A posse de bola, e o sair da toca. Sporting de Braga volta a perder.

Não têm sido fáceis os dias para Jorge Simão.

A dificuldade maior ao seu percurso iniciou-se logo na partida de Alvalade. A forma como Abel preparou estrategicamente a equipa, os jogadores que utilizou, tantos até então esquecidos, e a vitória de forma bastante justa com subida ao terceiro lugar, foram o primeiro prego no caminho do agora treinador minhoto.

Pedir um sem número de jogadores flavienses para um plantel muito superior, nunca poderia cair bem num grupo de trabalho que dormia no podium.

O contexto de Jorge Simão mudou. Porém, não mudou o treinador naquilo que o levou a chegar lá. Terá partido da premissa errada de que um modelo de jogo que possibilite resultados num contexto também os almejará noutro. Nada mais errado, se pensarmos que o Sporting de Braga é hoje uma equipa que pretende assumir-se como um clube e uma equipa atractiva e intrometer-se numa luta que ainda é a três.

Perdeu-se nas ideias. No fechar ou não fechar a equipa. No contribuir para a descoberta de caminhos mais pensados para fazer a bola chegar às zonas mais adiantadas, mais redonda. Mais pronta para se poder desequilibrar, sem esperar um qualquer ressalto. Perdeu-se ao acreditar que o resultado estará mais perto dos que partem sempre dos momentos defensivos, esperando ofensivamente o ressalto ou a bola parada.

Na partida de ontem, a ironia suprema, de ter permitido que o jogo partisse. Quem sabe pressionado pelo ruído exterior em torno dos seus discursos e dos seus resultados, no único jogo em que seria um pouco mais aceitável que orientasse a equipa estrategicamente mais próximo daquilo que era o Desportivo de Chaves, o Sporting de Braga entrega-se a uma segunda parte partida. Partida por constantes ataques rápidos, que enfrentavam sempre menos oposição, mas que na perda também deixavam sempre menos gente para defender cada situação.

Demasiado tempo com o jogo partido, a tornar possível que o resultado “caia” para qualquer um dos lados. Mas sempre bastante mais próximo de servir o interesse de quem tem melhores jogadores…

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Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

1 Comentário

  1. Julgo que, em relação ao jogo de ontem, estás a ser demasiado exigente para com Jorge Simão. Acho que a exibição do Benfica mereceria maiores reparos (na sequência do que fizera aliás frente ao Dortmund). O Benfica jogou como o Braga – e isso diz tudo, atendendo ao que o Braga tem feito durante esta temporada. Foi zero ou perto disso, jogando em ataque organizado. Apenas criou alguma coisa numa ou noutra transição ofensiva, como o Braga, aliás.

    Quanto ao resto, disse logo quando Jorge Simão chegou que não acreditava em melhorias e que ele estava a arriscar muito ao vir para Braga com o comboio em andamento… porque o Braga já não joga nada desde o início de época e o calendário que tinha pela frente era bem mais difícil! É verdade que Jorge Simão priorou as coisas ao optar por um modelo(?) de jogo muito conservador, que praticamente abdica de jogar com bola e que a sua abordagem às questões de balneário não terá sido a melhor (ele não estava no defeso, em que ainda seria possível arrumar a casa). Mas o Braga já não jogava nada com Peseiro! Era uma equipa incaracterística, sem nada do que tinha sido na época anterior. Beneficiou de ter um calendário de jogos em casa relativamente acessíveis (porque fora de casa, não ganhava a ninguém).

    Agora, também acho que por razões estritamente desportivas, Peseiro não deveria ter saído. Aguentaríamos até final da época o disparate da sua contratação e arcaria ele com a responsabilidade da época que – estou convencido – não seria demasiado diferente do que esta vai ser. Só que o futebol não é só pontapé na bola. A contratação de Peseiro, com ou sem razão, contribuiu (e de que maneira!) para o divórcio dos adeptos em relação à equipa. E essa é uma responsabilidade que cabe por inteiro ao presidente do clube – que sabia muito bem qual a opinião dos adeptos em relação a Peseiro. Teve de emendar(?) a mão porque tem umas eleições internas a ganhar – e desta vez tem oposição. Só que o problema é que, normalmente, mudar a meio do percurso não traz bons resultados, pelo menos em equipas que tenham algumas ambições… o que parece estar a confirmar-se.

    Neste momento, é aguentar este futebol até final da época (com muita paciência), tentando pelo menos não perder o apuramento europeu – e voltar a começar de novo, provavelmente sem Jorge Simão (que julgo que já terá o destino traçado).

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