O pressing do Red Bull Salzburg e a dinâmica do 3º homem

A forma como o Salzburg se apresentou na final da Youth League, frente ao Benfica, despertou-me curiosidade. O pressing executado revelou intenções que divergem da normalidade.

Regra geral, no momento de organização defensiva, as equipas tendem a proteger o corredor central, orientando o jogo do adversário para os corredores. O posicionamento da baliza e a existência das linhas laterais que auxiliam quem pressiona podem justificar essa opção. No entanto, e como é óbvio, existem outras formas de pressionar.

O Salzburg partiu de um 4-4-2 losango que me fazia perspectivar, desde logo, um pressing vertical.

Este pressing condicionou imenso a equipa benfiquista. Os avançados partiam de posições mais exteriores que lhes permitiam pressionar os centrais e depois o guarda-redes, ao mesmo tempo que fechavam as ligações entre central e lateral. Se a bola fosse colocada nos laterais seria por alto e isso, daria tempo para que os interiores chegassem para disputar o lance. O médio ofensivo condicionava a ação do pivô defensivo.

Este tipo de comportamento é interessante ainda que possa ser contrariado, sobretudo por equipas que raramente abdicam de construir de forma curta e apoiada. 

Na meia final, o Salzburg encontrou mais dificuldades para ter sucesso. O sistema do Barcelona ajudou, mas foi a dinâmica do 3º homem que permitiu à equipa blaugrana superar o pressing do adversário.

Se o avançado fecha a ligação com o lateral ou com um dos centrais e continua a pressionar o guarda redes ou, no caso do Barcelona, o central ao meio, é extremamente interessante a utilização do apoio frontal. O objetivo passa por ligar com o colega que estava, “aparentemente”, fechado pela ação do avançado adversário. O apoio frontal tem pressão nas costas mas não necessita de enquadrar pois quem recebe o último passe ficará de frente para o jogo.

Foi assim que o Barcelona jogou com o pressing do Salzburg. Ao contrário do que aconteceu contra o Benfica, nesta meia final, a equipa de Marco Rose viveu mais da disponibilidade física dos seus jogadores, do que da qualidade do seu pressing. Ainda assim, destaque positivo para este tipo de comportamentos que fogem do habitual. Pressionar desta forma pode ser muito útil, em diversas situações. Acredito que as melhores equipas serão capazes de alterar a forma como pressionam. O lado estratégico será fundamental.

Parece-me importante realçar também a postura de um Barcelona que jamais fugiu dos seus ideais. Acabou por sofrer o golo do empate fruto de um erro do seu guarda-redes mas é este o caminho para um futuro risonho.

Sobre Bruno Fidalgo 83 artigos
Licenciado em Ciências do Desporto. Criador e autor do blog Código Futebolístico. À função de treinador tem aliado alguns trabalhos como observador.

9 Comentários

    • Caro Paolo Maldini

      Entretanto, o nível dos dirigentes das sads continua baixo; ainda agora, enquanto ainda os campeonatos não terminaram, os sub20 já brincam na selecção em vez de estarem ao serviço da sua entidade patronal.

  1. Bruno, não vi o jogo mas pelos frames aqui colocados, também o Barcelona encontrou bastantes dificuldades. Apesar de realmente conseguirem inibir a primeira pressão, em quase nenhum momento o Barcelona conseguiu ultrapassar o sector médio do Salzburg e ficar confortável com bola. Parecido com a pressão que a Inglaterra utilizou contra Portugal no amigável, mas bem melhor executada.

  2. Na perspetiva do Salzburgo, contra o Barcelona, então e se quando a bola chegasse ao “6” do Barça e este tocasse no DC do meio, o MOF do Salzburgo saía a pressionar esse DC, tapando a linha de passe para o MDef?

    Penso que iriam colocar maiores dificuldades ao Barcelona.

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