O vídeo-árbitro matou o adepto na bancada?

A futebol-indústria já considerava sensato manipular os horários de início dos jogos, não para se acomodar às necessidades dos seus adeptos no estádio, mas para procurar novos públicos noutros territórios do planeta.

Agora, preparamo-nos para que a o futebol da repetição em câmera lenta tome conta de próprio jogo. A necessidade de erradicar o erro da arbitragem do jogo foi evoluindo com a tecnologia de transmissão das partidas. Quem ainda tiver experiência de ir ver um jogo que não seja televisionado, percebe que as incidências do jogo ficam no jogo. Do lado de fora do campo, uns acham que estava fora-de-jogo, outros acham que não, pressiona-se o árbitro ou o adversário, segue o jogo. Porquê? Porque segue o jogo e a dúvida não pode ser tirada a limpo.

No França-Espanha de ontem, o vídeo-árbitro resultou, conseguindo erradicar os eventuais erros da equipa da arbitragem. Foram centímetros de adiantamento de Griezmann no golo anulado à França, e menos centímetros ainda de Deulofeu, em jogo, no segundo golo espanhol. Estamos felizes, sentados no sofá, porque as decisões, agora, são salomónicas.

No entanto, o jogo passa a ser vivido em diferido. Na primeira situação, os adeptos e jogadores franceses festejaram, no estádio, um golo que não foi. Na segunda situação, durante quarenta segundos os adeptos espanhóis pensaram ter perdido uma oportunidade de aumentar a vantagem. Para nada.

Acabou-se o tempo de saltar à mínima aparência de uma bola a cruzar a linha de baliza, de olhar rapidamente para a lateral, a tentar perceber se o árbitro auxiliar levantou, ou não, a bandeirola. Sentados no sofá, tranquilamente, sorvemos mais um golo de uma bebida açucarada e esperamos que as nossas emoções sejam avaliadas em câmera lenta. O futebol em diferido ganhou.

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Sobre Luís Cristóvão 103 artigos
Analista de Futebol. Autor do Podcast Linha Lateral. Comentador no Eurosport Portugal.

34 Comentários

  1. É exactamente a mesma coisa que saltares a festejar um golo que o árbitro anula pouco depois. Nada muda nisso. Muda (ou pelo menos diminui) um resultado ferido de legalidade. E isso é muito importante.

  2. E ainda bem q existe. Quanto mais rápido for aprovado e passar a ser comum nos nossos estádios, melhor. Num país como o nosso em q se discute mais a arbitragem durante a semana do q o jogo em si, smp é menos um assunto para estarem a destrinçar até ao mais ínfimo pormenor, smp é menos um assunto para alimentar polémica, smp é menos um assunto para exaltar ânimos. É tudo bom.

    • Quem quer ver erros vai continuar a vê-los, não importa se há video-árbitro ou não, a proposição destas pessoas é que o árbitro erra porque quer ou está influenciado, isso não vai mudar só porque o árbitro está a ver vídeo. Tirando os fora-de-jogo, que são inquestionáveis com repetições, os outros lances duvidosos vão continuar a ser discutidos porque há lances em que não há resposta certa, toda segunda-feira há lances revistos por antigos árbitros em que há 5 a analisar e não é incomum haver 3 a favor e dois contra. Tudo isto para sacrificar fluidez de jogo, que é o que torna o futebol bonito.

  3. Percebo a crítica e concordo que o vídeo-árbitro ou tem regras muito claras e precisas ou então é uma palhaçada – tira tempo, irrita as pessoas porque provoca paragens desnecessárias e também me parece que os critérios de análise das imagens serão sempre discutíveis e passíveis de debate aceso. O que significa que pouco muda para ficar tudo na mesma.

    Ademais, este formato transforma o realizador televisivo num feiticeiro com a possibilidade de arregimentar ou arrefecer os ânimos à volta do jogo, através das suas decisões em termos de repetições, ângulos mostrados, perspectivas. É uma situação catastrófica e nebulosa até dizer chega. Que, aliás, já acontece bastantes vezes nos canais portugueses em geral, devido às clubites agudas, proximidades editoriais entre agentes desportivos e pura corrupção.

