Cultura. O “bruaá” da bancada. E o britânico City – United.

No “Conversas de Café”, o Bruno referenciava:

…muitas vezes estamos limitados no que podemos manipular… tu lembraste do que é querer estar a jogar da maneira que gostamos mais, a querer  jogar da maneira que nós temos a certeza que nos ia aproximar do sucesso, e tendo em conta o que tínhamos nas mãos sabíamos de certeza que era assim, e se for preciso tinhas a bancada toda a querer que os jogadores tivessem fisgas nos pés e que a bola tem é de estar lá na frente ao pé da baliza adversária. As pessoas não têm noção do que a pressão de trás faz nos jogadores e influencia o que se está a passar.

Afirmava Marcelo Bielsa no “Suficientemente louco”:

Existe un estilo argentino de jugar. Es el público quien impulsa esta creación. Cuando la pelota pasa de la defensa al ataque por abajo, a ras del piso, el publico se siente cómodo. Cuando pasa por arriba constantemente se incomoda. Cuando yo dirigía a Vélez y Newell’s, si la pelota no iba ras del suelo, sentía el murmullo de las tribunas

A cultura própria de cada país e de cada competição continuará a ser a chave para que mesmo importando os melhores, o nível de jogo da Premier League teime em permanecer bastante abaixo do que é praticado nas melhores equipas Europeias nos campeonatos de Espanha e Alemanha, sobretudo.

A pressa por uma emoção rápida que se zanga com quem pensa ou quer pensar o lance, o jogo. O “bruaá” em forma de desaprovação quando a bola não viaja tão rápido no sentido da baliza adversária quando tal é o desejo comum a uma toda bancada, a forma como não se entende que nem sempre o caminho mais rápido é o melhor, continuará a condicionar decisões aos melhores. Continuará a impedir as equipas britânicas de se tornarem melhores no jogo que inventaram.

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Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

6 Comentários

  1. Estive em Manchester a ver o City x Spurs em Janeiro deste ano.

    Foi incrível. O público não queria passes pra trás, ouvia-se com frequência e em grande número ‘lá vai a bola outra vez para trás’, entre outras coisas…

    Aí, ao vivo, a sentir toda aquela gente que aplaudia chutoes para a frente, apercebi-me do real choque cultural que Pep enfrenta.

    Comentei isso lá no meu blog… a questão é, o treinador adaptar-se, ou revolucionar parte da cultura?

  2. Não meti o link do blog, porque acho que não faria muito sentido estar a fazer ‘publicidade’ num dos melhores sítios sobre bola.

    Apenas comentei, visto que abordara algo semelhante, após ter tido a oportunidade de estar em Inglaterra…

    Abraço

  3. Falaste no caso de Inglaterra, mas o caso de Portugal não é diferente. A influência que o público pode ter foi bem visível hoje no Benfica Estoril.

  4. Eu acho que tão cedo a cultura não muda… Os adeptos não deixam, nem parecem querer. Eles gostam genuinamente desse estilo de jogo.

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