Quem faz jogar uma equipa?

Quando Rafa Marquez joga bem, a equipa joga dez vezes melhor

Pep Guardiola

Tempos houve em que era o número dez que tinha de fazer jogar a equipa. Por norma, jogador tão superior a todos os outros, que baixava para receber, recebia ainda enfrentando imensa oposição e individualmente se desenvencilhava até descobrir uma ruptura dum avançado, ou um extremo sozinho na linha à espera de um cruzamento.

O espaço para se jogar, porque as organizações defensivas cresceram e usam como nunca a regra do fora de jogo, para além da aglomeração de sectores, diminuiu drasticamente quando comparado com outrora. Com a redução do espaço reduz-se o tempo que o portador tem para tomar decisões. Aumenta a dificuldade em todas as acções. Poucos para além de Messi poderiam nos dias de hoje ser o tal número dez que baixa, recebe e sozinho engana três ou quatro para depois definir.

Não há quem tenha de fazer jogar a equipa. É uma tarefa de todos. Se o queremos fraccionar, então não se pode nunca ignorar que os jogadores que mais vezes tocam na bola são os defesas centrais. Geralmente é onde está a superioridade numérica. É ali que se começa a jogar. É ali que se começa a fazer jogar. É sabendo jogar com a superioridade, para numa primeira instância se eliminar o avançado adversário (implica afastamento entre centrais, para que se avançado sai ao defesa, um passe para o colega longe, o deixe impossibilitado de lá chegar), e posteriormente provocar um elemento da linha média a sair, aproveitando-se então o homem livre.

No jogo, o mais importante é cada vez mais o saber jogar. Só assim se pode ser protagonista e provocar a que as coisas aconteçam, em vez de se aguardar que a sorte caia do céu. Mesmo que por vezes a espera pela tal sorte seja consciente. O nível técnico e a capacidade para tomar decisões é cada vez mais determinante para um jogar aprazível e que aproxime do sucesso. E são os elementos da rectaguarda quem mais condicionam todo um jogar ofensivo. Das suas capacidades determinar-se-à quase tudo sobre o estilo de jogo.

Digo-vos uma coisa, meus amigos, a técnica é fundamental…  Como podia ter a minha ideia de jogo se (faz o gesto de uma bola que bate no pé e não fica, mas antes vai uns metros para a frente)

Vitor Pereira

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

2 Comentários

  1. Qualquer adversario com espaço se pode tornar perigoso, ainda mais se tiver bons executantes. Para que tal não aconteça é importante duas coisas: ter a bola na sua posse e quando não a têm pressionar bastante alto por forma a reduzir os espaços dos adversarios e retirar-lhes a bola.
    Não havendo espaço para jogar terá mais probabilidade de ganhar quem tiver os melhores jogadores. É aqui que o benfica atual esbarra, pois têm pouco tempo a bola na sua posse e quando têm de procurar ganhar comete bastantes erros, facilitando o adversario em tornar-se “grande”.
    A defesa pressionada não cria os desequilibrios ofensivos e rapidamente dá a bola para a frente sem critério! Não pressiona pois não têm velocidade para as costas, daí recuar e ainda dar mais oportunidades aos adversários. Sente-se bem quando apenas joga como “pequeno” em transições rapidas com executantes melhores que os defesas adversarios. Que pena o Garay não poder voltar ao benfica.

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