    Dito isto, concordo plenamente com a tecnologia da linha de golo – é rápido, inóquo e eficaz – e com uma eventual tecnologia para o fora-de-jogo que já deve estar na calha (é algo que me parece fácil de criar: o sistema intercomunicador dos árbitros, ou algo assim, pode emitir um som quando se verificar um fora-de-jogo, por exemplo).

    • “e também me parece que os critérios de análise das imagens serão sempre discutíveis e passíveis de debate aceso. O que significa que pouco muda para ficar tudo na mesma.” ora nem mais. já temos o teste feito ao video-árbitro em todos os programas “desportivos” de domingo e segunda: analisam os lances com diversas câmeras e nunca chegam a acordo se é ou não penalti.

      Para mim o maior problema vai ser levantado quando isto for aplicado no campeonato nacional. Por exemplo, não há condições para se ter uma câmara de offside decente no campo do Moreirense, pelo menos nas transmissões do Benfica. De que forma se conseguirá aplicar correctamente o video-árbitro nestes jogos?

      Já agora, nesta sanha pela “verdade desportiva” espero que a fifa retire o mundial de 86 à argentina, como fazem no ciclismo.

    • A análise do vídeo-arbitro não está relacionada com a transmissão televisiva. Deverá estar ligada ao feed das cameras do estádio e terá um operador, que controlará as repetições pedidas por quem estiver a fazer a análise (que também deverá ser um arbitro), mostrando os vários ângulos disponíveis.

      Está-se a falar demasiado no que isto pode impactar o jogo quando na verdade se espera que a intervenção do vídeo-arbitro seja reduzida pois só será feita em lances capitais, por exemplo para (in)validar golos ou cartões vermelhos. Tudo o que ajude um arbitro a errar menos será sempre bem vindo, desde que tenha impactos mínimos no jogo.

      • João, estamos quase totalmente de acordo, “desde que tenha impactos mínimos no jogo”. Foi exactamente o que escrevi.

        Mesmo assim, como já acrescentaram em cima, isto não é bem claro. Pelo contrário. Por exemplo, quem é o tal operador? É um árbitro-realizador? Quanto tempo demora a consulta e em quanto tempo a decisão do árbitro em jogo será confirmada ou alterada? Ou quantas possibilidades de análise vão existir?

        Quem define o perfil do tal operador técnico? Sinceramente, se é para melhorar a vida de todos então vamos lá. Se é apenas para fazer barulho e dar dinheiro a ganhar a certas pessoas que já são milionárias então mais vale ficar quieto.

        Que se implemente tudo aquilo que agregue clareza e respeito entre todos. O resto só vem atrapalhar.

        • Tanto quanto sei o “video árbitro” será composto por duas pessoas: 1 arbitro e 1 operador. O árbitro estará a ver o jogo em tempo real, e quando se justificar, irá pedir ao operador para rever um lance. O operador irá então escolher os melhores ângulos e passar a repetição para que seja analisada pelo árbitro. Todo o processo terá que ser feito em segundos.

          Se não se chegar a uma conclusão é porque o lance afinal não é óbvio e a decisão do árbitro de campo é que conta (será sempre ele a decidir, tal como acontece hoje com os auxiliares).

          E estes segundos, que normalmente já são perdidos em festejos ou protestos, são utilizados para validar a decisão. Se for um lance em jogo corrido (i.e. uma agressão) o jogo só irá parar se houve motivo para isso. Para mim, isto são impactos mínimos no jogo porque não acrescentam paragens para análise.

          Pelo tempo que tem para decidir não me parece que o video árbitro vá acabar com o erro, mas irá reduzir o erro “grosseiro” provocado pelo posicionamento dos árbitros ou dos jogadores.

