Tomar decisões. “Joga-se como se vive”.

Em determinado momento da evolução do jogo parecia consensual que se deveria ser o mais rápido possível a libertar cada bola. Os passes consecutivos. Se não de primeira, após recepção, e seguida de desmarcação. No fundo, o Passe – desmarcação vendido como a chave do jogo em ataque posicional.

Por isso a impaciência de tantos quando portador demora mais do que entendem necessário. Por isso os exercícios no treino que condicionam decisões limitando possível número de toques na bola. Por isso tantos jogadores formados que parecem incapazes de correr com bola no pé!

No futebol não há receitas pré feitas. Cada situação é uma situação diferente, e a sua melhor resolução tanto pode exigir um passe, como condução para atrair adversário e libertar colegas. Tanto se pode impor segurar e prender um pouco mais, ou acelerar o ataque com o passe de primeira. Depende sempre do contexto. Por contexto, espaço que determina tempo, oposição e colegas. Seja posicionamento seja qualidade.

E o futebol que se joga como se vive, como tão bem referenciou Xabier Azkagorta no The Tactical Room, enquanto explicava a passagem da Fúria para a ordenação do jogo Espanhol, não pode nunca ser apenas mais um jogo mecânico, que coarcte criatividade.

Se de dia para dia se aprimoram sistemas e métodos defensivos, há que valorizar o talento. Entendê-lo e promovê-lo.

Na infância da geração de ouro não fomos fado, mas crianças despreocupadas que longe das decisões dos adultos, com bola debaixo do braço seguiam para qualquer espaço, prontos para desenhar balizas com as pedras da calçada. E ai a única regra era equilibrar os jogos, nem que ficasse determinada inferioridade numérica de quem tinha os melhores. No fundo, proporcionar sem o saber, as potencialidades óptimas de desenvolvimento.

P.S. – Entrevista completa de Xabier Azkagorta e de Xabi Alonso disponível para os patronos na Drive.

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Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

2 Comentários

  1. Muito obrigado pelo seu artigo e nada mais a acrescentar sem sendo de rever a jogada de Benzema no golo de ontem que ilustre o talento na conduccao e passe.

  2. Gostava de saber a vossa opinião sobre as situações em que o portador da bola, tendo espaço para conduzir e atrair adversários, passa mais cedo a bola, porque já tem um colega a desmarcar-se na frente.

    Nestes casos, penso que se impõe esse passe para esse colega, porque se for bem-sucedido (juntamente com a receção), não é preciso atrair adversários coisa nenhuma, porque só o passe (aliado à desmarcação) já ultrapassou a pressão adversária e/ou deixou o colega em melhores condições de criar uma boa situação de finalização, seja para ele ou para colegas, no desenvolvimento da jogada.

    Qual a vossa opinião?

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