A indefinição do Real Madrid – 1ª parte

Football Soccer - Real Madrid v Bayern Munich - UEFA Champions League Quarter Final Second Leg - Estadio Santiago Bernabeu, Madrid, Spain - 18/4/17 Real Madrid's Cristiano Ronaldo in action with Bayern Munich's Xabi Alonso Reuters / Sergio Perez Livepic

O jogo de ontem ficou marcado por mais um demonstração de qualidade do Real Madrid, do ponto de vista individual. Em termos coletivos, a equipa revelou inúmeras lacunas.

Olhando para a sua organização defensiva, pudemos observar uma indefinição gritante nos posicionamentos adotados. Inicialmente, a equipa estruturou-se num 4-4-2 losango: Casemiro no vértice mais recuado, Kroos e Modric como interiores e Isco como médio ofensivo. Esta disposição trouxe muitos problemas defensivos. Foi com estranheza que vi a opção de Zidane. O 4-4-2 losango é uma estrutura que, à partida, enfrentará inúmeros problemas no controlo da largura. Em 4-3-3 ou em 4-4-2 clássico, os interiores deslocam-se horizontalmente para funcionarem como cobertura a quem pressiona nos corredores. Em losango, e da forma como o Real se organizou, os interiores foram obrigados a bascular para serem contenção! Ora, oscilar para ser cobertura é muito diferente de oscilar para ser contenção. A distância a percorrer é maior e é muito provável que se chegue atrasado na hora de pressionar. O Bayern aproveitou essa limitação tática e, rapidamente, começou a explorar os corredores laterais, sobretudo o esquerdo.

Por volta dos 10 minutos já o Real Madrid ia alterando a sua disposição em organização defensiva. A passagem para o 4-4-2 trouxe benefícios mas, mesmo assim, continuavam a surgir problemas. Os avançados revelavam-se pouco participativos nas ações defensivas e essa passividade trazia consequências. A estrutura nunca se fixou e apesar de vermos Isco mais colado à esquerda, a verdade é que foi tudo muito incerto. Mesmo quando pressionou em zonas altas, o Real demonstrou comportamentos aleatórios. Valeu a incapacidade ofensiva do Bayern.

A equipa de Ancelotti não revelou muitas ideias para criar situações de finalização. A exploração dos corredores laterais e o recurso a cruzamentos foram armas quase exclusivas.

 

 

Sobre Bruno Fidalgo 83 artigos
Licenciado em Ciências do Desporto. Criador e autor do blog Código Futebolístico. À função de treinador tem aliado alguns trabalhos como observador.

9 Comentários

  1. Às vezes dá ideia que é melhor não atrapalhar. Com este plantel, é só deixar os jogadores à vontade.

    São mesmo demasiado fortes, com um treinador a sério, isto era uma dinastia. Era só preciso convencer os jogadores, se calhar o mais difícil.
    Um abraço

  2. Olha, nem a propósito…

    Ontem virei-me para a minha companheira e disse-lhe assim: porra, tantos jogadores incríveis em campo, do melhor que há, e duas equipas que jogam tão poucachinho!

    A primeira parte, em termos colectivos, parecia um solteiro vs. casados. Foi uma segunda parte gira pelo marcador e tal e a emoção – tudo coisas giras, sim, ok. Mas não passam disso, na minha opinião.

    • Mesmo, como é que é possível, principalmente no caso do Bayern.

      Num instante perderam todas as dinâmicas.

      Mas são tão fortes que a liga alemã continua um passeio.

  3. Excelente post, Bruno.

    Penso que faltou só avançares com uma potencial explicação para o desnorte ofensivo do Bayern.

    Continuação do bom trabalho!

  4. Bruno, o que achas-te do jogo do Xabi Alonso e do Ribery? Achas que as suas exibições também prejudicaram a falta de “ideias” do Bayer?

  5. Pá não concordo com a afirmação do 442 losango. E verdade que esse problema no real existiu, mas generaliza lo parece me exagerado. Se estamos a falar de contenção não seria possível resolver esse problema com um dos avançados a descair para um dos lados no momento sem bola? bola na direita do adversário e um dos avançados descai para a esquerda?
    De resto de acordo com a leitura das duas equipas, podiam dar tanto mais…

  6. Eu não te conhecia mas tenho de te dar os parabéns e por favor aposta a sério nisto porque percebes mesmo o jogo. E não falo desta análise em específico mas pelo conjunto do que tens vindo a mostrar. nada a apontar mesmo, evidencias tudo com uma clareza impressionante.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado.


*