  4. Faz-me alguma confusão toda a euforia em torno disto. Além do aspecto que referes, cujas consequências não me parecem de todo claras, há para mim um pormenor que sempre me causou grande apreensão. A partir do momento em que os árbitros puderem recorrer a imagens para tomar as suas decisões, os seus erros deixam de poder ser desculpados por erros de interpretação. E, sejamos honestos, há inúmeras decisões que não são fáceis de tomar, mesmo com o recurso a imagens de televisão. Se, até aqui, um erro era desculpável por não ser fácil de decidir no momento, como é que se poderá desculpar um árbitro que tome uma decisão a favor de uma equipa num caso em que a interpretação for ambígua? As pessoas acham que o video-árbitro vem resolver o problema da desconfiança no futebol. Eu acho que vem potenciá-lo. Há tecnologias que me parecem úteis, como aquela que permite ter a certeza se a bola entrou na baliza ou não. Há outras que são um disparate. E depois, achar que o clima de suspeição tem mais a ver com os erros dos árbitros do que com um hábito dos adeptos é de uma ingenuidade absurda…

    • Nuno,

      O que são decisões de interpretação ambígua na arbitragem? É que com as atuais regras, há muito pouca ambiguidade nas leis do futebol. Desde que os árbitros sejam bem formados, o vídeo-árbitro só vem introduzir mais justiça e beleza ao futebol, e quem sabe contribuir para que se fale mais de futebol e menos de arbitragem.

      Aliás, não concordo de todo com o post do Luis Cristóvão. Não é futebol em diferido, é futebol. Há muitos casos em que árbitro e assistente ficam a conversar e perde-se mais tempo que através do televisionamento. O ano passado o Cosme Machado esteve 2 minutos para validar (erradamente) um golo contra o Sporting por suposto fora de jogo e que deu o 2-2 no jogo. Não fosse o golo tardio do Montero e tinha sido uma das maiores vergonhas de sempre da arbitragem, e que teria ocupado a discussão futebolistica durante meses. Uma situação que tinha sido resolvida em 30 segundos pelo video-arbitro.

      • Lances de fora de jogo milimétricos, por exemplo. Além de que não é propriamente fácil medir o momento exacto em que a bola sai do pé do tipo que faz o passe, e uma fracção de segundo pode fazer toda a diferença. Mas pensa também em decisões a respeito de contactos entre dois jogadores. Foi o avançado que provocou o contacto ou foi o defesa que fez falta? Achas mesmo que um video-árbitro ajuda a decidir isto? Claro que não. Ou pensa em decisões acerca de intenções, em geral. Como é que um video-árbitro ajuda a perceber se um defesa intencionou um atraso ao guarda-redes?

    • Nuno, parece-me que ainda não é claro qual o “alcance” do vídeo-arbitro mas a informação que tenho é que serão analisados lances importantes como eventuais golos, expulsões ou penalties. Existe um grau de ambiguidade possível em alguns destes lances mas convenhamos que na maior parte dos casos a análise, com possibilidade de ver o lance de vários ângulos, reduz drasticamente o erro.

      Entendo o que dizes e aceito que em determinado tipo de lance o vídeo arbitro não seja capaz de tomar a decisão, porque o tempo que tem será limitado, e que a suspeita sobre a arbitragem não irá desaparecer mas isto são problemas menores quando comparados com a redução de más decisões importantes com impacto no resultado final de um jogo.

      Os adeptos, porque são mais emocionais que racionais, irão encontrar sempre algo para criticar e suspeitar… desde que não seja a sua equipa 🙂

      • Não creio que sejam problemas menores. É muito frequente que as repetições dos lances capitais de um jogo não sirvam para chegar a conclusões definitivas. Nem todos lances de foras-de-jogo são fáceis de resolver depois da repetição, mas admito que, nesse caso, seja mesmo uma minoria. Agora, em lances de contactos na área, em certos lances de mão na bola, em que as repetições não deixam claro onde é que a bola de facto bateu, e em todos os lances que requeiram uma interpretação das imagens, parece-me altamente duvidoso que se tratem de problemas menores. A meu ver, isto vai gerar mais problemas do que vai resolver. Porque, mesmo que haja menos lances a debater, deixa de haver presunção de inocência.

