Leõezinhos à solta

Breves notas de um Sporting a ganhar forma.

O 442 como sistema preferencial. Pese embora, se perceba que o alternativo também esteja a ser trabalhado.

Várias individualidades a demonstrarem o que podem oferecer ao jogo colectivo leonino, com o destaque óbvio para o que Doumbia demonstrou logo no primeiro jogo. Não fugiu ao que por cá já havia sido avançado. Foram uns últimos minutos da partida com muitas bolas a entrar em ruptura, e um Sporting mais perigoso e mais próximo do golo.

As opções ofensivas são mais que muitas, e prometem, depois da decepção da temporada passada, o regresso do jogar apaixonante, tão habitual nas equipas de Jorge Jesus.

Destaques.

Bruno Fernandes. Já se percebeu ser o sucessor de Adrien. Qualidade técnica e de decisões que lhe permite actuar como o elemento que recebe já nas costas dos avançados adversários, para ligar o jogo ofensivamente com os mais adiantados. Seja em progressão à procura da melhor opção, ou acelerando o jogo em passe. Ainda por perceber se poderá estar defensivamente ao nível do capitão, mas com bola a prometer boas sensações.

Battaglia. A definir-se o espaço do argentino. O médio centro mais responsável por fazer a ligação com o sector defensivo. Seja sem bola, garantindo os equilíbrios, seja com bola integrando última linha para iniciar construção. Muito forte fisicamente, a ganhar vários duelos que lhe permitiram recuperar e iniciar transições. Uma comparação rápida com o que teve Jesus no passado, Battaglia a mostrar um perfil mais próximo de Javi Garcia, o nome que se falou recentemente.

Doumbia. Já aqui o havíamos avançado: Mesmo no ar, tem uma finalização fácil. Acrescenta novas formas para chegar à baliza adversária. A mobilidade e a capacidade para explorar espaços que nenhum outro avançado tinha, vem trazer desconforto aos adversários. Em tão pouco tempo em campo, apareceu em várias situações de possível finalização pelo perfil de avançado que tem. Traz ao ataque do Sporting uma variabilidade que poderá ser fundamental assim o jogo continue a ser ligado com qualidade por Bruno Fernandes.

Daniel Podence. Chegou, viu e venceu. Talento incrível de um miúdo que com tempo de jogo vai saltar para a ribalta. Um desequilibrador que acrescenta mobilidade em cima de decisões rápidas, talento e velocidade. O lance que termina com o remate de Dala ao poste demonstra o impacto que poderá ter o craque leonino na próxima época.

Iuri Medeiros. Não tem a capacidade de aceleração de outros colegas do sector mais adiantado. Porém, a forma como define cada lance, a qualidade técnica com que resolve cada situação por mais curto que seja o espaço, a capacidade que demonstra para ver tudo o que se passa ao redor tornam-o uma mais valia no momento de pensar o jogo. De ligar as jogadas, e descobrir caminhos. Não pode continuar a desperdiçar tamanha qualidade!

Mattheus Oliveira. O reforço menos em evidência. Perante tantas opções, dificilmente ganhará preponderância partindo da ala. Tem qualidade técnica, mas sem capacidade para provocar desequilíbrios seja por ver mais rápido, ou por ser um driblador, dificilmente partirá à frente de Podence, Gélson, ou do próprio Iuri, se este mantiver o foco. Afigura-se para poder cumprir um papel próximo do de Bruno César. Alternativa para várias posições.

Sobre Rodrigo Castro 219 artigos
Rodrigo Castro, um dos fundadores do Lateral Esquerdo. Licenciado em Ed física e desporto, com especialização em treino de desportos colectivos, pôs graduação em reabilitação cardíaca e em marketing do desporto, em Portugal com percurso ligado ao ensino básico e secundario, treino de futsal, futebol e basquetebol, experiência como director técnico de uma Academia. Desde 2013 em Londres onde desempenhou as funções de personal trainer ligado à reabilitação e rendimento de atletas. Treinador UEFA A.

1 Comentário

  1. “Já se percebeu ser o sucessor de Adrien. (…) Ainda por perceber se poderá estar defensivamente ao nível do capitão, mas com bola a prometer boas sensações.” – acho que o autor entra numa certa contradição em virtude da excitação do momento. Não se percebeu coisíssima nenhuma. Não se percebeu absolutamente nada em ataque posicional porque o jogo não o ofereceu, tendo sido, em variadíssimos momentos um jogo partido a meio-campo. Perceberemos aí que Bruno Fernandes não será o sucessor de Adrien na posição 8. O jogador, para já, não está muito rotinado ao nível funcional na posição. Quando a tiver que exercer a fundo, não poderá fazer as diagonais que faz para o flanco direito porque terá que servir de jogador de suporte sempre que as jogadas tiverem de ser reformuladas. Terá que aparecer à entrada da área a ganhar as segundas bolas. Terá que ser o primeiro a despertar para as acções de pressão assim que a equipa perca a bola porque o sistema de pressão alta\defesa subida de Jorge Jesus assim o obriga. Veremos se o jogador tem esse tipo de características para o fazer, não descartando porém o facto de poder vir a ser optimizado para tal. Defensivamente, creio que o jogador não terá, em momento algum da sua carreira, a intensidade de Adrien, a leitura posicional de Adrien, bem como a capacidade de carga e de desarme de Adrien.

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