Um passeio no parque em Paris

Antes do início da competição milionária, o Jornal Record recolheu alguns prognósticos sobre a Liga dos Campeões, nomeadamente sobre quem venceria a prova, e qual seria o jogador revelação.

A minha aposta recaiu no Paris SG e em Rabiot.

Vencer a Liga dos Campeões é algo só ao alcance de uma equipa tremenda, mas depende não somente da sua própria qualidade, como de detalhes decisivos nos jogos mais importantes. É portanto imprevisível e não se consegue antecipar um possível vencedor sem um risco imenso de se errar, até porque o sistema por eliminatórias beneficia muitas vezes quem se prepara melhor estrategicamente, e não quem é de facto a melhor equipa na regularidade.

Ainda assim, decorridos três meses de temporada, a equipa de Paris tem provado todo o seu potencial, e apresenta para já a par do Manchester City o melhor futebol da presente época. A equipa de Unai Emery é hoje a melhor do mundo do ponto de vista ofensivo, porque a que apresenta competência mais elevada no somatório dos seus métodos ofensivos. Entre o somatório da sua qualidade em ataque posicional, e em saídas rápidas para contra ataque ou ataque rápido, ninguém é tão capaz como a equipa parisiense.

É a equipa mais rápida do mundo, e é a equipa mais lenta do mundo.

A forma como combina um jogo aparentemente lento e a decisão no timing ideal pela vantagem numérica e espacial, para acelerar, mais do que dizimado todos os adversários, tem criado a sensação de que os jogos para o Paris SG têm sido autênticos passeios, de dificuldade nula.

O controlo do ritmo do jogo é a marca mais acentuada de um jogar apaixonante. Rabiot, Verrati, Motta, Pastore, Lo Celso, Draxler são os mestres do tempo, que permitem a Mbappé, Neymar e Cavani destruírem a oposição, pela qualidade de bolas que recebem, e nas situações em que as recebem! No tempo e espaço oportuno.

Rabiot aos vinte e dois anos, não é mais uma promessa ou candidato a revelação. É uma certeza. Há pouquíssimos jogadores no futebol mundial capazes de dominar todo um jogo como o elegante médio francês. Numa era em que tantos valorizam a correria e velocidade a cada instante, Rabiot pela inteligência, qualidade técnica e criatividade é um dos jogadores mais especiais do futebol mundial. Um regalo perceber-lhe as decisões. Rabio é um digno sucessor de Toni Kroos.

Vale a pena ver os maestros de Paris:

 

Sobre Paolo Maldini 3828 artigos
Pedro Bouças - Licenciado em Educação Física e Desporto, Criador do "Lateral Esquerdo", tendo sido como Treinador Principal, Campeão Nacional Português (2x), vencedor da Taça de Portugal (2x), e da Supertaça de Futebol Feminino, bem como participado em 2 edições da Liga dos Campeões em três anos de futebol feminino. Treinador vencedor do Galardão de Mérito José Maria Pedroto - Treinador do ano para a ANTF (Associação Nacional de Treinadores de Futebol), e nomeado para as Quinas de Ouro (Prémio da Federação Portuguesa de Futebol), como melhor Treinador português no Futebol Feminino. Experiência como Professor de Futebol no Estádio Universitário de Lisboa, palestrante em diversas Universidades de Desporto, Cursos de Treinador e entidades creditadas pelo Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ). Autor do livro "Construir uma Equipa Campeã", e Co-autor do livro "O Efeito Lage", ambos da Editora PrimeBooks Analista de futebol no Canal 11 e no Jornal Record.

4 Comentários

  1. Quem são os tolinhos de branco? Parecia que andavam aos gambuzinos.
    Porque não esperam por eles lá atrás?
    Pela amostra, deve ter acabado 10 a 0.

  2. Já tive aqui oportunidade de comentar neste sentido. Rabiot é o médio que mais me encanta actualmente. Manancial. De soluções para todas as situações, controlo de bola e do jogo em todos os momentos. Vai marcar uma época é um estilo como Xavi ou Iniesta. A par de De Bruyne são os médios mais influentes das grandes equipas actuais. Continuação de excelente trabalho!

  3. Quando vierem adversários a sério, quero ver.
    Qualidade individual soberba, mas há Emery. Com melhor processo em transição ofensiva. Não tem, por natureza, soluções coletivas para elaborar em posse, em organização ofensiva, em espaços curtos. Tem estes jogadores fabulosos que ajudarão. Mas no fim, pode mesmo ser ele o factor decisivo para não ganhar a Champions. Quando nos detalhes dos grandes jogos precisarem de treinador, quero ver.
    Duvido que o que promova coletivamente vá chegar.

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