    • Para decidir se a bola entrou ou não ou para foras-de-jogo “fáceis” como estes do França-Espanha, é útil, eficaz e deve ser usado pois favorece a verdade desportiva.
      Para tudo o que é faltas, mãos e cartões, acho que não deve ser usado porque para estes casos concordo com o Nuno, são sempre lances ambíguos e que dependem da velocidade a que são executados (não são raros os casos em que um lance parece falta em câmara lenta e não o parece em velocidade normal).
      Exemplos para o que referi:
      1 – O golo anulado ao Alan Ruiz contra o Marítimo seria facilmente validado se o video-árbitro fosse usado.
      2 – No último lance do Setúbal-Benfica, o Carrillo pede penalty. Se usassem o video-árbitro, o mais certo era terem marcado penalty. Mas eis que mais tarde surgiram umas imagens doutra câmara (mais próxima da vista que o árbitro teve) e se percebe perfeitamente que não há falta nenhuma.

  5. Boa tarde,

    Uma pergunta, vocês gostavam e ser irlandeses quando o Henry tocou a bola com a mão e atirou a selecção da Irlanda para fora do mundial?

    Gostaram da arbitragem do Marc batta no jogo contra a Alemanha em que expulsaram o Rui Costa?

    Ou os adeptos do Sporting pela “mão” do Johnathan contra o Schalke, ou os do Benfica pela expulsão do Enzo contra a Juventus?

    Eu fiquei lixado com F.

    A minimização do erro (o crasso) é fundamental para estas coisas.

    Concordo convosco quando referem o tempo que se poderá perder, por isso falta a mudança principal no futebol, que advogo há anos: a cronometragem.

    O jogo deveria ter 60/70/80 minutos cronometrados.

    Conseguiríamos acomodar essas paragens, lesões e acabava-se com a treta do anti-jogo que isso sim fere a modalidade, tal como os erros escandalosos de arbitragem.

    O espectador está a pagar, apesar da noção romântica (que adoro, mas que se perdeu, do jogador, ao árbitro, ao presidente e até ao adepto) que o Luís fala, nós temos que perceber que isto é um espectáculo, não é a vida de um cidadão comum, como tal, aligeirar este conceito permite que as pessoas se divirtam, que paguem um espectáculo de futebol (não um festival de paragens por “lesão” ou de erros inconsequentes) e que regressem a casa com a sensação de que a sua equipa, ganhando ou perdendo, jogou o melhor que pode e que sabe, sem interferências externas.

    Just my two cents.

    Um abraço

    • 40 Segundos. Quantas vezes não vemos o árbitro a conferenciar com o bandeirinha ou protestos com ajuntamentos da equipa eventualmente prejudicada. O famoso sururu demora quase sempre mais do que isto. Num jogo normal há 50 minutos de jogo efectivo. Porque se toleram 40 minutos desperdiçados e não 40 segundos para que o resultado seja mais justo. Sem o VAR (Video Árbitro) os jornais de hoje diriam que o empate 1-1 não reflecte o banho de bola da Espanha à França.

  6. Às vezes tenho uma visão demasiado simplista da coisa mas como sou um apaixonado de futebol e de novos gadgets que aparecem todos os dias por aí aqui vai a minha opinião:

    O ponto de partida é descomplicar as regras e fazer o breakdown da aplicação da lei. O que é e o que nao é um fora de jogo?

    Será assim tão complicado colocar sensores de movimento nas bolas de jogo coisas minúsculas nos dias que correm capazes de comunicar com um “data central” que receberá a informação de quando a bola tocou pela última vez no pé do jogador que passou a bola, ao mesmo tempo existirá um outro sensor óptico que irá enviar uma espécie de laser invisível atravessando o campo de um lado ao outro. A partir daí estes dois sensores comunicam entre através da central de dados (um computador) claro que enviará uma mensagem escrita para um “smartwatch” que o árbitro possuirá dizendo apenas simplesmente palavras “off side” e “on side” .

