Brasil de Tite, e a modernidade.

Logo nos primeiros jogos da era Tite foi cá destacado o caminho da modernidade na forma como a equipa canarinha defendia. Sectores próximos, coordenação entre sectores e dentro do próprio sector. Movimentos para retirar espaço aos adversários, e trabalho de coberturas. Defensivamente o Brasil pela primeira vez em muitos anos a valer-se também de ideias colectivas e não somente da velocidade e capacidade para reagir dos seus muito valorosos individualmente defesas.

Faltava um jogo inteligente com bola. Faltava crescer no processo ofensivo, onde provavelmente será mais complicado mudar mentalidades. Não apenas de jogadores mas dos próprios treinadores, que porque nasceram no país do futebol, tendem sempre a partir do princípio que pouco haverá para se aprender.

O Brasil de Tite caminha tranquilo para o Mundial, com um registo defensivo como poucas vezes visto antes. Porém, ofensivamente o jogar de Tite não cresceu. O Brasil não joga com superioridades numéricas na zona da bola, concentra demasiados jogadores fora do raio de intervenção, não utiliza os seus defesas para construir. Não atraem, e obrigam médios e laterais a baixar e vir receber para construir, causando desde logo uma inferioridade numérica gritante na frente.

Se com Coutinho, Neymar, Gabriel Jesus, William e tantos outros jogadores de nível mundial, mesmo em inferioridade, qualquer coisa poderá sempre acontecer, a verdade é que quando chegar à grande competição, dificilmente o sucesso chegará somente com ideias defensivas, esperando o recorte individual ofensivo. Embora, se tal acontecesse, não seria novidade. Vide último Europeu…

A questão é que com tamanha qualidade, pode dar muito mais a equipa canarinha nos seus momentos com bola.

A modernidade não é somente o crescimento do jogo defensivo. Foi importante o reconhecimento de novas metodologias defensivas, no país do futebol. Mas, há mais… e o talento individual brasileiro tem de continuar a crescer para um jogo novo.

Com bola, a selecção brasileira parte o seu bloco em dois. Porque os centrais não participam que não seja tocar ao lado, sem progressão, baixa muitos elementos, e fica com uma superioridade muito grande na zona de construção, que depois compromete a qualidade nas zonas de criação, onde sobram sempre poucos elementos, que são obrigados a individualmente procurarem resolver problemas.

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Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

7 Comentários

  1. Boas,

    Não será por colocar tanta gente a construir que sofrem tão poucos golos?

    Aí, se calhar, não estamos a falar de coordenação defensiva, mas antes de muitas pernas assim que perdem a bola.

    Uma pena o Brasil, tanta mas tanta qualidade individual.

    Deviam ter aceite o Guardiola 😉

    Um abraço,

  2. Muito boa a análise, Paolo. A dificuldade na circulação da bola em zona de criação passou exatamente pelo explicado no post. A entrada do Coutinho no segundo tempo colocou, ao menos, um jogador com características mais ofensivas em campo, o que não mudou muito o cenário, acabando por utilizar uma vez mais somente a individualidade do jogador. Um grande abraço.
    Ps: Sobre os treinadores brasileiros a realidade está a mudar pouco a pouco.
    Há muito o que aprender!

  3. Pedro. como faço para obter o teu livro? è para presentear o Tite.

    Falando serio, não sei como posso obter o livro estando no Brasil.

    Abraço

  4. Olá bom dia, como faço pra ver novamente este vídeo Brasil de Tite, e a modernidade, gostaria muito de poder assistir novamente.
    Grato pela atenção

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