“Viajar juntos”. Jorge Sampaoli.

…acima de tudo, Sampaoli é uma boa pessoa… e o Sevilha é uma das mais fascinantes equipas da Europa pois alcançou uma combinação de inteligência táctica, energia emocional, interacções entre os componentes e a eficácia dos resultados.

… treinadores e jogadores conseguiram que o Sevilha seja uma equipa em que todos viajam juntos.

O Sevilha contratou jogadores de perfil técnico, com domino do desenvolvimento de combinações colectivas. Jogadores com tendência a jogar por dentro e entre linhas, e com um denominador comum: A sua relação fantástica com o passe.

Nervíon é um estádio que se entrega, mas que custa a apaixonar-se pela reflexão e pela pausa.

Alejandro Sierra, no “The tactical room”.

Quem se valorizou mais? Vocês que tiveram a bola o tempo todo, que se mostraram. Ou eles que não fizeram dois passes e só correram?

Terá sido assim que um treinador português questionou os seus jogadores no intervalo de um jogo da Segunda Liga, que permanecia empatado.

Não é somente uma questão de cultura ou de paixão. É também o valorizar o individual aproximando o colectivo da vitória. Se a bola chega de mais fácil recepção à zona de criação, maiores possibilidades terá de entrar nas zonas de finalização em melhores condições. Para ai chegar “redonda”, há que construir com bola no pé. Afinal difícil é ter sucesso recorrendo sistematicamente um jogo que promova demasiadas bolas longas. Porque ai, a dificuldade do passe e recepção triplicará, bem como permitirá ao opositor mais tempo, enquanto a bola corre o seu percurso, para ajustar posicionamentos.

Valorizar o jogador só é possível quando este se mostra com bola.

Sampaoli e Lillo, não conduzem somente uma equipa que fascina os apaixonados de um jogo que prima pela tomada de decisão. Pelas combinações e pelo chegar às zonas de maior potencial perigoso com bola de mais fácil recepção. Conduzem um grupo de afortunados que pelas opções dos seus treinadores saem mais valorizados a cada dia. E sobretudo, felizes. Embora se faça o que for pedido, porque o futebol é a profissão, fazê-lo com gosto só quando há bola. Ninguém vai jogar futebol sem adorar a bola. Ninguém vai treinar futebol se não imaginar poder tocá-la. Todos os sonhos de criança nascem e crescem com uma bola no pé, e não no correr para fechar espaços.

A bola deveria ser a exigência de todos quanto os que querem mais. Formar mais com o perfil que Sampaoli e Lillo idealizaram, mesmo para uma realidade que ainda não esqueceu a “fúria espanhola”, não tornará o jogo somente mais aprazível. Permitirá também, rentabilizar activos numa era em que na maioria dos clubes urge realizar os necessários “encaixes financeiros”.

 

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Com debate no final para troca de ideias. AQUI.

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

2 Comentários

  1. Curioso, agora que o Sevilla vem caindo, precisamente na altura decisiva da época.
    Inegável o excelente trabalho do Sampaoli e do Lillo, surpreendendo pela continuidade, durante tanto tempo, pelo improviso, mas que se vem confundido a si próprio, com o receio de evitar repetir-se, e a tentativa inócua de surpreender.
    Gosto pela posse. Mas vêm buscar muito baixo e ampliam os espaços vazios entre setores. Que complica a ligação e circuito preferencial.
    Uma pena.

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