    É assim tão difícil fazer isto? Um mundo cada vez mais evoluído como o que vivemos não me parece…

    Acho inútil continuar a lutar contra a aplicação de novas tecnologias quando tudo o resto do nosso quotidiano esta afectado pelas mesmas…

  7. Boa tarde,

    Permita-me discordar da sua opinião no que concerne a questão do diferido. Quantas vezes não vivi eu a sensação de diferido ao vivo? Saltar a festejar um golo que o não foi? Não é por aí que o gato vai às filhoses relativamente ao VAR.

    Este novo elemento num jogo de futebol que agora começa a ser introduzido está a sofrer das dores de crescimento normais que ocorrem em toda a implementação de processos novos.
    Certo que ainda é preciso afinar alguns pontos como, por exemplo, o tempo de decisão relativamente ao golo da Espanha que deverá diminuir quando os VAR estiverem mais habituados à tecnologia e com mais experiência na sua utilização.
    Embora tenha demorado tanto tempo a decidir como o Marafona a marcar um pontapé de baliza contra o Sporting ou o Gottardi contra o Benfica, talvez menos até! O que quero exemplificar é que o problema do tempo de decisão é…..não há problema!
    E se houver, cronometra-se o tempo de jogo como referido pelo GONCALO MANO! Tendo em conta que dos 90m só se vê futebol em cerca de 45m, ter um jogo cronometrado de 60m já era bem bom!

    Mas também convém desmistificar a questão das câmaras e do que o VAR consegue visualizar.
    O VAR não vê as câmaras que o realizador da altura mostra (ou quer mostrar). Eles terão um “realizador” próprio e com acesso a todos ângulos possíveis eliminando assim a suposta manipulação do canal transmissor.
    Também as situações onde o VAR intervém são muito especificas e que ocorrem com pouca frequência, penaltys, cartões vermelhos e golos onde possa existir dúvidas na legalidade dos mesmos! Em casos flagrantes não haverá VAR nenhum a parar o jogo.

    O VAR vem sim levantar novas problemáticas na sua implementação. Como aquaporina comentou, e nos jogos onde não há cobertura telivisiva? Ou que estruturalmente seja muit dificil/impossível ter uma visão de acompanhamento das jogadas que não deixe margem para dúvidas?
    Como se procederá nestes casos? Com este novo sistema não pode haver filhos e enteados dentro de uma mesma divisão (não me parece que as divisões secundárias irão ter este sistema…pelo menos num futuro próximo).

    Concluindo, na minha ópitca, o VAR apenas vai trazer mais legalidade e menos erros decisivos ao futebol e não vai ser por 30s por cada parte que o jogo vai ficar parado e sempre interrompido.
    O adepto deseja que o futebol seja justo no que às leis do jogo diz respeito. As discussões sobre o fora de jogo e o penalty e o mergulho sempre existirão mas talvez com o VAR elas possam ser menos intensas e inflamatórias à segunda à noite na TV (o que só vai ajudar o Futebol).

    Carlos

    • E alguém disse que é o realizador de TV que vai analisar?

      Tu próprio chamaste realizador ao elemento que vai trabalhar com os árbitros. É preciso ter um mínimo de coerência na argumentação.

      Estamos a falar de um técnico de audiovisuais, certo? É árbitro também? E quem escolhe esta pessoa? Quem o vai controlar/fiscalizar? E, já agora, quais são os critérios para se rever as jogadas? Serão todas revistas? E naqueles estádios em que não há condições técnicas para um acompanhamento eficaz?

