Depois de épocas sempre triunfantes no Campeonato de Portugal Prio, onde voltou esta temporada, tendo ainda ontem vencido por três a zero na estreia à frente do Gafanha, estreou-se na Segunda Liga, tornando-se o treinador mais jovem de sempre em campeonatos profissionais, o que lhe valeu o epíteto de Nagelsmann português.
Competência e experiência invulgar para os seus trinta e um anos de idade, a única dúvida que se coloca nos dias de hoje, é quando voltará e para ficar nos escalões superiores em Portugal.
Mas como treina e pensa um dos mais promissores em Portugal?
O nosso modelo de jogo foi e é influenciado por várias variáveis. O meu passado como jogador, aquilo que eu mais gosto de ver no jogo, o meu percurso académico e o contributo que todos aqueles que foram meus adjuntos deram durante vários anos. Quem olhar o Gafanha a jogar de certeza que vai identificar comportamentos que já viu no Braganca, no Oliveira do hospital ou até no Tourizense. Há naturalmente várias diferenças porque a ideia de jogo se foi desenvolvendo e os jogadores também não são os mesmos, o que leva a que a interpretação do princípios tenha uma identidade própria. Durante estes anos todos fomos evoluindo a nossa ideia de jogo, de forma a sermos mais competentes em todos os momentos do jogo, vamos criando sempre coisas novas e abandonando outros que não são tão eficazes.
A evolução de um treinador, tão abordada por cá, e sobretudo o como tantas vezes é errado, numa era com tanta informação e onde tudo muda tão rápido, olhar para um modelo de anos transactos para projectar o que poderá acontecer. Os melhores estão em permanente reflexão e evolução. Mesmo após vitórias, há que continuar a perceber, reflexionar e operacionalizar.
Sobre o processo de treino:
O exercício esta para o treinador como a ferramenta para o mecânico, é o nosso instrumento de trabalho, é a manipulação do exercício, na várias dimensões, que nos permite atingir o nosso JOGO. O exercício tem sempre em conta aquilo que é o nosso jogo como dominante e aliada um sub dominante física de acordo com o dia do microciclo. Resumidamente, após analisarmos o todo, partimos em partes, afinamos a partes isoladamente, afinamos as partes inter ligadas, juntamos o todo e voltamos analisar, no fundo aquilo que os mecânicos fazem na afinação de um Fórmula 1.
O número de unidades de treino pode variar mas o procedimento num microciclo durante o campeonato é sempre o mesmo. Temos sempre em conta a análise do último jogo, quem vai ser o nosso próximo adversário e fundamentalmente aquilo que dentro do nosso modelo de jogo ainda está longe de ser o que pretendemos ou que então durante a semana anterior não demos muita atenção e que precisamos de trabalhar.
Sobre o processo de treino, nada melhor que perceber na prática como trabalha a talentosa equipa técnica, liderada por André David, mas da qual faz também parte o “nosso” Bruno Fidalgo! As partes para afinar o todo!
Fica aqui um grande agradecimento pela disponibilidade e ensinamentos, com um desejo de uma época ao nível da competência de toda a estrutura técnica!
O Vasco está na primeira e tem 33 anos 😉