comentários que há ai experiências 🙂 são sempre muito bem vindos!
Apesar de não ser esse o foco do post, Penso que o problema todo da saída de bola de thiago silva não está tanto na sua capacidade técnica, mas mais na forma como se coloca em campo para sair a jogar. quase sempre demasiado fechado, não lhe permite receber a bola de frente para o jogo.
Questão de um leigo na matéria: Identificada a forma como o Thiago recebe sempre virado para dentro, não seria mais benéfico ao opositor cortar a linha de passe de retorno ao outro central (Pressionar de dentro para fora?) e obrigá-lo a ter que “rodar” para o lateral? as dificuldades com o pé esquerdo e a sua lentidão n poderiam levar mais facilmente a perdas de bola por aí?
Caro ADexterA
Para mim, essa seria a melhor opção. De qualquer maneira, Falcão deveria estar posicionado entre os centrais de modo a cortar a linha de passe entre os dois e diminuir a velocidade de circulação de bola do PSG.
Na eventualidade de Thiago Silva receber a bola, a pressão deve ser efectuada do meio para a lateral e aí já com Bernardo incluído na pressão.
A opção do Mónaco exigiu um brutal sacrifício de Bernardo desgastando-o com constantes vaivens quando poderia estar mais fresco para efectuar transições rápidas após recuperação de bola do Mónaco.
e digo mais, ele só fez aquele golo nos descontos porque nunca brincou mt nas selecções! Se tivesse brincado não ia ter fulgor.
Caro Paolo Maldini
Podias ter aproveitado esse lance para fazeres um “post” sobre o deficiente posicionamento do Cavani e digo mais, ele sempre brincou muito nas selecções.
O Monaco já faz isso por natureza. E fê-lo também durante o jogo, orientando o adversário para o corredor lateral. Mas, pressionando pelo lado cego, a equipa pode não só igual a saída adversária, como limitar a amplitude da construção. Para além do efeito surpresa.
Imagine, que na saída a 3, era o médio esquerdo que se aproximava para igualar a saída. Marquinhos, como é destro, teria maior facilidade para ligar com o lateral do seu lado. Já o Thiago, mesmo que bola entre nele, pelas lacunas apresentadas, terá maior dificuldade. Desta forma, o lateral esquerdo do PSG ficou muitas vezes “livre” e apenas o Gr conseguiu ligar com ele…através de bolas longas, que permitiam ao português ajustar posição.
Parabéns grande post!
Devido a essa fragilidade não ficou a 1° linha um bocado baixa? E parece-me pelo facto de não receber de frente, toda a linha fica um bocado dependente de como recebe. E o facto de estar mais baixo nunca chega a atrair para libertar.
Em relação aos apoios, sendo o pé esquerdo “cego” sente a necessidade de receber com o pé direito, e isso em zonas mais altas pode comprometer. O que achas?
Mais uma vez parabéns,mesmo bem observado.
Grande post parabéns pela analise.
Recordo-me bem dos tempos de jogar andebol em que os apoios eram fundamentais para fazer a diferença na intercetação ou não da bola.
No futebol atual que é tudo ao milímetro faz toda a diferença.