  8. O que me incomoda com estes “artigos de opinião” é que não têm qualquer fundamento na realidade. O ser-humano é intrinsecamente anti-mudança, por isso é normal olhar para tais mudanças de forma suspiciosa, mas o importante seria avaliar de um ponto de vista real, o impacto que se acredita que essas mudanças terão, e isso so pode ser feito com recurso a realidades ja existentes. TODOS os desportos na america do norte têm video-arbitro, e no entanto ninguem questiona o facto de isso afectar o entusiasmo que os adeptos têm com o jogo, antes pelo contrario, porque o facto de saberem que o resultado no final vai ser o reflexo do que se passou e não ditado pela equipa de arbitragens dá toda a notoriedade aos jogadores, como deve ser! Não há teorias da conspiraçao, ameaças aos arbitros, é do desporto em concreto que se fala, e não das arbitragens, e, como fã, é um “upside” sem preço

    • Ah claro, já só faltava um adorador de americanos para o ramalhete das novas tecnologias ficar completo. Mas lá por se fazer assim ou assado na América do Norte significa que está correcto e todos devemos seguir e bater palmas? Por alma de quem?

      Ainda por cima, a comparação é injusta e algo infeliz. O desporto norte-americano não tem nada a ver com o desporto europeu. É tudo diferente: conceitos, modelos de organização, objectivos.

      Os desportos de alta competição nos EUA são apenas e exclusivamente virados para o empresariado, são negócios puros e duros (ligas fechadas, clubes franchisados, licenças de operação que podem ser mudadas de cidade em cidade consoante as vendas e a actividade comercial destas empresas).

      Quase todas as principais modalidades norte-americanas são um fartote de pontos, joga-se com os pés, as mãos, tudo vale para animar a bancada e o cliente que paga bilhete. O futebol não tem sido bem isto.

      Bem sei que a tendência – confirmada pela retumbante entrada de investidores americanos em clubes europeus de futebol, desta vez quase sem criticas como acontece com os asiáticos ou árabes – é americanizar o futebol europeu.

      A proposta da superliga europeia fechada está quase pronta. Vai ser uma guerra em que vale tudo. Esse caminho até pode encher os estádio de Rihannas, JLo’s e restantes estrelas da TV e das redes sociais e da propaganda. Só que isso será o fim do futebol tal como o conhecemos.

      Se achas que é ser contra a mudança, é uma opinião que respeito. Mas aconselharia-te a aprofundar os teus argumentos. Porque este assunto não é assim tão simples como parece.

      • Ahahaha. adorador de americanos, es um fartote… Eu nao sou fa de americanos, mas vivo no canadá, mudei-me ha 4 anos e deparei-me com uma realidade desportiva completamente diferente. Complicado é segurança social sustentavel, ou matemática, isto é simples. O artigo é sobre o impacto que o video-arbitro possa ter no entusiasmo dos adeptos. O passo seguinte é ver realidades onde esse video-arbitro está implentado se isso se verifica. Os desportos Norte-Americanos sao apenas um exemplo, e mostram claramente que é possivel que esse impacto nao exista.

  9. Acho que o futebol deve olhar para o exemplo do rugby em vários aspectos. Este era um deles.

    Para mim isso é uma falsa questão. Se fôssemos seguir essa linha de raciocínio, o árbitro tinha meio segundo para decidir validar ou não um golo e/ou dar ou não uma grande penalidade.

  10. “No entanto, o jogo passa a ser vivido em diferido. Na primeira situação, os adeptos e jogadores franceses festejaram, no estádio, um golo que não foi. Na segunda situação, durante quarenta segundos os adeptos espanhóis pensaram ter perdido uma oportunidade de aumentar a vantagem. Para nada.”

    Acho verdadeiramente incrível a pobreza desta argumentação.

    Para nada?! A aplicação das regras/justiça do resultado tem menos valor do que a emoção? Mais vale festejar golos em fora de jogo ou ter a emoção de ver golos mal anulados? Enfim…

  11. Nuno, tens toda a razão! Aliás, eu percebo que quem sustenta este jogo seja a malta que não o entende, mas acho que deveria ser quem teve experiencias reais nele (jogadores / treinadores) que deveriam tomar as decisões… e ai, o resultado é esmagador!

