Vivo e a resistir. Arsène Wenger.

Peço desculpa aos adeptos, mas ainda estou aqui. Posso até perceber a razão porque queriam que morresse, mas sobrevivi

Arsène Wenger

Há mais de uma década a resistir ao “apelo” da Premier League por um jogo físico, de correrias loucas e sobretudo de futebol pouco elaborado. A ausência de vitórias na Premier é um falso argumento. Não venceu na última década como em Portugal os treinadores de Braga e Vitória também não venceram a Liga NOS. É igual.

Poderá haver críticas a fazer ao treinador francês. Desde a forma por vezes pouco elaborada como opta pelo seu método defensivo, ao seu estilo de posse pouco controlador e demasiado rápido em todos os momentos. Argumentar com ausência de troféus quando individualmente o Arsenal não compete na mesma liga que outras quatro ou cinco equipas, não faz sentido.

Resiste há mais de uma década e não se entrega, porque continua a dar primazia ao jogo bonito, ao jogo apoiado, com saídas desde trás, que potenciam a chegada ao último terço com portador de frente para o jogo e bola no chão. Continua a priorizar o jogo colectivo de combinações rápidas e subida conjunta de todos os elementos da equipa. Mudar o estilo só traria resultados muito piores, e o verdadeiro insucesso.

Ao actual Arsenal apenas falta ser “menos excitante”. Saber adormecer o jogo e não o acelerar sempre com as suas combinações. Fazer descansar mais a bola e trocá-la com aparente menos vontade em progredir e chegar rápido à baliza contrária. Controlar o jogo melhor com bola, em vez de em cada ataque procurar o golo em combinações rápidas. Garantir menos perdas em vez de tentar sempre dizimar o adversário quando tem a bola.

Com muito menos armas que todos os outros, a equipa de Wenger continua a ser uma das que verdadeiramente vale a pena seguir quando se pretende retirar prazer de um jogo.

Na Supertaça, mais uma lição de futebol sobre o Chelsea, depois de o ter feito também na final da Taça. Chelsea de Conte, organizado, mas sempre dependente da qualidade individual de algumas das suas mais valias, para em transição resolver os jogos. Com a partida de Diego Costa que resolvia imensos problemas nas transições e nas bolas que chegavam de forma rápida à frente, e sem Hazard disponível para em condução ligar os momentos pós recuperação, Conte sem as individualidades que lhe resolviam o jogo e que potenciavam o modelo no momento ofensivo…

É muito bom o que Conte retirou do que tinha à sua disposição. Todavia, ninguém retiraria mais do que Arsène, do lote de individualidades do Arsenal. E a categoria com que se apresentam…

 

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

7 Comentários

  1. Vocês não tem visto o Arsenal dos últimos anos de certeza.. chega a ser das equipas mais pragmáticas embora quase nunca funcione. principalmente nos jogos grandes. Quem não se lembra por ex do 2-0 em manchester city num jogo em que saíram umas 3 ou 4x para o contra ataque.
    Esse mito do jogo #bonito# perdura desde a época do Henry mas o chip do Wenger mudou há cerca de 3 ou 4 anos.

  2. Até gosto do Giroud, mas este Lacazette é outra loiça. Que jogador.

    Pode ser que eles dêem um pouco mais de luta este ano.

  3. Concordo que não se pode colocar o Arsenal no mesmo saco que os outros, mas a maioria do pessoal continua a achar que as camisolas ganham jogos.

  4. No ano em que o Leicester foi campeão, Wenger tinha “tudo” para ser campeão… E houve anos em que a diferença do seu plantel para o do Utd não era assim tão grande.

  5. Atenção aos exageros.
    Wenger “amedrontou-se” já há alguns anos. Apanhou forte e feio com uma organização e transição defensiva demasiado pobre para aquela dimensão. Um choque que foi valendo goleadas humilhantes. Tentou “pragmatizar”, mas é-lhe contra-natura. Resultou nalguns jogos mas com mais roleta que autoridade.
    Mais recentemente a defesa a 3. Mas os problemas de treino, de processo não se conseguem esconder. Vão continuar a mutilar. Ter melhores ajudará mas não resolvem. Muito melhor no que propõe e consegue ofensivamente. Claramente incompletos.

  6. parece-me linear a análise sobre a qualidade individual quando este fosso foi muito esbatido nos últimos anos. O Giroud estava um patamar abaixo dos restantes PLC da Liga, apesar bastante inteligente, mas a diferença qualitativa não pode explicar tudo. Principalmente quando TODOS os anos há lesões atrás de lesões e quando há jogos como o do Bayern de Munique onde a atitude da equipa é simplesmente deplorável. No fundo, e apesar de ser uma equipa organizada e a espaços apaixonante, o Arsenal peca muito no momento defensivos (sem falar em tudo quanto é psicologico).

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  1. Jogadores que constroem o modelo. Dificuldades para Conte. – Lateral Esquerdo

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