Trabajamos mucho los contragolpes porque es una buena arma que manejamos. Pero también sabemos que debemos jugar con calma. Trabajo mucho, procuro estar siempre concentrado y bien posicionado defensivamente para salir bien hacia el ataque, es la clave.
Gonçalo Guedes
Quantas vezes não ouvimos alguém referir que se fosse treinador atacaria como Guardiola ou Tuchel, e defenderia como Sarri ou Jorge Jesus?
O importante a perceber é que tal é completamente inviável. Ao contrário de outras modalidades ou não invasivas, ou cujo campo é mais reduzido, a ideia de defender está sempre relacionada com a de atacar. Para defender como Sarri há que atacar como o treinador italiano, porque a cada transição defensiva ou ofensiva, o posicionamento adoptado em organização é o que determina a forma mais eficiente de posteriormente defender ou atacar.
Nos dias de hoje, demasiadas decisões sobre como defender envolvem o como queremos atacar, e vice-versa.
Por exemplo:
Defender da forma mais segura, maximizando as probabilidades de não se sofrer golo, implica sempre manter extremos a defender zona e a fechar espaços centrais. Implica tomar poucos riscos em situações cuja recuperação da bola não é garantida, por forma a não desequilibrar defensivamente a equipa. Contudo, estar mais próximo de ter sucesso ofensivo pós momento de organização defensiva, implica ter os extremos mais profundos e menos ligados zonalmente à linha média. Deixar os extremos marcarem individualmente os laterais, aumenta dificuldades defensivas porque há sempre um espaço que não é coberto, se o adversário for inteligente, e mantiver os seus laterais baixos, mas permite também ser mais perigoso no pós recuperação da bola.
Imagine que treina o FC Porto e defronta uma das equipas portuguesas da metade de baixo da tabela. Faz sentido ter Brahimi sempre baixo, relacionando-se com a linha média para defender melhor? Ou daria liberdade para marcar unicamente o seu lateral, esperando que os colegas resolvam defensivamente, para posteriormente ter o argelino a fazer a diferença ofensivamente? É certo que uma das opções é melhor do ponto de vista defensivo, e outra melhor do ponto de vista ofensivo, mesmo que estejamos no momento sem bola.
O jogo é demasiado complexo para pensamentos tão simples como o “assim está certo” / “assim está errado”, isolando a decisão do contexto específico de cada opção, ou de cada lance.
O caso do Porto é interessante, mas há três clubes a quem é pedido isso.
Agora como são os comportamentos dos clubes intermédios (p.ex. Marítimo, Rio Ave e Belenenses) ou os de fundo da tabela (p. ex. Feirense, Chaves, Setúbal)?
Imagino que estes clubes estejam um pouco mais sujeitos a variações tácticas, consoante o adversário ou a premência de pontos. Ou será que são orientados por treinadores que preferem morrer com as suas ideias?
Ou, pegando na imagem, o que está a correr mal a Carvalhal este ano? É só a concorrência que é mais forte? O Sheffield United é assim tão melhor em teoria que justifique a campanha extraordinária que está a fazer? O que diferencia o NES do Wolves do NES do ano passado, que tão rasgado foi? Mudou ou o que não funcionava na Primeira Liga em PT é exactamente o que o Championship pede?
Uff…