Lisandro, Benfica adormecido e coragem canarinha

Ainda a meia final da Taça de Portugal disputada no Estádio da Luz.

Antes de mais a referência mais importante de todas. Passamos o tempo todo a criticar a falta de coragem ou vontade para jogar futebol de dois terços das nossas equipas, e quando o fazem e com relativo sucesso colocamos todo o peso no demérito adversário.

Portanto, a primeira nota é para o Estoril Praia, que colocou as dificuldades que colocou e expôs o SL Benfica ao erro, porque foi uma equipa corajosa na sua construção. Optou por ligar os ataques de forma apoiada e chegar às linhas mais adiantadas ligando o jogo no chão. Sem tal vontade e qualidade, não teria o Benfica passado pelos apuros que passou.

Outras notas:

  • Displicência encarnada em quase todos os momentos na hora de defender. Possivelmente um sentimento de superioridade e incapacidade para aumentar a adrenalina trouxeram um Benfica a errar por vezes demasiadas os seus posicionamentos na hora de defender. Sobretudo na segunda parte. Segunda parte que trouxe também um jogo pouco pensado e nunca ligado. Independentemente das oportunidades, que surgiram muito mais por impulsos individuais de grandes talentos como o são Zivkovic, Rafa, Carrillo ou Cervi.
  • Lisandro. É sempre muito complicado jogar sem ter rotinas colectivas. Sem estar habituado na prática ao comportamento de toda uma equipa, e naturalmente que à medida que as partidas se aproximam do fim, o desgaste físico que toldará as decisões se notará mais em quem tem menos ritmo competitivo. Contudo, o que Lisandro apresentou no Estádio da Luz foi do pior que há memória nos anos mais recentes, envergando a camisola encarnada. Péssimo no posicionamento, incapaz sequer de algo tão básico como o cumprimento do posicionamento no eixo bola – baliza, que valeria até um dos golos do Estoril. Péssimo no adaptar posição ao jogo. Sempre a jogar um jogo só dele, sem usar qualquer referência. Péssimo nas abordagens, sempre a querer impor uma “lei” muito própria que o faça estar na estatística por mais um corte… Péssimo com bola. Erros técnicos atrás de erros técnicos, impediram Benfica de ligar o jogo sempre que era pelo seu lado que ia sair, e ainda originaram lances de potencial perigoso para os canarinhos. Foi um desastre à beira de acontecer ao longo de todo o jogo.
  • André Almeida. Um dos piores jogos que terá feito com a camisola encarnada. Não é nem nunca será um jogador que provoque problemas aos adversários. Porém, na partida com o Estoril foram demasiados os erros técnicos. Provocou imensos problemas à sua equipa na forma como ia perdendo a posse em situações simples e de fácil resolução. Não foi nunca o jogador “certinho” que tantas vezes é apelidado.
  • Samaris, Felipe Augusto e Pizzi. Felipe teve um jogo pouco feliz num capítulo onde costuma ser forte. No passe. Pizzi entrou com uma displicência para os momentos defensivos, pouco habitual, embora tenha desde logo demonstrado o quão é superior com bola aos outros dois médios utilizados, pelo simples facto de ter jogado sempre com ideias!… e Samaris depois da tremenda partida perante o FC Porto, foi… Samaris. Alguém cujas abordagens sem bola são um caos e que partem sempre a equipa ao meio, deixando somente os defesas para defender… Não rouba e acaba sempre batido.
  • Grimaldo. É simplesmente demasiado bom! Decisão, qualidade técnica incrível, velocidade de execução. Será uma arma tremenda para que o Benfica ligue o jogo pelos dois corredores. Algo que deixou de acontecer com a qualidade de antes, aquando da sua lesão.

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Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

2 Comentários

  1. Apesar do bom jogo do Estoril a má exibição do Benfica foi-lhes dando confiança de que podiam sair a jogar e, depois disso, fizeram um jogo agradável e mostraram que é possível jogar bom futebol em equipas com menos meios.

    Existem jogadores que, quando jogam juntos, fazem um mal tremendo à equipa. Os jogos em que Samaris e Lisandro estão em campo ao mesmo tempo aumentam a probabilidade de o SLB sofrer golos… Recordo-me do jogo da meia final da taça da liga (Moreirense) que o SLB sofre 3 golos, por exemplo.

    Felizmente o Grimaldo está de volta e com as qualidades intactas 🙂

  2. «Sempre a jogar um jogo só dele, sem usar qualquer referência.» Isto resume a carreira do Lisandro no Benfica, não só o jogo com os canarinhos. É como Sálvio, ainda há uns adeptos que acham que é uma jovem promessa que vai evoluir.

    É esperar que apareçam uns Mendilhões que os levem…

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