    Tu, ai do último comentário… e qd as decisões forem certas? vamos estar sp a parar o jogo? é que a maior parte das decisões são correctas… Vai ficar um jogo bonito… já não basta o anti jogo passa a haver mais uma forma para cortar o ritmo…

    entendedores entenderão… por isso como disse, quem tem experiencias reais que não sentado de cu na bancada ou na TV, é que deveria tomar decisões… ignorando o povão!

    Ah…e não, antes que perguntem, não fui o Maradona ou o Zidane, mas tenho a certeza que qq gajo que tenha jogado não quer que volta e meia se percam 40 seg para ver veracidade das decisões.. .é um horror que vai tirar qualidade ao jovo e vontade de jogar futebol!

  12. As novas tecnologias têm tudo para salvar um futebol, que com a expansão das redes sociais, das televisoes etc, cada vez se joga mais fora de campo do que dentro dele, e que cada vez se assemelha mais a casa dos segredos, do que a desporto.

    Ja era em parte assim antes, nao tivessemos nos ja ouvido falar dos calabotes ou dos apitos dourados, mas numa escala muito menor, porque nao extiam 1001 programas por dia, com 1001 paineleiros , a falar e a repisar a bola que bateu na mao, ou a mao que bateu na bola, todos eles alinhados uns com os outros, conforme a cor que representam, para felicidade da maioria dos ignorantes que assistem a porcaria que dizem.

    E sao estes que se calhar estao mais preocupados com isto tudo…porque no final se a coisa andar para a frente, a sua existencia deixa de fazer sentido. E com isso la se vai o ganha pao de tanto incompetente.

  13. O video-arbitro apenas vai contribuir para mudar o alvo das criticas, desresponsabilizar os arbritos já existentes e aumentar a crispação em caso de decisão errada.
    No limite os arbitros principais e de linha passam a comportar-se como os assistentes colocados junto às balizas que estão apenas a marcar presença.

    Recentemente o Colina, comparando a taxa de acerto de passe dos jogadores de topo com a taxa de acerto de decisões dos árbitros assistentes de topo, disse que estes últimos acertavam em mais de 90% dos lances. Uma mudança tão profunda por apenas 10% de decisões erradas parece-me demasiado drástico.

  14. Subscrevo a opinião do Gonçalo Mano.

    Esta introdução do vAr só peca por tardia e esperemos que ainda chegue a tempo de salvar o circo em que se tornou o futebol.

    Só falta acrescentar o tempo cronometrado (2 x 35m é mais do que o suficiente) e isto pode voltar a endireitar.

  15. Concordo que isto venha a trazer mais problemas do que propriamente os que vai resolver. Por exemplo, rever um fora de jogo mal assinalado: se o árbitro apitou mas o jogador rematar e “marcar” é completamente diferente de o árbitro apitar e o jogador não rematar… onde está a “verdade” neste caso? Os jogadores vão ter de rematar pelo sim, pelo não?

    • Os defesas param, o guarda-redes não se lança. Se está apitado não se pode voltar atrás. Agora a pontuação do árbitro tem que ser aferida por estas imagens. À posteriori e como na patinagem artística, poder-se-ia fazer uma comissão de 5 pessoas que dariam o seu parecer em cada lance. Quem votar vencido muitas vezes seria excluído ao fim de alguns jogos. A melhor maneira para controlar a arbitragem é controlar quem classifica os árbitros. A motivação dos árbitros é a terem boas classificações para apitar os grandes jogos e por isso têm tendência a ser simpáticos para os classificadores. Já sabemos que por enquanto e ao contrário do mercado dos jogadores, o mérito dos árbitros não é tudo. Já agora o mérito dos treinadores também não conta para muito. Se se tiver em conta a performance e o montante total dos salários dos jogadores de uma equipa (ver o livro Soccernomics) a nossa perceção seria outra. Sei bem que o trabalho mais importante se faz antes dos jogos, mas se o roupeiro do Barcelona fosse nomeado treinador no dia do próprio jogo, a probabilidade do Barcelona perder seria um pouco maior, mas não muito.

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